O corpo de Emma tremia. Ela estava sentada no chão no meio da sala de seu apartamento. A tristeza ainda envolvia o seu coração de forma brutal, enquanto as lagrimas caiam constantemente pelo seu rosto. Por mais que tentasse esquecer das palavras e dos olhares não conseguia. Apesar de Rupert ter contado, ela culpava a Raoul por tudo que passava.
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Enzo sorriu ao segurar as sacolas e subir as escadas do prédio. Havia saído mais cedo da seguradora e passado em um supermercado. Ele desejava surpreender Emma cozinhando para ela. Caminhou pelo corredor do terceiro andar e ao bater na porta de um dos apartamentos, esperou ansioso. O sorriso em seu rosto se desfez assim que a porta se abriu. Emma estava com os olhos avermelhados e o semblante entristecido.
–O que houve? – perguntou preocupado. Ela nada disse, apenas se agarrou a ele. O abraçou sem importar-se com nada. Ficou chorando em seu tórax por alguns segundos ate entrarem.
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–Agora que está mais calma.. conte-me o que houve – Enzo pediu ao se sentar ao lado dela no sofá. As compras que ele levara foram deixadas de lado, naquele momento o que importava para ele eram as lagrimas dela que teimavam em cair.
–Todos.. todos sabem que estamos casados – disse entristecida ao lembrar-se das palavras ditas – o garoto por quem era apaixonada.. contou a todos que eu era casada.
–Como ele descobriu?
–Raoul... – um sorriso frio e triste brotou em seus lábios ao contar. A cada palavra dita via a expressão de Enzo alterar-se. Ele não conseguia mais se controlar. O seu desejo era de poder acabar com todas as dores no coração dela. – eu... Não sei o que fazer...
–Não precisa fazer nada – declarou convicto ao segurar a sua face delicadamente – eu cuidarei de você a partir de agora.
–Enzo...
–Estarei ao seu lado. Eu te apoiarei, fique tranquila – ao dizer isto aproximou o seu rosto do dela e a beijou. Um beijo terno e fraternal em sua testa.
Emma fechou os olhos sentindo os lábios quentes e gentis de Enzo em sua testa e agradeceu aos céus pela sorte que estava tendo em tê-lo ao seu lado.
“Porque o Raoul não pode ser assim?” questionou-se, mas logo percebeu algo “Como posso continuar a pensar nele depois de tudo? Será que sou tão burra assim?”.
–Vamos melhorar o seu humor, está bem? – Enzo disse sorrindo ao se levantar – estava pensando e acho que isso será o melhor para hoje. Pegue algumas roupas suas e vamos sair.
–Como?
–Virá ficar em minha casa pelo menos esta noite. Não posso deixá-la sozinha aqui. Não do jeito que está. Eu tenho quartos extras e tenho certeza que irá se divertir muito comigo e Enrico.
–Mas... não quero incomodar e ficarei bem.
–Eu acredito em você – a encarou seriamente – mas eu lhe prometi que iria lhe proteger e cuidar de ti. É isso que estou tentando fazer, apenas isso.
Emma sorriu levemente ao limpar o seu rosto com o dorso das mãos e assentiu. Foi em direção ao seu quarto, pegou uma mochila, colocou algumas peças de roupa e logo caminhava em direção ao carro de Enzo.
–Esqueci de perguntar, o que trouxe? – indagou ao olhar para o banco traseiro as sacolas plásticas.
–Alguns ingredientes. Eu irei cozinhar para você hoje, sinta-se honrada, pois a única pessoa que já provou de meus dotes foi minha mãe. Há muito tempo atrás.
–Eu já me sinto honrada de te ter ao meu lado, Enzo – confessou sem jeito ao olhar para a janela sem perceber o olhar de surpresa dele.
“Nunca vou parar de me impressionar com ela” Enzo pensou sorridente.
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Raoul passou a mão pelos seus cabelos de forma nervosa. Ele não desejava confrontar o seu tio naquele momento, mas percebeu ser inevitável quando o viu entrar pela porta de sua sala sem ser anunciado. O sorriso em sua face denunciava sua mais recente armação.
–Isso deve ser algum mal habito de família – Raoul disse sério ao levantar-se – o que faz aqui? Espero que isso não se torne um habito, pois esta empresa é minha. É bom se lembrar disso.
–Meu querido sobrinho é sempre bom vir lhe convidar para reuniões familiares – sorriu ao estender um pequeno envelope na cor azul – como já deve saber é imprescindível sua presença.
–Muito bem, eu irei – pegou o envelope jogando-o em sua mesa – se foi apenas isso... peço que se retire, pois estou ocupado.
–Ah, não esqueça se levar sua, jovem, esposa. Terá muitas crianças, ela não ficará deslocada – ironizou antes de dar as costas – recomendo que aproveite esta sala e este status porque daqui a pouco será meu.
–Sonhe.. continue sonhando, meu caro tio – sentou-se novamente assim que Giovanni saiu de sua sala, mas sua atenção não voltou-se para os papeis em sua frente e sim para a imagem de Emma que não lhe saia da cabeça. – Droga – resmungou ao olhar para o relógio em seu pulso. Levantou-se e ao passar pela sua secretaria lhe disse – cancele minhas reuniões e compromissos de hoje. Voltarei amanhã cedo.
Um carro esportivo já familiar para os estudantes, estacionou em frente ao colégio. Raoul desceu sério e à medida que os estudantes saiam ele buscava alguém entre todos os alunos. Ficou parado durante longos minutos ate retirar o celular de seu bolso e discar para um numero já familiar para ele. O celular tocou, suspirou após desligar frustrado.
–Onde ela se meteu? – se perguntou.
–Então é ele? – uma voz feminina disse logo atrás de Raoul, o fazendo virar-se – devo admitir que ela se casou com um belo homem. Uma pena ele ser tão velho.
–Concordo – a outra garota respondeu após sorrir e afastar-se.
Raoul olhou em volta percebendo pela primeira vez os olhares, não demorando para perceber o que havia acontecido. Entrou rapidamente no carro, deu a partida e seguiu para o centro da cidade.
***
Emma semicerrou os olhos ao ver Enzo se aproximando com um olhar estranho. Ela se afastou o máximo que conseguiu, mas foi inevitável. Ele a alcançou e sorrindo melou o seu rosto com as mãos sujas de farinha de trigo. Um gritou ecoou pelo apartamento trazendo uma gargalhada do homem.
–Enzo.. Isso é maldade – reclamou ao tentar limpar o rosto após ele se afastar.
–A única que começou isso foi você – sorriu ao voltar a sua posição inicial, a de polvilhar a assadeira. Assim que chegaram ao apartamento, ele a colocou as coisas dela em seu quarto e não demoraram para começarem a cozinhar o prato preferido dele: lasanha.
–Como é injusto. Eu so te sujei um pouquinho no rosto – disse angelicalmente ao vê-lo trabalhar.
–Um pouco? – a olhou cético – meu rosto esta metade a La manteiga e a outra a La farinha.
Emma fingiu estar pensativa enquanto o olhava e não conseguiu segurar o riso. Ele estava certo, concluiu por fim. Ela havia o sujado no rosto duas vezes e ele apenas revidara.
–Talvez.. eu não tenha sido muito bondoso.
–Enfim a verdade – gracejou. A olhou demoradamente e sorriu – é bom vê-la assim.
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