POV CASPIAN.
Aquela tarde com Gaia foi como um sonho que eu não queria que acabasse. Depois que almoçamos, ficamos ali na cozinha, rindo das minhas tentativas de impressioná-la com mais comida, e ela cedendo lentamente, com aquele sorriso teimoso que me derretia por dentro. Conversamos sobre tudo e, às vezes, ficávamos somente em silêncio, nos observando — falamos sobre a alcateia, os filhotes que viriam e até sobre as ervas que ela tanto amava. Eu a via relaxar, os ombros baixando e seu corpo se aproximando do meu sem que ela percebesse. Meu coração batia forte só de sentir seu cheiro misturado ao da comida, e Odin uivava na minha mente, ansioso por mais proximidade.
— Ela está nos aceitando, Caspian. Veja como ela olha para nós agora. Não como um inimigo, mas como… companheiro — Odin comentou, sua voz ecoando com empolgação.
— Sim, mas não posso forçar. Ela ainda carrega mágoas, e eu sou o culpado por isso. Preciso conquistar cada pedacinho dela — respondi mentalmente, enquanto servia mais uma porção para ela, só para ver seus olhos brilharem.
A noite chegou e nem havíamos notado, comecei a preparar o jantar — um assado suculento com ervas que eu sabia que ela adorava — que nos manteve à mesa por horas. Rimos de histórias antigas, da nossa época de filhotes e, por um momento, esqueci o abismo que eu mesmo criei entre nós. Ela se inclinava para a frente, os olhos fixos nos meus, e eu sentia nosso vínculo pulsar, quente e vivo. Mas, quando o relógio da cozinha marcou vinte e duas horas, ela se endireitou, com aquela determinação feroz.
— Hora de ir, Caspian. Não vai ficar aqui a noite toda — disse ela, cruzando seus braços, mas com um brilho nos olhos que me dava esperança. Tentei argumentar, Odin implorando na minha cabeça para que eu insistisse.
— Diga a ela que precisamos protegê-la, que os filhotes precisam de nós por perto! — Odin insistiu, agitado.
— Calma, Odin. Se eu pressionar agora, ela se fecha de novo. Vamos devagar — repliquei.
— Diga para Odin que não adianta pedir, vocês não vão dormir na minha casa — falou Gaia, nos pegando de surpresa.
— Você ouviu meus pensamentos? — perguntei.
— Não é culpa minha que vocês dois não bloqueiam os pensamentos. E fica essa falação sem fim — disse, debochada.
— Já que está me ouvindo, lobinha, nos deixe ficar — falou Odin.
— Nem pensar. Os dois para fora da minha casa — disse ela e abriu a porta. Suspirei derrotado.
— Já está tarde, e não vou insistir, pois não quero te irritar — respondi, enquanto a beijava na testa e depois beijei seus lábios, me afastando em seguida, relutante. A deixando em pé na porta, me observando ir embora.
Ir para casa sem ela foi um tormento. A mansão parecia vazia, fria, como se o ar tivesse sido sugado. Deitei-me na cama enorme, o lado que ela deveria estar estava intocado, e o vazio me acertou como um soco. Rolei de um lado para o outro, o cheiro dela presente na minha mente, mas não o suficiente para preencher o buraco que sentia no peito.
— Como aguentamos isso antes, Odin? Sem ela aqui, é como se metade de mim estivesse faltando — murmurei mentalmente, olhando para o teto escuro.
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