Meu CEO Mandão romance Capítulo 46

Eu estava confusa. Chase me deixava confusa. Era como se eu me perdesse dentro dele, tentando enxergar alguma coisa numa completa escuridão. Eu sentia a escuridão ao meu redor, quase podia tocá-la, mas preferia achar que encontraria algo ali. Talvez fosse burrice acreditar que Chase poderia me desculpar, mas eu não parava de pensar nessa possibilidade. A noite toda Chase invadia meus pensamentos e tomava meu sustento. Estava a ponto de enlouquecer. Ele garantiu que conversamos, quando disse que precisava pensar. Eu também precisava, mas lembrar dos seus lábios nos meus era uma razão certa pela qual eu me largava, absorta, em Chase. 

Eu estava certa de que, se ele estivesse mesmo apaixonado por mim, poderia me perdoar por ter feito o que fiz com ele, mas acontece que Chase é um cabeça dura. Ele poderia até engolir, mas a indigestão causada por isso poderia ser desastrosa. Pensar em nós juntos era estranho. Eu nunca planejei nada, mas essa bola de neve não foi só por minha causa; achar razões para que eu me afastasse era presunção, e pensar que poderíamos ficar juntos era pretensioso demais. Talvez eu não o merecesse. Talvez eu o magoasse demais, mais do que poderia suportar. Eu não me perdoaria se fizesse isso. 

Afastei os pensamentos da cabeça, forçando-os a se calarem no canto da mente. Consegui dormir por algum tempo antes de o despertador tocar e eu ter que me arrumar para ir ao trabalho. Eu me questionava como conseguiria encarar Chase depois do nosso beijo. Eu não parava de me perguntar se ele queria algo bem específico de mim: sexo. Todos os caras com quem eu saía sempre queriam isso. E, para ser sincera, começamos tudo isso com a droga do sexo — que é maravilhoso, confesso. Tudo parecia simples no início. Nós não nos envolvemos mais do que o necessário, mas isso se tornou insustentável de repente e perdi o controle. 

Eram nove horas quando Chase chegou. Eu saí da minha sala e encostei-me na porta. Chase nem olhou para mim. Ele foi direto para sua mesa, sentou-se e começou a olhar os papéis que deixei mais cedo. Franzi a testa. Tentei segurar a crescente confusão que crescia em mim e voltei a me trancar em minha salinha. 

Frustrada, respirei profundamente, sentindo os ombros enrijecidos subindo e descendo, acompanhando a respiração. Meu peito doía, não podia negar. Chase me causava muitas coisas; mas sem dúvida, aquela sensação de rejeição era a maior e mais forte delas. 

Balancei a cabeça, afastando os pensamentos que ameaçavam me tomar. 

Baixar minha guarda foi um erro. Era isso o que ele queria: uma oportunidade. Eu a dei, ele usufruiu, pensou melhor e decidiu que eu não era o bastante. Nos minutos seguintes de puro e tortuoso silêncio que se sucederam sem interrupção, quis ir até ele e quebrar seu nariz de novo. Meu estômago girava, eu roía as unhas que tinha feito na semana passada e batucava o pé, impacientemente. De repente, ouvi três batidas na porta. 

Eu abri a porta e me deparei com Chase, segurando duas xícaras de café. 

— Quer? — Seus olhos procuraram os meus e ele estendeu a xícara. Lembrei que não tinha tomado café e assenti, sentindo o peito encher com o cheirinho da canela. Um sorriso bobo desenhou meus lábios. — Eu estava um pouco ocupado, mas… — ele me entregou a xícara. Eu o observei. Chase se aproximou, afastou alguns papéis da minha mesa e sentou-se, me encarando com seus olhos azuis. Eu via exigência através deles. — Achei melhor continuar nossa conversa de onde paramos. 

— Vai roubar outro beijo meu? — Tomei um gole do café e ele riu. 

— Não. Mas se quiser, posso resolver isso rapidinho. — Ele piscou e eu soprei a fumaça, fazendo um biquinho. Ele encarou meus lábios. Passei a língua entre eles e notei que seus olhos continuaram ali, cheios do que eu julgava ser desejo. Não, não, mais que desejo. Necessidade. — Eu queria pedir desculpas por ter sido pretensioso. Eu entendo que não tinha o direito de forçá-la a fazer isso. 

Minha testa franziu. Ele percebeu e tentou se corrigir: 

— Quero dizer… eu não pensei antes de… — ele engoliu o nó da garganta e eu deixei o ar sair pela boca. Uma bufada alta e raivosa.  Estreitei os olhos e levantei abruptamente, esquecendo por um instante do café que tinha nas mãos. O líquido caiu no colo de Chase, que pulou para trás. 

— Porra! — Gritou. 

Foi diabolicamente divertido perceber que sentiu dor. 

— Bem feito. — Cruzei os braços e ergui uma sobrancelha. 

— Foi de propósito? — Perguntou, me encarando enquanto segurava o local. — Annelise, você jogou a porra do café de propósito? — Ergui o queixo e passei por ele, calada. Ele pegou meu braço. — Annelise, me responda. — Seus olhos explodiram nos meus, um encontro tão intenso e caloroso, que praguejei por ter sentido algo no peito. — Você jogou o café de propósito? 

— Talvez sim. — Respondi. 

— Vai ver só. — Ameaçou. Sua ameaça perpercorreu meu corpo, como se suas palavras valessem mesmo alguma coisa. 

Ele era confuso. Eu não entendia o que se passava em sua mente, mas com certeza não era nada relacionado à mim. Eu desistia, definitivamente, de pensar que Chase poderia ser humano. Talvez, no fundo, ele fosse mesmo um ogro asqueroso. Respirei fundo, puxei meu braço de volta e Chase se inclinou na minha direção. 

— Você gosta disso, não é? — Perguntou. Eu alisei a saia e fingi não prestar atenção. — Gosta de pensar que eu sou o bruto e maldoso, mas veja só, eu não sou. — Ele me olhou, olhou, e ergueu uma sobrancelha, me desafiando a falar.  

— Isso não é um joguinho, Chase. Você… você é um babaca idiota e convencido — eu disse, virando na sua direção. Apontei o dedo em seu peito e ele abriu um sorriso largo demais para alguém que havia acabado de queimar o saco. — Você acha que todo mundo lhe deve alguma coisa simplesmente por cruzar seu caminho, mas advinha… não é bem assim. Está certo. Você foi pretensioso, muito, aliás, por achar que teríamos alguma coisa. Pessoas do seu tipo — percorri seu corpo com os olhos e levantei novamente o olhar, pousando em sua boca, que fechara o sorriso  —, Sr. Babaca Arrogante, não deveriam andar na mesma rua que pessoas do meu. 

— E que tipo é o seu? — Perguntou. 

— Aparentemente, uma garota qualquer que serve de brinquedo para garotos mimados. — Ele abriu um sorriso ainda maior que outro, o brilho da malícia tilintava em seus dentes. 

— Muito bem — ele disse, a voz mansa, os olhos cravados em mim. Chase me pegou pela cintura, fazendo-me pousar a mão em seu peito, impedindo meu corpo de colar no seu. Mesmo assim, o calor que emanava de si me abraçava como uma onda de duzentos metros. — Pode me dizer — disse, seu rosto próximo do meu. — como eu posso conquistar uma garota como essa? — Algo irrompeu dentro de mim, algo forte e violento, que corria por todo o meu corpo, me fazendo ficar completamente paralisada em seus braços. Chase encostou a cabeça na minha. — Eu ia dizer que queria ir devagar, antes de jogar o café em mim. — Eu tenho certeza de que fiquei completamente vermelha. — Tudo o que eu quero, juro, é rasgar sua roupa e te foder em cima da mesa, mas eu… — encontrei em seus olhos toda a paixão, pulsando, fervendo e borbulhando. Me agarrei a isso, completamente fascinada pelo que me causava. Meu coração acelerou involuntariamente, minha pele aqueceu. — Eu não quero fazer nada errado com você, Annelise, porque eu estou apaixonado. Nada pode mudar isso, mas eu tenho que respeitar o meu próprio tempo, você entende? 

Na verdade, eu não entendia. Ele me fazia subir pelas paredes sem se esforçar muito. Eu permitia que meu corpo cedesse às suas provocações, mas não entendia por que se afastava tanto quando eu lhe causava a mesma coisa. Eu não entendia por que não podia se entregar completamente. 

— Não — eu disse. Ele me encarou, confuso. — Chase exigia muito de mim, talvez mais até do que eu poderia oferecer. — Eu não entendo. — Para entender alguma coisa, precisa-se entender o motivo por trás. 

— Anne — ele disse, a voz dolorosamente baixa. — Eu não posso me entregar a você se não tiver certeza do que sinto. Eu não posso deixar com que eu atrapalhe o que temos. Não posso estragar nada. — Sua voz ganhou um tom firme e calmo. Meus olhos continuavam mergulhados nos seus. — Eu não posso prometer nada a você, e entendo que sinta receio  disso, mas… 

Suas palavras eram vazias. Não importava o quanto dissesse, pareciam vagas e sem sentido. 

— Eu gosto de você. Essa é a única coisa que sei. 

— Não é o bastante. — Eu disse. — Isso foi um erro. O beijo, isso… tudo. — Cobri o rosto com as mãos e senti a mão de Chase no meu ombro. — Eu deveria ter acabado com isso desde o início. Eu… eu… 

— Não, Annelise. — Chase disse. — Não é um erro. É real, mas ainda não estou pronto para isso. Não da forma que você merece. 

— Você não sabe nada sobre mim. — Eu disse. 

— Eu sei. — Ele garantiu. Eu levantei os olhos. — Sei que você sente o mesmo por mim, sei que largaria tudo agora mesmo por mim. 

Eu não tinha certeza se era exagero ou realidade, mas meu coração pulsou em resposta. Chase estava certo. Eu realmente sentia tudo o que ele sentia, mas diferente dele, estava disposta a abrir mão de uma parte de mim e entregar a ele. 

Eu tinha que dizer agora, antes que fosse tarde demais. 

Eu era uma farsa. E Chase descobriria agora. Eu sabia que doeria, mas seria melhor que carregar o peso de uma verdade escondida. Um segredo. 

— Chase eu… 

— Big Dick! — A porta da sala abriu e Brandon entrou. Ele nos encarou, segurando a maçaneta. — O que está acontecendo? Quem morreu? — Perguntou. 

Eu pisquei. 

Chase desviou os olhos de mim. 

— Depois conversamos mais sobre isso, está bem? — Ele disse, segurando meu braço. Chase se dirigiu à porta e cumprimentou o amigo. Eu fui na sua direção e disse baixinho: 

— Eu me demito. 

Brandon me olhou como se estivesse louca. A expressão de Chase era impassível; um misto de tristeza e confusão. Ele não disse nada, e aliviada, saí, depois de ele abrir passagem. Tive que conter as lágrimas que avançavam como um tsunami, carregando tudo, devastando-me. 

Naquele instante, decidi: 

Iria contar toda a verdade  à Chase quando tivesse uma oportunidade. 

Eu não conseguiria olhar em seus olhos por mais um instante, eu não conseguiria aguentar seu julgamento depois que descobrisse a verdade, eu não conseguiria saber que o magoei, mas quando olhei por cima do ombro, percebi em seus olhos uma tristeza colossal. Eu tinha lhe causado isso, eu tinha lhe magoado. Eu não sabia exatamente o que sentir, então ergui a cabeça e olhei para frente. 

Precisava me acalmar um pouco. 

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