POV CASPIAN.
Caminhei em direção à saída da loja com as duas peças cuidadosamente embrulhadas em uma sacola elegante, o peso leve nas minhas mãos contrastando com a tensão que ainda pulsava em meu peito. Eu estava ansioso para ver a reação de Gaia quando ela visse o presente. O alívio de estar em um local calmo logo daria lugar à irritação que eu sabia que sentiria com a barulheira lá fora.
O shopping, com seu caos de vozes, luzes e cheiros, ainda me aguardava do lado de fora. Pisei no corredor principal, e o falatório infernal me atingiu como uma onda. Odin rosnou baixo na minha mente, claramente tão aliviado quanto eu por estarmos de saída, mas ainda incomodado com a balbúrdia.
— Finalmente, estamos saindo desse inferno — resmungou Odin, sua voz carregada de desgosto. — Esse lugar é uma afronta aos nossos instintos. Cheiros misturados, barulho ensurdecedor… Como os humanos aguentam isso? — questionou, irritado.
— Calma, amigo. Já estamos indo. Os humanos não têm sentidos tão apurados quanto os nossos, então essa barulheira é normal para eles — respondi mentalmente, apressando o passo em direção ao elevador.
Cada passo parecia me libertar um pouco mais daquele ambiente caótico. As luzes fluorescentes faiscavam nos meus olhos, e o ar pesado, saturado de perfumes e frituras, irritava meu olfato aguçado. Eu não pertencia àquele lugar. Meu lado lycan ansiava por espaços abertos, pelo cheiro de terra molhada e pelo silêncio da natureza, não por esse caldeirão artificial de concreto e consumo.
Quando as portas do elevador se abriram, entrei rapidamente, quase colidindo com um grupo de adolescentes rindo alto que saía. Revirei os olhos, segurando a sacola com mais força. Assim que as portas se fecharam, respirei fundo, sentindo um fio de alívio. O elevador desceu até o estacionamento e, ao sair, o ar fresco do subsolo — ainda que misturado com o cheiro de gasolina e borracha — foi como um bálsamo. Odin se agitou na minha mente, mais leve agora, como se também sentisse a promessa de liberdade.
— Graças à deusa, estamos fora — murmurei, tanto para Odin quanto para mim mesmo, enquanto caminhava até meu automóvel. O som dos meus passos ecoava no estacionamento, um contraste bem-vindo ao tumulto do andar de cima. Abri a porta do veículo, coloquei a sacola no banco do passageiro e me sentei ao volante. O silêncio no veículo era quase sagrado, e deixei meu corpo relaxar por um momento, os ombros finalmente se soltando.
— Agora, vamos para onde realmente importa — falei, ligando o motor. O ronco grave do automóvel ecoou no estacionamento, e Odin soltou um grunhido de aprovação.
— Para Gaia. Para nossa companheira — disse ele, a voz vibrando com uma mistura de urgência e esperança. — Espero que ela goste do presente. Você escolheu bem, Caspian. Mas agora é hora de reconquistá-la — completou, animado.
Sorri levemente, sentindo o calor da sua determinação crescer no meu peito. Digitei o endereço da casa de Gaia no GPS. Pensei na casa que comprei no condomínio, a poucos metros da dela, era uma vantagem estratégica, mas também um lembrete constante do quanto eu precisava dela de volta na minha vida. Cada quilômetro que me aproximava do seu endereço fazia meu coração bater mais rápido, uma mistura de ansiedade e antecipação.
As ruas de Halifax ainda estavam movimentadas, mas agora, fora do shopping, o mundo parecia mais suportável. O céu estava tingido de tons alaranjados pelo sol da tarde, e o ar que entrava pela janela entreaberta trazia um frescor que acalmava meus sentidos. Dirigia com foco, meus pensamentos girando em torno de Gaia — sua força, sua beleza, o jeito como ela desafiava meu mundo e o tornava melhor. Eu precisava reconquistá-la, não só por mim, mas pelo nosso filhote, que logo estaria em nossos braços.
— Vamos fazer isso direito, Odin — prometi, apertando o volante. — Ela vai ver que mudei. Que sou digno dela — comentei, confiante.
— Sim — respondeu Odin, com tom de confiança.
O GPS indicou que eu estava a poucos minutos do condomínio. Meu coração acelerou ainda mais, uma mistura de nervosismo e esperança. Segurei a sacola no banco ao lado, sentindo o peso simbólico do presente que escolhi com tanto cuidado. Era mais do que um objeto — era um passo, um gesto, uma promessa. E, enquanto dirigia em direção à casa de Gaia, senti que, pela primeira vez em muito tempo, estava exatamente onde precisava estar. Quando estacionei em frente à casa que comprei, respirei fundo, desligando o motor e saindo, trazendo a sacola comigo. Achei melhor estacionar ali e ir andando.
— Levi — chamei Levi através da ligação mental. Ele respondeu rapidamente.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.