Lição de Amor romance Capítulo 29

Raoul recriminou-se incansavelmente durante horas após a saída de Vania de seu escritório. Ela havia saído sem dizer nada, apenas tinha o olhado com raiva e saído. Ele teve certeza que em poucos minutos todos saberiam de seu casamento. Saiu da seguradora tarde da noite, pois a ultima coisa que pretendia ver era o semblante de Emma.

O seu apartamento encontrava-se no mais absoluto silencio assim que Raoul abriu a porta. As janelas encontravam-se fechadas e tudo estava envolto na escuridão. Ele caminhou ate o seu quarto, mas ao passar pela porta de Emma viu as luzes acesas pela fresta da porta. Parou em frente, segurou na maçaneta, mas hesitou. Ele não sabia o que falar e nem o motivo de querer se explicar para ela.

–Só posso estar ficando louco e velho. Tenho que deixá-la casada comigo por um ano, apenas isso – murmurou para si mesmo ao ir em direção ao seu quarto em silencio.

Emma escutou passos em frente ao seu quarto e viu o vulto de Raoul parado em sua porta. Os instante que se seguiram foram de apreensão. Olhou para a mala em cima da cama repleta de roupas e suspirou. Ela havia desistido de tentar se dar bem com ele, ela estava decidida a ir embora da vida de Raoul.

–Amanhã eu irei embora – falou com firmeza ao fechar a mala e colocá-la no chão.

***

–Então Raoul estava beijando outra mulher quando levou Emma – Enrico disse pensativo ao escutar as palavras de Enzo, o qual mordia a maçã com força ao se lembrar de Raoul.

–Isso mesmo.

–Não acha que esta bravo demais? – Enrico indagou ao estudar o seu primo com curiosidade. Em tantos anos juntos nunca o havia visto com raiva por algo que Raoul havia feito.

–É claro que não. Enrico o que esta acontecendo com você? – Enzo perguntou ultrajado levantando-se do sofá de sua casa – Raoul deveria estar se aproximando de Emma e não ficando com outras mulheres.

–Sabe.. Acho que o único que deveria tomar cuidado aqui é você – Enrico disse misterioso ao se espreguiçar e levantar-se do sofá. Sorrindo foi para o quarto de hospedes – Tenho certeza que isso não acabará bem – disse a si mesmo ao deitar-se na cama.

Enzo continuou remoendo a sua magoa contra Raoul sem dar-se conta do motivo de estar se sentindo daquela forma.

***

Raoul estancou ao ver uma mala em frente a porta assim que se arrumava para sair de casa. Ele olhou para Emma, a qual estava sentada tomando café e com perplexidade retirou a gravata e seu paletó.

–O que isso significa? – indagou sério ao olhar para ela – está dizendo que vai embora?

Emma abaixou a cabeça envergonhada e após respirar fundo o encarou. Viu ressentimento em seus olhos.

–Sim, sinto que estou atrapalhando a sua vida de alguma forma. Vou embora, mas daqui há um ano entrarei com o pedido do divorcio. Não precisa se preocupar – o assegurou tentando sorrir, sem sucesso.

–E para onde vai, porque ate onde eu me lembro não tens ninguém a quem recorrer – sua voz saiu mais fria do que pretendia, o que o fez suspirar pesadamente – se é sobre ontem...

–Não é por isso – mentiu, o interrompendo – apenas acho que já fiquei tempo demais com o senhor.

–Senhor? – repetiu confuso.

–Estou levando algumas coisas, mas passo depois para buscar o restante, se não for incomodo – levantou-se da mesa e ao passar por ele, sentiu o seu braço sendo puxado.

–Acha que pode sair assim? – apertou o braço dela com força, trazendo-a para perto de si – entendo que é uma criança e não pense direito em suas ações, mas não acha que esta exagerando em sua burrice? És menor de idade e eu sou o seu marido, e tutor legal. Pela lei, deve fazer o que eu digo e não me lembro de ter a mandado embora daqui.

–Esta me machucando – murmurou hipnotizada pelo seu olhar.

–Irei soltá-la, mas não vai sair daqui, me entendeu? – ao vê-la assentir temerosa, a libertou – irei lhe levar para o colégio. Se arrume.

Emma ficou parada o encarando. Sua cabeça encontrava-se repleta de questionamentos. Não conseguia entender o motivo dele a querer tanto ao seu lado, apesar de demonstrar o inverso.

–Raoul.. Porque não quer me deixar ir embora? – perguntou corajosamente – o que tanto deseja de mim?

O sorriso no rosto de Raoul fez com que Emma temesse pela resposta.

–Nada, de você eu não quero nada. Fique tranquila – disse sorrindo levemente. – o que desejo, não é você que poderá me dar, mas posso dizer que, inevitavelmente, és um meio para eu conseguir.

–O que quer dizer com isso?

–Nada que lhe interesse. Apenas se apresse porque não posso me atrasar. – ao vê-la ainda parada olhando para ele, Raoul a olhou seriamente - Não vai, Emma?

Ao escutar o seu nome dos lábios de Raoul, sentiu um calor tomar conta de seu corpo. O olhou demoradamente, meneando a cabeça em seguida.

–Eu preciso sair daqui – sussurrou para si mesma ao entrar no quarto para pegar a sua mochila.

***

Raoul afundou-se no trabalho assim que chegou a seguradora. O semblante de Emma não saia de sua mente, o que deixava nervoso e desconcentrado. Já estava desistindo de trabalhar quando escutou a voz de Enzo.

–Vejo que não ficou a marca – Enzo disse entrando na sala de Raoul com o semblante sério.

–Dificilmente ficaria. Você não é tão forte quanto antes – o provocou sem o encarar.

–Cretino como sempre – murmurou ao se sentar em frente a Raoul – e Emma?

–Está no colégio, por quê?

–Curiosidade. Ela não disse nada sobre ontem?

–E porque falaria? Apenas vivemos juntos.

Raoul levantou-se, respirando fundo para se controlar. Antes que pudesse dizer algo, a secretária de Raoul entrou na sala sem bater.

–O que houve? Espero que tenha sido alguma emergência.

–Sim é – ela disse – Os investidores estão aqui fora exigindo falar com o senhor – sua voz ressaltava todo o seu nervosismo. – o que devo dizer?

–Apenas mande-os entrar – Raoul disse sério. Ele já imaginava sobre o que séria – Enzo, peço que chame o Lemos e mande-o vir para cá o mais rápido possível.

–O advogado? Por quê?

–Apenas mande-o vir para cá, pois imagino que uma longa batalha irá começar – comentou sorrindo levemente ao ver os, cinco, homens entrarem em sua sala com o semblante fechado.

Enzo olhou para tudo com desconfiança, mas saiu a procura de Lemos, ele ainda não havia percebido o quanto as suas brincadeiras poderiam influenciar na vida das pessoas.

–É uma surpresa vê-los aqui – Raoul comentou indicando o sofá para que eles se sentassem – e a que devo esta visita?

–Já soubemos de seu casamento – cuspiu a ultima palavra com repugnância – viemos retirar o nosso investimento da seguradora.

–E acham que será tão simples assim? – perguntou calmamente.

–É o nosso dinheiro.

–E esta é a minha vida pessoal – rebateu sorrindo – não lembro de ter uma clausula no contrato dizendo que eu deveria informar a minha vida a vocês e muito menos que deveriam permitir meu casamento. Interessante.

–Senhor Belinni, não estamos brincando – o homem mais sério disse – não concordamos com seu casamento, mas é sua vida, entretanto tememos que isto influencie nas ações. Quando esta noticia vazar poderá perder tudo.

–Isso é ridículo.

–Ela ainda é uma colegial pelo que eu soube.

–Realmente ela é, entretanto não estou casado ilegalmente com ela, muito pelo contrario. Tenho a permissão dos pais dela, assinada e autenticada em cartório.

–Mais ainda assim...

–Se quiserem retirar, vão em frente sabendo que vão pagar uma multa por quebra de contrato e eu ainda irei processá-los, é claro, afinal estou me sentindo denegrido moralmente pelo preconceito dos senhores.

–Nos processar? Não pode fazer isso.

–Na realidade, ele pode – um homem com o semblante cansado disso ao entrar na sala de Raoul – tanto ele quanto a empresa irão processá-los se revolverem quebrar o contrato levando-se em conta a vida pessoal do presidente da seguradora.

–Isto é ridículo – o outro homem resmungou, mas ao perceber a derrota no rosto dos outros investidores se calou.

–Fico feliz de termos tido esta conversa – Raoul falou sorrindo – peço que se retirem, pois tenho muitas coisas a fazer.

Os investidores se entreolharam e não virão outra saída que não fossem dar-se por vencido.

–Parece que a sua vida anda mais emocionante do que eu me recordava –Lemos comentou ao se ver sozinho na sala com Raoul. – Como descobriram?

–Não há nada pior do que uma mulher com o orgulho ferido – suspirou preocupado – o que acha que devo fazer nesta situação?

–Apenas diga a verdade. Casou-se dentro da lei, não há nada que possam fazer para prejudicá-lo, apenas que Emma diga que foi forçado.

–Entendi – murmurou antes de discar para a sua secretaria – Cancele os meus compromissos da tarde – desligou e olhou para Lemos – preciso que faça dois documentos: um para que Emma me passe tudo que é seu e o outro dizendo que ela concorda com este casamento.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Lição de Amor