Emma sorriu timidamente para a mulher a sua frente. Ela encontrava-se em pé, no meio de um apartamento em uma rua da Itália. Aquele era o quarto apartamento em que visitava em menos de duas horas. Ela já estava ficando desesperada, pois todos que havia gostado eram muito caros. Caminhou pelo, pequeno, apartamento entrando no quarto, abriu as torneiras, o chuveiro e ao final de sua, breve, inspeção sorriu.
–Ele me parece ótimo.
–E é – a mulher assentiu sorridente – a vista dele não é uma das melhores, mas a vizinhança é muito amigável.
–O preço também é muito considerável – foi ate a janela e sorriu ao ver as diversas casas – isso me parece uma pintura. Vou ficar com ele.
–Isso é maravilhoso. Quando seus pais poderão assinar os documentos? Que tal amanha em meu escritório, o que acha?
–Quem irá alugar sou eu – a corrigiu sorrindo.
–És muito jovem.
–Um pouco, mas não se preocupe. Tenho dinheiro e permissão legal para isso.
–Precisará que alguém maior de idade se responsabilize – falou após pensar um pouco.
–Acho que tenho uma pessoa. Passarei então amanhã em seu escritório, tudo bem?
–Quando pretende se mudar? – perguntou após assentir.
–O mais rápido possível, provavelmente já amanhã.
–Entendo... – murmurou intrigada. Emma a ignorou e continuou a olhar pela janela apreciando a suave brisa. “Não precisarei mais temer as reações do meu corpo e nem vê-lo todos os dias, mas isso é a pior parte. Nunca mais vê-lo”.
***
Emma acenou para Enzo assim que ele saiu do carro. Ela havia ligado para ele logo que saiu do prédio e marcado de se encontrar com ele em um parque próximo do colégio dela. O mesmo parque em que ele havia a visto pela primeira vez.
–Fiquei surpreso quando me ligou. Como está? – perguntou ao abraçá-la afetuosamente e beijá-la no rosto.
–Me perdoe por chamá-lo. Ainda não lhe agradeci apropriadamente pela banda. Não consigo acreditar ainda que teremos o zero assoluto tocando na nossa formatura de primeiro ano. Você foi incrível.
–Isso não foi nada. O agente deles me devia um favor – mentiu. Por mais que quisesse fazê-la se apaixonar por ele, sabia que deveria ir com cuidado. A verdade é que ele havia pagado para que eles tocassem na festa.
–Obrigada de verdade, mas... eu te chamei porque preciso de um favor...
–Favor?
–Sim..
–O que seria?
–Preciso que se responsabilize por mim. – sorriu diante do olhar assustado dele, prosseguindo – eu.. quero me mudar do apartamento de Raoul.
–Se mudar? Mas o que houve? Ele lhe fez alguma coisa?
–N... Não – “Porque temo o que pode acontecer se continuar com ele” – Meus pais faleceram há pouco tempo... logo em seguida descobrir estar casada e fui forçada a morar com ele, já que não tinha ninguém para cuidar de mim ou onde ficar. Trabalhei esse tempo todo e guardei o meu dinheiro pra isso. Para ter um lugar meu. Não posso ficar dependendo dele, quero dizer... Apesar de estarmos casados não temos nada. Somos.. dois desconhecidos – percebeu tristemente – só queria.. começar de novo.
Enzo a observou atentamente. Passou pela sua mente lhe chamar para ficar em sua casa, mas sabia que ela iria recusar. Percebeu que ela desejava algo que ele nunca quis... Liberdade. Independência.
–Eu lhe ajudo. Quando precisara de mim?
–Está falando sério? – indagou com os olhos esperançosos e brilhantes.
–Muito. Imagino que morar com Raoul não seja muito agradável. Desde pequeno, ele sempre foi ranzinza, fechado e mal humorado. Com o passar do tempo apenas piorou.
–Mas ele não é de todo o mal – sorriu levemente ao lembrar-se dos momentos gentis dele para com ela – acho que... ele deseja alguém que o entenda do jeito que és.
“Será que.. Ela se apaixonou por ele?”Enzo perguntou-se. A olhou a espera de uma resposta e suspirou frustrado ao perceber que não a teria, pelo menos não aquele instante.
–Pode ter razão – sorriu – mas que horas devo encontrá-la?
–Você é um anjo, Enzo... – emocionada, avançou sobre ele, abraçando-o fortemente. Sentiu os braços do primo de seu marido envolta de sua cintura, apertando-a docemente. Ela fechou os olhos e apreciou o aroma que emanava dele. – “Tão diferente de Raoul....”
“Poderia continuar assim por toda a minha vida” Enzo pensou contente.
***
Caroline abraçou a amiga ao escutar as boas novas. Apesar de ter faltado a aula aquele dia, optou por encontrar com sua amiga na saída do colégio para poderem conversarem um pouco. Elas encontravam-se sentadas em uma sorveteria próxima do colégio.
–Estou tão.. emocionada por você – Caroline disse abraçando-a novamente – esta crescendo tão rápido...
–Não exagere – sorriu levemente – estou apenas fazendo o que é certo.
–Certo para quem? Raoul já sabe?
–Ainda não – negou ao menear a cabeça.
–Quando contará?
–Não contarei – falou surpreendendo Caroline – vou deixar um bilhete explicando os motivos e informando que irei assinar o divorcio daqui a um ano.
–Não imaginava que fosse tão fria.
–Não sou fria.. apenas.. – “Tenho medo de não conseguir deixar aquele apartamento se vê-lo”
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