Rupert sorriu para os garotos a sua frente com um semblante misterioso. Entregou o dinheiro a eles e saiu assobiando alegremente. Ele tinha certeza que o seu plano daria certo e com isso vingaria o seu orgulho ferido.
***
O coração de Emma batia descompassado em seu peito. Por mais que não quisesse admitir ou apenas não confessar para as pessoas, ela estava feliz em ter voltado para Raoul. Ainda sentia os seus toques em sua pele, ainda via calor em seus olhos nos seus sonhos e isso lhe dava forças para continuar. Entrou na sala de aula com um largo sorriso na face e ao ver Caroline, acenou para ela contente.
–Vejo que tudo ocorreu bem – Caroline disse sorrindo assim que Emma se aproximou dela.
–Mais ou menos, mas esta melhorando.
–Emma.. viu como Rupert anda te olhando? – indagou ao olhar discretamente para trás – há alguns dias que eu venho percebendo isso. Ele esta diferente.
–Diferente como?
–Diferente.. está estranho. Não sei por que, mas acho melhor ir falar com ele. Exponha seus sentimentos. Ainda não fez isso, não foi?
–Não – respondeu envergonha. “Como pude ser tão cruel com meu primeiro amor? Como pude deixá-lo de lado?” se perguntou em pensamento ao olhar para onde ele estava sentado. Estranhou o sorriso em seu rosto, mas antes que pudesse ir ate ele o professor entrou na sala, forçando-a a se sentar. As aulas se arrastaram até a hora do intervalo. Viu os alunos aglomerando-se para ir embora e logo Rupert passou por ela. – RUPERT- gritou o seu nome tentando ignorar os olhares que lhe lançavam. Resmungou algo ao vê-lo seguir em frente sem ao menos olhar para ela. Levantou-se, correu a passos largos ate alcançá-lo – Não vai falar comigo? – perguntou ao segurar em seu braço, forçando-o a parar.
–O que quer agora? Veio me diz que está indo viajar em lua de mel?
–Rupert... eu sinto muito. Eu errei com você, não foi?
–Emma.. do que está falando?
–Eu te enganei e sinto muito, de verdade, por isso. – sorriu tristemente ao olhar para ele – a verdade é que você foi o meu único alento durante muito tempo. Sempre fui apaixonada por você desde a primeira vez em que lhe vi. Lembro-me como se fosse hoje.. estava andando distraída quando esbarrei em você e deixei meus livros caírem. Meus olhos se encontraram com os seus durante alguns segundos, mas isso foi o necessário para te amar. Eu te via como um garoto ruivo, carismático, popular e gentil. Por favor, não me faça esquecer esse seu lado. – pediu o encarando – eu me casei sem saber. É uma longa historia, mas.. realmente te amava. Só lhe peço para que continue o mesmo garoto gentil por quem me apaixonei.
Rupert a fitou sem reação. Nem em seus olhos imaginava escutar aquelas palavras vindo dela.
–Provavelmente deve me odiar por não ter contado, e novamente não o culpo. Não contei por medo e vejo que foi a pior decisão tomada. Por favor, não me odeie porque ainda te vejo como meu primeiro amor e isso... eu não quero perder. – sorriu levemente ao olhar em seus olhos – me desculpe por ter tomado o seu tempo – virou-se de costas retornando para a sala de aula.
Rupert a fitou ate vê-la desaparecer. As palavras dela haviam o tocado de uma forma que ela não fazia ideia. Ele ficou pensativo durante alguns instantes ate pegar o seu aparelho celular. Discou para um numero, o qual não o atendeu.
–Será tarde demais? – indagou-se com o semblante preocupado.
***
A seguradora Fecilitá encontrava-se em um clima de tranquilidade pela primeira vez aquela semana. O presidente demonstrava bom humor e paciência com todos, o que era raridade. Raoul caminhava pelo corredor com o semblante sério, mas ao parar em frente a sala da diretoria de Marketing suspirou. Abriu a porta e observou o seu primo, o qual olhava algo com interesse na internet.
–Trabalhando pela primeira vez em sua vida? Fico surpreso em ver isso – Raoul falou sério.
–Vejo que as coisas se inverteram, pois antigamente quem ia sua sala era eu. Agora... não perde a oportunidade para vir ate mim. – gracejou.
–Eu gostaria de não ter vindo, mas os seus balancetes e relatórios não me permitiram tão regalia – depositou um envelope em cima da mesa – pontuei as falhas e espero que me mande tudo corrigido ainda hoje.
–Isso é ditadura, sabia?
–Ditadura é ter que corrigir os seus erros – resmungou fazendo uma careta – vou esperar pelas correções.
–Raoul...
–O que foi?
–Não vai desistir dessa loucura, não é? Não vai desistir de a usar para ficar com a empresa, certo?
–Você desistiria de algo pelo que tem esperado a vida toda? Em todos esses anos nunca lhe vi desistir de nada por ninguém. Nem a sua paixão foi fotografia foi deixada de lado quando nossa avó se impôs.
–Isso não é verdade.
–Não? Fugiu varias vezes da empresa para tirar fotos. Não leva nada a serio que não seja suas fotografias.
–Eu deixei de ter minha exposição por causa dela. Isso não é o suficiente?
–Não – tornou sério – poderá ter sua exposição depois basta querer, enquanto eu.. se perder esta empresa perco a minha identidade. Perco a minha essência e viverei como um homem sem alma.
–Esta exagerando.
–Não estou. Emma para mim se assemelha a um bote salva vidas em um trágico acidente de barco. Eu não posso a soltar para não sumir na escuridão das águas.
–A sua desculpa em agarrá-la é salvação e a minha é amor. Qual pesará mais?
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