Nas Mãos do Dono do Morro romance Capítulo 28

Amanda

Me olhando no espelho enquanto passo uma maquiagem mais pesada que o normal, ouvindo um som alto de funk proibidão, tentando me sentir realizada. 

Não vi mais o Felipe, já faz três dias que a gente transou na casa dele lá no meio do mato e não o vi mais por essas bandas. Não me importo, certamente esses vacilões são todos iguais, não importa se um te dá seiscentos mil reais e o outro oferece uma lazanha no jantar e te chame de anjo, a intenção deles é a mesma: só te comer. E está tudo bem, ambos os Felipes que vão se danar... Não que eu quisesse alguma coisa com o segundo Felipe. Eu não me entendo também.

Restou para eu e a minha mãe resolvermos as coisas do mercado, o meu pai está extremamente ocupado com a política. Eu mereço. Mas não é de todo ruim, a minha mãe é bem mais inteligente que o meu pai quando o assunto é finanças e organizações.

Felipe

— Tamo ligado, mas mandano o papo reto esse negócio aí não é a nossa praia, sacô? A gente é mais pelo certo, tá ligado?

— Ei, sapo, deixa que eu falo, abaixa a crista aí, beleza?

Sapo respira fundo e balança a cabeça concordando.

Mas a verdade é que ele está certo.

— E então? Pode ser?

— Governador, a gente pode até ser bandido, mas a gente não fere inocentes, pelo que o senhor está falando, vamos compactuar com estupros, pedofilia, assassinato, sequestros, trabalho forçado e pra piorar tudo isso envolve inocentes, não podemos aceitar isso, não faz parte do nosso código, tá ligado?

— Eu também não gosto disso, meu jovem, mas não existe nada que podemos fazer pra impedir que essas coisas continuem acontecendo, então por que não lucrar com isso? Se você realmente quer ir mais à fundo nos negócios, você não tem escolha a não ser seguir as minhas instruções e mergulhar pelo mercado negro, Barra pesada mesmo, entendo se isso for difícil demais pra você, vou dar um jeito de encontrar alguém mais adepto e que esteja disposto a lucrar bilhões, estamos falando de bilhões, rapaz, ninguém tem dignidade quando o assunto é bilhões.

— Bilhões? Quantos que eu vou ganhar?

— Você não faz ideia, né? Se você seguir as minhas instruções, ganhará mais de um bilhão de reais, isso eu te garanto.

— Isso é muito dinheiro, não tá de zoação comigo não?

— Eu sou um homem de negócios, faça o trabalho, corra o risco, e então terá o que merece.

— Se você tiver armando pra cima de mim eu tenho pessoas pra acertar um tiro na sua testa, se a casa cair pra mim tu vai junto.

— Eu digo o mesmo pra você, por isso que o trabalho funciona, na base de confiança.

— Isso e confiança?

— Vai pegar ou largar? Eu tenho uma reunião dentro de trinta minutos, se você for pegar o meu homem de confiança vai te acompanhar para o próximo passo e nós só vamos nos ver quando eu for te entregar a maleta com o seu dinheiro.

— Eu pego, — falei sem pensar muito nas consequências, ignorando os olhares de julgamento do meu parceiro.

(...)

— Que merda, cara, tamo fundido, este cara é da pesada.

— Se liga, a gente também é.

— Não somos, não à esse nível.

— É só fazer o trabalho, só isso, essa parceria vai render um rio de dinheiro pra gente ajudar a nossa comunidade.

— Não me faça fazer parte disso.

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