Senti algo roçando minha barba e grunhi, movimentando-me no sofá. Minha perna disparou, doendo sem parar, e encarei o rosto de Annelise. Eu me afastei, meu coração disparou incontrolavelmente.
— Eu assustei você? — Perguntou ela. Eu virei na direção da TV, o jogo de basebol ainda era exibido, então voltei os olhos na direção dela e franzi a testa, ainda grogue de sono, e fiz que não. — Estava vendo você dormir.
Pisquei, deixando o ar preso nos meus pulmões esvaziarem.
— Me perdoa? — Perguntei. As palavras escaparam da minha boca. Annelise me olhou como se não pudesse entender. — Eu fui o culpado pelo o que aconteceu mais cedo… eu sou a porra de um monstro. — Eu a encarei. Ela balançou a cabeça, deslizou pelo braço do sofá de couro e sentou do meu lado.
Eu adormeci no sofá, esperando por ela, mas não tinha certeza se viria, não depois do que aconteceu. Eu percebi que meu corpo inteiro retesou, meu coração batia forte e eu tive tanto medo de perdê-la… eu sou um idiota.
Eu não queria ter causado mal à Annelise. Eu juro que não queria ter feito aquilo com ela. Um deslize, um erro, que tenho certeza que a marcou. Eu senti no peito a dor, a culpa amargurada por tê-la tentado forçar.
— Eu sei que desculpas não vão resolver o problema — ela se aproximou e segurou meu rosto — mas eu não sei o que fazer, porque não tenho como voltar no tempo, e eu juro que me mataria se eu tivesse te ferido. — Ela me lançou um olhar caloroso, daqueles que envolve seu peito e abraça a alma.
— Eu sei — ela disse. — Vem aqui. — Ela bateu no colo, indicando para que eu me deitasse ali. Eu obedeci e deitei a cabeça. — Você não queria ter feito isso… não queria ter tentado me estuprar.
Eu engoli o nó da garganta.
— Eu juro que não.
— Então não se culpe. Eu só preciso de um tempo para…
— Eu tentei, e me culpo por isso. Por eu ter tentado. Eu estava confuso e eu sei que isso não é explicação, mas… eu não sabia que a amava. Eu nem sabia que tudo na minha vida foi uma farsa… eu não sabia quem eu era, Annelise. — Ela acariciou meus cabelos e assentiu levemente com a cabeça.
— Eu entendo.
— Eu não queria ter machucado você… eu não queria.
— Eu também machuquei você.
— Não é comparável. Eu tentei forçá-la a fazer sexo. — Levantei, me colocando sobre as pernas. Eu manquei, afastando-me de Annelise, que continuou no sofá. — Eu vou entender se não quiser ficar.
— O quê? — Ela perguntou. — Por quê?
— Por isso. Eu não vou aguentar ver você olhando para mim daquela forma, não vou aguentar tocar em você e perceber que tem nojo de mim. Que tem medo. — Eu disse, talvez um pouco alto demais. — Eu… eu sou confuso, Annelise. Eu sei que sou, mas gosto de ser prático, porque isso tira peso dos ombros. — andei para perto. Ela me encarou do sofá. — Eu sei perdão não é o suficiente, talvez nem mesmo mil anos sejam o suficiente, mas eu te amo, te amo muito, e isso dói. — Seu olhar era impassível. Eu ajoelhei-me diante dela, peguei suas mãos e as coloquei contra o meu peito nu. — Você não faz ideia de como me senti quando percebi o que tinha feito com você.
— Chase…
— Então eu vou entender se não quiser isso. Eu vou entender se sentir nojo de mim, sentir medo. Eu senti isso por muito tempo. E eu sei que não mereço você, porque não passo de um babaca tentando melhorar, mas… eu nunca vou deixar de sentir isso no meu peito. Mesmo que se afaste de mim, mesmo que nunca queira olhar na minha cara.
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