Amanda
Vou parar de fingir que eu estou com medo. Tá na cara que esse "dono do morro" tá mais pra justiceiro do bem. Eu só não consigo entender o que ele quer comigo, posso até concordar se o plano dele é apenas me dar uma lição, isso seria um grande favor à sociedade. Mas não seria muita hipocrisia ele me punir por algo que ele mesmo faz com as outras pessoas?
— Amanda!?
— Sim, viemos ver como vocês estão.
— Tá, mas não foi só isso que eu perguntei pra você.
— Pai, ele é um ótimo esposo, me trata bem e me dá tudo o que eu quero.
— E você sabe disso em apenas uma noite?
— Sogro, eu garanto pro senhor que a Amanda está feliz, a gente veio aqui hoje porque a bichinha já está com saudades e eu não gosto de vê-la triste, na verdade, estamos pensando em fazer uma cerimônia de casamento, mas antes eu quero a sua benção, o senhor nos dá?
— Felipe!? Vamos com calma, né? Antes eu quero fazer o teste de gravidez pra ver se realmente estou grávida, se der positivo a gente faz a cerimônia, mas se der negativo eu acho melhor esperarmos para planejarmos com mais tranquilidade.
Eu acabei de ter a certeza absoluta: ele sofre de demência. Não tem outra explicação para as atitudes incoerentes dele.
— Estavamos um pouco abalados ontem, mas é que vocês nos pegaram de surpresa — minha mãe disse entregando um pedaço de bolo pro Felipe, — mas durante a noite nós conversamos e decidimos apoiar vocês.
Ah, tenho certeza que o pequeno embrulho de dinheiro que o Felipe deu pra eles os deixou mais mole, ao ponto de me entregarem de bandeija.
— A senhora é a melhor sogra que eu poderia ter, — nossa, que vontade de meter um soco na cara desse louco.
— Ai, estou sentindo uma pontada na barriga — reclamei fazendo uma cara de dor.
Tudo o que eu mais quero é sair daqui o mais rápido possível e acabar com essa palhaçada toda.
— Filha, o que está acontecendo? — meu pai perguntou preocupado.
— Leve ela no médico, Felipe, ou ela pode perder a criança — minha mãe advertiu.
Quase comecei a rir, se não fosse a minha raiva maior que a graça eu estaria morrendo de rir agora.
— Tem certeza, linda? Será que não foi a coxinha que você comeu?
— Minha mãe está certa, vamos pro hospital, está doendo muito.
— Toma sogrinha, pra senhora comprar uns doces pro pivetinho, — ele deu mais dinheiro pra minha mãe.
Reviro os olhos e saio pra fora. Vou direto pro carro e entro, fico sentada esperando o Felipe vim.
— Qual é o seu problema? — perguntei quando ele entrou dentro do carro também.
— Tchau, amanhã a gente vem jantar com vocês então! — falou acenando com a mão.
Fico olhando a cena, atônita e desesperada.
O vai acontecer quando eu poder voltar pra minha casa? O quê qur eu vou dizer pros meus pais?
— Ligue o carro e vamos, — falei impaciente.
— Tá, vamos, — ligou o carro e dirigiu.
— Felipe, você não precisava fazer tudo isso, né? Minha mãe gosta de você, e agora? Você é mentiroso além de bandido?
— Amanda, isso não tem que ser uma total mentira.
— Como assim?
— Podemos fazer de conta que somos realmente um casal.
— Eu sabia que você gostava de mim, você tem um jeito bem estranho de dar em cima das garotas, né?
— Não viaja, Amanda, estou tentando dizer que eu preciso de você em uns corre, em troca eu ajudo a sua família, o que você me diz?
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