Annelise
Chase ligou naquela noite, e para a minha surpresa, disse que estava voltando. Quase caí para trás quando descobri que já estava no voo. Parece que tinha voltado mais cedo porque teve sucesso no que foi procurar. Fiquei feliz por perceber que estava tão empolgado. Me perguntei se iria ficar tão feliz quando soubesse que estava grávida.
Grávida dele.
Chase pediu para que eu me arrumasse e vestisse algo sexy. Ele pediu, também para que eu o encontrasse no restaurante que já tinha reservado. Queria me fazer uma surpresa, por isso que não avisou que estava vindo antes, mas acabaria se surpreendendo com o que lhe esperava.
Às nove e vinte, cheguei no restaurante. Um homem perguntou meu nome e me levou até uma mesa num lugar calmo e agradável no restaurante.
Sem sinal de Chase.
Eu notei um envelope sobre a mesa e o peguei. Tinha meu nome escrito, e com um sorrisinho bobo, comecei a ler:
Eu só queria dizer que te amo. Aproveite o jantar. Estou chegando.
Chase
E então, os pedidos que fizera para mim chegaram. Meia hora depois, como havia dito, Chase chegou, desfilando um sorriso gigante. Ele estava elegante em seu terno acinzentado com gravata azul marinho. O cabelo bagunçado parecia bem sexy, apesar de eu saber que era de pressa. De qualquer forma, Chase estava bem na minha frente agora. Ele sentou-se à minha frente e pediu para que o garçom trouxesse seu prato.
Uma música suave tocava ao fundo.
— Eu tenho uma coisa para falar — disse, olhando as próprias mãos. Só então percebi que não pedira para trazer seus pedidos. — Eu não pedi para vir aqui só porporque estava com saudade, Annelise. — Ele se inclinou para frente e pegou minha mão. Eu encarei sua expressão de felicidade.
— Eu também tenho… — seria esse o momento. Eu finalmente diria a ele.
Meu peito subia e descia.
Como Chase havia pedido, vesti algo sexy; um vestido tomara que caia roxo, com detalhes em renda. Chase me olhou como se eu fosse comestível durante o jantar, assim que chegara. Sua boca enchera-se de saliva por minha causa.
Saciada, deixei a comida de lado e me concentrei em Chase, que me encarava de um jeito divertido e intenso.
O garçom trouxe um prato, a música aos poucos se tornou mais alta, e quando dei por mim, todos estavam nos olhando. Tirando a tampa da bandeja, Chase revelou uma caixinha de veludo cor de vinho. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas talvez não fossem por um bom motivo.
Quando abriu, seu sorriso iluminava todo o rosto, os olhos brilhavam e eu estava nervosa, tão nervosa que poderia desmaiar a qualquer momento. A caixinha continha um anel; demorei um tempinho para perceber que as nossas iniciais moldavam a parte de cima, um A que se encaixava num C, e um diamante interligando-os.
Meu coração batia rápido.
— Annelise Marie Hamilton — ele levantou, pegou minha mão e ergueu-me também. Cobri a boca. Chase se ajoelhou e limpou a garganta, emocionado demais para continuar, mas arranjou forças e o fez: —, você foi a mulher que moldou minha alma e meu coração sem ao menos se esforçar para isso. Desde o primeiro momento em que te encontrei, soube que seria muito mais do que uma qualquer — seria minha secretária, o que já era muito — e, superando minhas expectativas, deixei que entrasse aos poucos em mim, por mais que eu fosse cabeça dura e teimoso. Você, Anne, foi a primeira mulher que me mostrou que para amar não é preciso ter interesse, só um pouco de persistência e um rosto bonito — ele deu uma piscadinha, e rouboh um sorriso meu — mas, falando sério… você me curou e eu devo muito mais do que tentar ser um homem que terá a honra de amá-la, ser pai dos seus filhos… — o nó na minha garganta apertou, e quando ele pegou a caixinha, senti meu coração reverberando o nervosismo. Todo o meu corpo tremia.
Se ele soubesse…
— Aceita continuar sendo a mulher que vai me curar, amar, aturar e cuidar de mim — mesmo que vire um velho rabugento e gorducho — por todos os dias das nossas vidas?
Só havia uma resposta.
Os olhos de Chase estavam grudados nos meus, e eu não sabia o que fazer, de repente. Meu coração batia forte, e já sabia a resposta, mas minha mente… não. Eu deveria mesmo fazer isso? Deveria mesmo continuar com tudo isso? E se eu não fosse a pessoa certa, apesar do que ele achasse?
Eu não poderia condená-lo a isso.
Nem o nosso filho.
— Me perdoa… — a expressão de Chase se tornou impassível. — Mas não posso.
Chase
Tudo o que quis naquele momento foi chorar.
Sua resposta me atingiu como um tiro no peito.
Doeu tanto.
— Eu não posso, Chase. — Ela olhou ao seu redor, e verificando os olhos e expressões que nos encaravam, senti meus músculos tensos. Eu estava desabando aos poucos, e não sabia por que Annelise estava fazendo aquilo comigo.
Pensei que tinha jurado que nunca iria me abandonar.
Queria socar todo mundo que me olhava com pena. O garçom, as pessoas. Todo mundo.
Nunca senti tanta raiva e tanta tristeza.
Nunca me senti tão devastado.
Meu sorriso se fechou mais rápido do que a expressão de felicidade no rosto de Annelise. Ela parecia estar feliz, mas, de um segundo para outro, se tornou triste e pensativa. Aqueles olhos me encaravam com uma dor perturbadora. Me perguntava o que estava pensando. Eu tinha feito algo?
Estava me punindo?
Por quê?
Levantei, e quando tentei buscar seus olhos, quando tentei procurar uma resposta, ela soltou minha mão.
— Me perdoa, Chase… — E saiu do restaurante, me deixando sozinho.
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