Nas Mãos do Dono do Morro romance Capítulo 20

Amanda

Que merda. Que droga.

Como eu vou olhar pra cara dele?

Não. Isso não vou funcionar.

Eu vou ficar nesse quarto pra sempre.

Ele viu eu me tocando enquanto chamava o nome dele! Ahh. Eu quero morrer!

Alguém bate na porta.

— O que é? — perguntei sem abri-la.

— Eu mudei de ideia, melhor você voltar pra sua casa.

Amém. Uma notícia boa.

— Ótimo, me dá a minha parte do dinheiro e eu vou embora agora mesmo! — abri a porta com a maior cara de pau, rezando para que ele fizesse a mesma coisa que fez da outra vez e agisse como se não tivesse acontecido nada.

— Está aqui, nessa bolsa, — falou mostrando uma bolsa preta pra mim.

Estendi a mão para pegá-la, mas ele a ergueu no alto.

Fiquei olhando para os olhos dele com os braços cruzados. Impossível eu não me lembrar do que aconteceu há alguns minutos atrás e desvio o olhar.

Nossa, eu sou muito sem vergonha.

— Não vai me dar? — perguntei sem encará-lo.

— Eu vou entregar na sua mão, mas perto dos seus pais.

— Não envolva os meus pais nisso, me dê o meu dinheiro porque eu quero ir embora daqui, pra sempre — resmunguei esticando as mãos tentando alcançar a câmera.

— Vamos, vou te levar lá, — me puxou pela mão, em direção à saída.

Esse é o cara mais louco que eu já vi em toda a minha vida. Numa hora ele me quer aqui, outra hora ele me chupa e me faz gozar mas daí vai comer uma outra menina, daí ele não me quer mais aqui, mas depois ele me quer aqui sim e agora não me quer outra vez. O melhor que eu faço é ir embora mesmo, assim ficarei protegida até mesmo dos meus próprios sentimentos. Pelo menos eu vou embora com a minha virgindade intacta e poderei arrumar um "bom casamento" como dizia a minha mãe. Um rapaz de igreja, de família e honesto. É isso, vai dar tudo certo.

— Que cara é essa, gata?

— Me chame de Amanda, — adverti-o e entrei dentro da camionete.

Ele entrou também.

— É sério que você quer ir embora da comunidade?

— Sim, mais que tudo nessa vida.

— Eu pretendo fazer daqui um lugar melhor, vai ser nisso que eu vou usar essa grana.

— Sério? Você sabe me dizer o motivo de haver viaturas rondando as ruas? Faz alguma ideia? Essa sua forma de tornar a comunidade melhor é um pouco contraditória, não acha?

— A polícia está apenas fazendo o trabalho dela, bom, fingindo que está fazendo, eles não tem peito pra mexer com a gente dentro da nossa própria casa, a família é forte.

— E o que são as trocas de tiros constantes entre bandidos e policiais?

— Às vezes alguma coisa dá errado, mas eu pretendo melhorar tudo isso.

— Você é só um rapaz caprichoso que bate o pé e faz birra quando quer alguma coisa.

— Você não me conhece, Amanda, não diga sobre o que você não sabe sobre a porra da minha vida.

— Tá, eu já parei, beleza? Agora, por favor, não vai falar nada para os meus pais, deixa que eu diga que ganhei na loteria e está tudo bem, pode ser?

— Tá, pode ser.

No mais prosseguimos em silêncio, eu pensando em como é possível que eu esteja conseguindo respirar dentro desse carro e ainda não tenha pulado no colo dele feito a louca que estou ultimamente.

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