Graham Grayson tinha um jeito único de convencer todo mundo. O sr. Sheppard ficou encantado com a forma como conseguia lidar com os problemas que enfrentava. Apesar de nos conhecermos há algum tempo, nunca tive o prazer de ter uma conversa minimamente íntima com ele. Sempre era sobre trabalho ou qualquer coisa que fosse do nosso interesse. O fato é que eu dependia dele, de um modo quase vergonhoso.
— O que acha? — Perguntou Graham, examinando a expressão impassível de Conrad. Eu ajeitei a coluna e ele olhou para mim.
Esse homem era realmente um poço de confiança. Ele parecia sempre estar no alto de uma torre, e as pessoas abaixo eram só meros pilares para se manter firme. O sr. Sheppard não gostava de como as coisas estavam andando. Ele se desviou e muito do que havia planejado, e enquanto nós estávamos discutindo — eu e Graham — sobre como poderíamos nos unir para firmar a Global Media, Conrad pensava se seria ou não uma boa ideia fazer uma fusão. Recentemente a Johansson, uma forte agência de publicidade, entrou na disputa pelo poder da Global Media. Conrad não tinha decidido se seria mesmo uma boa ideia fazer a maldita fusão. Graham estava me pressionando para aceitar seu acordo, visto que o sr. Sheppard iria acabar prejudicando toda a negociação.
Enquanto a concorrência esmagadora tentava se livrar da Shaffer & Sheppard, Conrad recusava todas as propostas de Graham. Eu estava a ponto de mandá-lo se foder e ir diretamente para a Global Media, mas sabia que ele faria de tudo para minha vida virar um inferno.
Eu estava exausto.
Eram quase nove horas da noite. Estávamos presos na maldita sala do sr. Sheppard há mais de quatro horas. Eu nem tinha conseguido comer direito e tinha certeza de que Graham, mesmo sendo a pessoa mais incrivelmente gentil que já vi, aguentava Conrad.
Eu percebi que estava impaciente, e quando o sr. Sheppard finalmente passou os olhos pelos papéis e levantou o olhar por debaixo dos óculos, notei um brilho passar, mesmo que rapidamente.
— Parece que chegamos a um acordo. — Disse ele.
Eu quase agradeci a Deus.
Graham ajeitou o terno e passou a mão pelo cabelo. Ele nem era tão bonito, para ser sincero… e apostava que por trás daquele sorrisinho metido…
— Sr. Ward? — Ouvi uma voz feminina dizer. Eu me recusava a dizer seu nome. Estava começando a me obrigar a esquecer de vez que Annelise Hamilton uma vez existiu, mas Graham olhou para ela, lançou um sorrisinho e eu apertei a mandíbula. Senti um beliscão no peito. — Um cliente ligou. Disse que é urgente.
Franzi a testa.
— Sr. Grayson, sr. Sheppard — Annelise despediu-se.
Quando virou-se, percebi que sua saia preta abraçava a bunda lindamente. Eu devo ter encarado — talvez até tenha ficado um pouco duro —, porque ela fechou a porta com força.
Maldita.
Ah, como eu queria fazê-la pagar.
— Chase — Graham disse, chamando a minha atenção. Ele entendeu o braço, eu apertei sua mão e depois ele repetiu o procedimento com o sr. Sheppard. — Foi um prazer negociar com os dois. Aposto que teremos alegria em nos lembrar que estávamos aqui, decidindo sobre o rumo da empresa.
Eu sorri forçadamente.
Injusto. Até o sorriso dele era perfeito. Aposto que Annelise devia estar…
Para, Chase.
Fechei os olhos, quase esquecendo de que estava acompanhado. Então os abri rápido demais e fitei o sr. Sheppard.
Graham levantou, abotoou o terno e acenou com a cabeça. Ele se dirigiu à porta e foi embora.
— Não vamos fazer a fusão. — Conrad disse. Eu o olhei como a quem tivesse acabado de chutar um cachorro sem ter nenhum motivo. — Eu me recuso a dividir o controle da Shaffer & Sheppard com Graham Grayson.
Eu quis esmurrar a cara gorducha do sr. Sheppard.
— Como não? — O encarei, franzindo a testa. — Ele ofereceu uma ótima proposta. E aliás, você não deveria dizer que o único motivo é o Graham. — Ele ficou vermelho de raiva. Ergui uma sobrancelha, pousando uma mão sobre a mesa e levantei lentamente, talvez mais do que deveria. — Eu sou o sócio da Shaffer & Sheppard, agora, e você devia saber que tenho tanto controle quanto você.
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