A campainha tocava sem parar, como se eu já não tivesse escutado no primeiro toque. Irritada, atravessei a sala e abri a porta.
Para a minha surpresa, vi Chase do outro lado, completamente encharcado. Chovia muito. Devia ser quase onze horas da noite e eu não estava esperando por visitas. Ainda mais ele.
Respirei fundo.
Eu olhei em seus olhos e via confusão, pura e intensa. Também via que estava destruído, como se algo tivesse o abalado tanto fisicamente quanto emocionante. Eu não parava de encará-lo e Chase simplesmente continuava imóvel, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa.
Eu não sabia exatamente o que tinha que fazer.
Haviam se passado dois meses desde a última vez em que estivemos no mesmo lugar e não foi nada bom, na verdade. Eu não fazia ideia do que ele queria de mim, mas estava cansada demais para questioná-lo sobre isso.
— Me desculpa — ele sussurrou. — Eu não tenho mais ninguém com quem falar… não sei… eu… desculpa. — A voz ofegante indicava que veio correndo até aqui.
Ele havia pensado em mim.
— Chase… por favor, vai embora. — Eu implorei.
— Eu não sei se consigo — ele disse, cravando os olhos nos meus. — , Annelise. Eu… eu tô confuso. Eu não sei o que fazer.
Ele parecia muito nervoso e agitado.
Engoli a saliva e saí do apartamento, me juntando a ele. Fechei a porta atrás de mim e ofereci um sorriso gentil.
— Quer dar uma volta?
Ele fez que sim.
***
Nós fomos até um bar perto do meu prédio. Chase ficou calado durante todo o trajeto. Não quis incomodá-lo, embora seu jeito cabisbaixo e quieto não me deixasse nada animada. Ele simplesmente parecia outra pessoa, e por mais que eu o detestasse pelo que fez, não podia deixá-lo sozinho num momento como esse. Ele precisava de mim. Ao menos eu podia ajudá-lo.
Chase bebeu um gole do uísque que pediu e respirou fundo antes de olhar para mim, as roupas molhadas revelando os músculos. Ele vestia uma camisa azul clara, calça preta e um sorriso amargo na boca.
Eu me sentia triste por vê-lo assim.
— O que aconteceu? — Perguntei, olhando-o com curiosidade.
O que poderia ter feito algo desse tipo com ele?
— Nada — respondeu.
— Se não disser…
— Não aconteceu nada — ele disse, o tom mais alto. Seus olhos encontraram os meus. — Pode ficar quieta, só um minuto? Eu não quero conversar. — Ele bebeu o resto do uísque de uma só vez. — Já conversei muito por hoje.
Eu assenti, parada em meu lugar.
Era estranho como eu ainda sentia alguma coisa por ele mesmo depois de tanto tempo. Na verdade, era bastante estranho. Chase me humilhou, demitiu, quase me forçou a fazer sexo e eu ainda estava do seu lado. O que ele fez por mim todo esse tempo? Eu não entendia… eu não precisava ser gentil ou boa para ele, mas de alguma forma, não fazia sentido não ser.
— Eu arrumei um emprego — eu comecei. Ele me olhou, a sobrancelha erguida, e eu continuei: — Não paga muito bem, mas…
— Se quiser, pode voltar para a Shaffer & Sheppard. Eu juro que vou matar o Conrad se ninguém me impedir. — um sorriso escapou dos meus lábios. Isso o fez olhar para mim de um modo diferente. Seus olhos brilharam. — Eu gosto do seu sorriso.
— Gosta? — Ele fez que sim.
— Nos últimos tempos não pensei em nada além dele — ele disse, um murmúrio triste e afogado. Ele abaixou a cabeça.
Ouvir aquilo fez meu coração bater mais rápido.
— E meu pau também. — Disse.
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