Eu mal podia acreditar que se passou tanto tempo. Não sabia exatamente o por quê de tudo parecer um pouco mais cansativo e chato. Dois meses. Dois meses!
Só podia ser brincadeira.
Pareciam anos!
Eu também não entendia por que sempre estava com uma sensação de ansiedade no peito, como se estivesse esperando alguém. Para ser sincero, os meus dias tem sido pragmáticos e puramente mecânicos. Vou para o escritório, trabalho, almoço num restaurante chique, onde encontro mulheres interessantes e fodo de vez em quando. Mas até isso se tornou cansativo. Sexo sem lógica e chato. Com Annelise era diferente… tinha… emoção. Eu não sinto nada por essas mulheres, nem ao menos um pouco de prazer.
Respirei fundo, cobrindo os olhos com as mãos. Esse costumava ser um caminho fácil de ser seguido; eu era quem eu era e isso nunca pareceu errado, não enquanto eu não percebia como era difícil manter uma capa por fora para que meu interior se mantivesse intacto, mas até isso Annelise tirou de mim.
Eu dizia a mim mesmo diariamente que o que sentia por ela não passava de confusão, mas quando o aperto no peito, que eu julgava ser saudade latejava por todo o meu corpo e meu pau ficava duro só de pensar nela, percebia que era algo mais forte. Eu não precisava sentir isso, mas… mas era fácil assim, porque, ao menos, eu podia ter alguma paz. Ninguém nunca morreu por pensar em outra pessoa e isso não queria dizer nada. Mesmo que a cada dia essa sensação aumentasse cada vez mais.
Eu passei a vigiar os horários de Annelise — e não, isso não quer dizer nada — para acompanhar seu dia. Se eu continuasse sentindo aquele vazio imenso, mesmo tendo feito uma promessa silenciosa de que nunca iria me ver, iria acabar morrendo. E ela não iria me ver. Não iria perceber que eu sabia que continuava indo ao café que íamos, ou que às duas da tarde visitava a irmã num pet shop da esquina, talvez nem mesmo notasse que eu subornei uma funcionária do seu novo emprego, Karla, para que tirasse fotos dela para que eu pudesse me aliviar à noite. O fato é que… eu não queria acreditar que estava sentindo tanta falta de alguém, ainda mais ela… eu tinha todos os motivos para odiá-la, ou ao menos esquecê-la, fingir não ser importante, mas era. Era muito importante. Annelise era a pessoa que mais me importava.
Definitivamente.
Eu poderia foder qualquer mulher, mas meu pau a queria, meu coração também. Eu não entendia por que, ou simplesmente como eu fui me deixar levar à isso, mas era tão atordoante… semana passada a vi com um cara. Ele pôs a mão na bunda dela, e enquanto a observava do outro lado da rua, percebi um sorrisinho travesso escapar de seus lábios.
Aquilo fez meu coração ruir. Eu sabia que não devia, talvez até que era errado, mas era simplesmente irresistível. Paguei mil dólares a Karla por informações sobre quem era o maldito pervertido que tocou na minha garota. Ela me contou que seu nome era Jason, um amigo antigo. Ele foi visitá-la no trabalho e os dois se trancaram no escritório por um tempo. Ouvir aquilo fez meu estômago girar e eu fiquei muito, muito furioso. Annelise estava transando com outros caras enquanto eu pensava nela? Isso era ridículo!
Naquele mesmo dia pensei em ir ao seu apartamento e mostrar como me sentia frustrado. Talvez isso adiantasse alguma coisa. Talvez ela até me perdoasse, afinal, mulheres amam quando homens imploram por sua atenção, certo? Eu juro que seria bonzinho, talvez até deixasse que coçasse minha barriga.
Ridículo.
Ridículo.
Ridículo!
Gritei internamente.
O sr. Sheppard me incumbiu de uma tarefa importante: o evento anual de arrecadação de fundos para causas. Tecnicamente, eu tinha que estar impecável, sem dúvidas, mas acabei encontrando o Sr. Ninguém Liga Grayson. Ele estava ótimo em um terno preto e gravata azul, enquanto eu parecia um mendigo que tentava ser chique.
— Ward! — Disse ele. Eu pegara um champanhe de uma bandeja do garçom que passou do meu lado. Virei na direção do Sr. Tô Nem Aí Se Pareço Um Galã e sorri falsamente, arrumando minha postura. Ele estendeu a mão, mesmo vendo que eu estava com uma mão enfiada no bolso e a outra segurando a taça.
A menos que tente segurar meu pau, idiota…
— Grayson! É um prazer vê-lo por aqui! — Ele assentiu, quase como se dissesse igualmente.
Não nos falamos desde a última vez há dois meses, na reunião de decisão da fusão entre empresas. Parece que Grace, uma sócia e co-fundadora da Global Media, não gostou nada de saber da indecisão de Conrad e impediu Grayson de dar o aval para que pudesse fazer a maldita fusão. O sr. Sheppard, por sua vez, estava decidido a recusar a proposta e, na verdade, para ele, a decisão de Grace só mostrou que ele estava certo desde o início.
Tirei a mão do bolso e estendi a ele. Graham a apertou com força.
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