POV GAIA.
Fui para o único lugar onde sabia que ninguém me encontraria: a casa de Morgana — ou melhor, seu castelo. Materializei-me no jardim e meu corpo cedeu, desabando no chão. Estava arrasada, destruída. Traída pela minha loba, aquela que deveria me amar incondicionalmente e jamais me ferir. Como Minerva pôde fazer isso comigo?
Ainda precisava acertar as contas com ela. Sabia que seria uma conversa difícil, dolorosa. Lágrimas escorriam pelo meu rosto e comecei a soluçar sem controle. Meu peito ardia, uma pressão horrível pulsava na minha cabeça, atormentando-me. De repente, senti uma mão suave tocar minha cabeça. Ergui os olhos e encontrei minha bisavó. Ela se abaixou e me envolveu em um abraço forte, acolhedor. Desabei em seus braços, chorando até que o cansaço me levou ao sono.
Quando acordei, mal consegui abrir os olhos, inchados de tanto chorar. Minha cabeça latejava e meu corpo se recusava a se mover no primeiro momento. Respirei fundo, mas até minhas vias respiratórias protestaram, como se cada parte de mim estivesse dolorida.
— Não se esforce, querida — ouvi a voz de Morgana ao meu lado, sobressaltando-me. — Desculpe-me, não quis te assustar — disse ela, com carinho. Olhei para ela, que me observava com uma compaixão silenciosa.
— Obrigada por me trazer para o quarto, bisa — falei, minha voz rouca de gratidão.
— Vou preparar um chá para aliviar sua dor de cabeça e uma compressa para seus olhos inchados. Já volto — informou, levantando-se. Morgana, como sempre, não perguntava o que havia acontecido. Ela esperava, paciente, até que eu estivesse pronta para falar.
Ela saiu, deixando-me sozinha. Consegui me sentar devagar, exausta. Suspirei, sentindo o peso do mundo sobre mim. Agora, havia uma vida crescendo dentro de mim. Sempre sonhei em ter um filhote, mas não assim, não dessa maneira. Meu filhote, porém, era inocente. Não deveria pagar pelos erros da minha loba e do meu companheiro. Passei a mão pela barriga, um gesto instintivo.
— Eu não esperava por você — murmurei, acariciando minha barriga. — Mas, já que está aí, vou te amar e proteger, meu pequeno. — prometi.
Meus pensamentos vagaram para o que faria agora, como lidaria com Minerva. Eu já a estava mantendo afastada, bloqueada em um canto da minha mente. Não estava preparada para essa conversa. Talvez fosse melhor mantê-la isolada.
— Sabe que não pode mantê-la tão longe. Você está gerando um filhote — disse Malvina, invadindo meus pensamentos. — Ele também é filhote da Minerva, assim como seu. Ela errou, mas privá-la de participar dessa gestação não é justo. — Comentou.
— Eu sei — respondi, magoada. — Mas é difícil pensar em ouvir a voz dela depois de tudo. — Falei.
— Entendo, também me sinto traída — retrucou Malvina. — Mas você não pode viver sem sua loba. — argumentou.
— Você está certa — admiti, com relutância. — Mas, como não posso me transformar devido à gravidez, não dependo tanto dela agora. E tenho você e nosso poder, se precisar. — Respondi.
— Sabe que, agora que a profecia se cumpriu, não há volta — disse ela, séria.
— Como assim, cumpriu? — perguntei, confusa.
— Você não notou, não é? — continuou Morgana, com um tom enigmático. — A profecia dizia que Caspian encontraria a prometida em um momento em que o mundo dos lycans estivesse em perigo. Você salvou todos de uma doença que estava matando os lobos. E a profecia também dizia que você permitiria que a linhagem dos lobos da luz tivesse mais de um filhote. — Ela fez uma pausa, deixando o peso de suas palavras pairar no ar.
— Espera, o que está dizendo, bisa? — interrompi, meu coração acelerando.
— Eu sinto dois seres sendo gerados em seu ventre — respondeu, com um brilho nos olhos. — Você terá gêmeos. Terei mais dois bisnetos. — Disse e sorriu.
As palavras de Morgana ecoaram na minha mente como um trovão, ressoando em cada canto do meu ser. Gêmeos. Não somente um filhote, mas dois. Meu coração, já sobrecarregado pela traição e pela dor, parecia não saber se acelerava de ansiedade ou parava de puro choque. Passei as mãos trêmulas pela barriga, como se pudesse sentir as duas vidas que ali cresciam, ainda tão frágeis, mas já tão presentes.
— Gêmeos? — repeti, a voz fraca, quase um sussurro. Minha cabeça girava, tentando processar a enormidade do que acabara de ouvir. — Como… como isso é possível? — Questionei e choque. Eu estou gerando dois? Por essa eu não esperava.

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