POV GAIA.
Minha cabeça parecia prestes a explodir, como se um trovão ressoasse dentro de mim. Abri os olhos devagar, o corpo pesado contra o sofá, o mundo girando em um borrão de vultos e vozes abafadas. Meus pais, os pais de Caspian, todos com rostos tensos, olhos carregados de preocupação. E então, ele, Caspian. Segurando minha mão como se tivesse o direito, com aquele olhar de preocupação que fez meu sangue ferver. Meu sorriso inicial, fraco e instintivo, morreu em meus lábios, substituído por uma fúria tão intensa que parecia queimar minha pele. Minha voz saiu como uma lâmina afiada:
— Saiam todos. Preciso conversar com Caspian — ordenei, cada sílaba pingando irritação e raiva.
Minha mãe hesitou, o rosto marcado por preocupação, mas meu pai a puxou pelo braço, lançando um olhar mortal para Caspian antes de guiá-la em direção à porta, o que me dizia que eles descobriram quem era o pai do meu filhote. Conrado e Aina, com expressões apreensivas, seguiram em silêncio meus pais. A porta se fechou com um clique, mas para mim, foi como o estalar de uma corrente se rompendo.
Arranquei minha mão da dele com um movimento brusco, o toque agora era um insulto, uma traição. Sentei-me e me afastei dele. Meus olhos o perfuraram, e minha voz, embora baixa, estava fria.
— Como você ousou, Caspian? — cuspi, a raiva pulsando em cada palavra. — Você tramou com Minerva e Odin para me usar enquanto eu estava debilitada com o cio. Me engravidou para me prender a você e evitar que te rejeitasse! — Minha voz tremia, não de fraqueza, mas de uma fúria que mal conseguia conter.
Ele abriu a boca, mas levantei a mão, cortando-o antes que pudesse falar. Levantei-me do sofá, ignorando a fraqueza que ainda fazia minhas pernas tremerem, e apontei um dedo acusador em sua direção.
— Não se atreva a me interromper ou tentar negar! — rosnei, sentindo Minerva agitada dentro de mim com sua culpa, por me trair. — Minerva, sua cúmplice, me mostrou tudo, Caspian. Como pôde? — perguntei, sentindo-me destruída, enganada, uma tola por aceitar esse infeliz de volta. Caspian se levantou, os olhos arregalados, as mãos erguidas em um gesto de súplica.
— Gaia, por favor, me escute. Eu não queria te enganar. Mas foi a única saída que vi naquele momento. Você havia descoberto sobre o vínculo e estava planejando me rejeitar. Eu não poderia te perder de novo. Fiz o que achei certo — disse, com um descaramento que fez meu sangue ferver ainda mais.
— Chega! — interrompi, minha voz ecoando pela sala como um trovão.
— Nada que você, Minerva ou Odin digam vai mudar o que fizeram! — Minha voz falhou por um instante, a dor se misturando à raiva.
— Você escolheu participar desse plano. Escolheu esconder a verdade. Escolheu me prender a você, sabendo que eu estava vulnerável, que não tinha o controle. E depois, sabia que eu estava grávida e não me contou quando acordei. Você acasalou comigo, e era por isso que parecia que eu já tinha transado com você! — declarei, revoltada. Então, algo me veio à mente.
— Espera. Me marcar fazia parte do seu plano, não é? Assim, eu não poderia te rejeitar e estaria ligada a você. Você sabia que eu não arriscaria perder meu filhote. Sabia que, se eu descobrisse tudo, não te rejeitaria por medo! — acusei, tomada por indignação. Minha mão instintivamente tocou minha barriga, onde meu filhote crescia, e uma onda de proteção feroz tomou conta de mim.
— Gaia, eu nunca faria isso — ele murmurou, os olhos implorando, a voz quase quebrando. — Eu te amo. Tudo o que fiz foi por você, por nós, para te manter comigo. Sei que errei, mas tudo o que quero agora é consertar isso. Me diga o que fazer, e eu farei. Qualquer coisa — perguntou.
Eu o encarei, o coração preso entre a raiva e uma dor que me recusava a deixar transparecer. Como podia confiar nele agora? Como podia acreditar em suas palavras depois de tudo? Minerva gemia dentro de mim, culpada.
— O que eu quero? — repeti, minha voz fria como uma nevasca. — Eu queria te esfolar agora, mas não posso, porque, acasalada e marcada por você, eu sentiria tudo. Mas quero que você sofra. Você, mais uma vez, conseguiu me fazer sofrer e, sabe o que é pior? Teve ajuda do ser que eu mais amo e confiava: minha loba — desabafei.
— Gaia, me perdoe, por favor — pediu ele, ajoelhando-se diante de mim. Eu ri, sem humor, e limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, sem que eu percebesse.
— Te perdoar? Não sou capaz. Não vou te rejeitar, pelo meu filhote. Mas você, seu lobo, seus pais e sua alcateia nunca mais verão a mim ou ao meu filhote — declarei. O pânico cruzou seu rosto, os olhos arregalados, mas não vacilei. Não dessa vez. Virei-me, caminhando em direção à porta, minha voz ecoando com uma determinação feroz:
— Não ouse tentar me impedir, ou você vai descobrir o que uma bruxa da sombria é capaz — ameacei, e uma névoa lilás surgiu, envolvendo-me e levando-me dali. Mas antes, ainda ouvi seu grito, me chamando.

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