POV CASPIAN.
A poção queimava nas veias como brasas sob minha pele. Fechei os olhos, vencido pelo cansaço e pelo efeito da poção. O mundo à minha volta foi sumindo em camadas. A respiração desacelerou. O peso do corpo desapareceu. E então… me entreguei ao sono.
Eu estava de novo na floresta Tenebrosa., na mesma cabana que encontrei Thalassa. O chão coberto de folhas secas, o cheiro de umidade e sangue no ar. Mas havia algo diferente desta vez… luz. O local estava mais iluminado, o sol passava forte pelas árvores. A luz solar, dançava entre as árvores. E então eu a vi.
— Gaia…?
Ela estava ali, com seus cabelos cacheados e longos, soltos, os pés descalços tocando a terra como se pertencesse a ela. O vestido branco esvoaçava ao redor do corpo, como se fosse feito de bruma. Os olhos lilás me encontraram… e por um momento, tudo parou.
Ela sorriu. Não aquele sorriso forçado que ela usa agora. Era o sorriso de antes. Da infância. Do tempo em que éramos só filhotes correndo entre as árvores, antes de eu ser sequestrado, de crescer e rejeitá-la.
— Você voltou… — murmurei, caminhando em sua direção.
— Eu nunca fui embora, Caspian. Você que me afastou. — Sua voz era suave.
— Eu tinha receio… — confessei. — Vi você e enxerguei Thalassa. Vi magia… e senti dor e raiva. Mas eu errei. — confessei. Ela se aproximou. Uma das mãos tocou meu rosto. E ao contrário do frio que imaginei sentir… senti calor, aconchego e sensação de lar.
— Eu também senti dor. E guardei a minha, em silêncio. Esperando que um dia você me olhasse como antes — disse, e seus olhos brilhavam como estrelas lilas.
— Estou olhando agora — respondi, com a voz contente. — E vejo você. — Falei. Ela sorriu… e então tudo mudou.
Estávamos na minha alcateia. Ainda filhotes. Eu corria atrás dela, tropeçando em meus próprios pés. Gaia ria alto, se escondendo atrás de uma árvore. O som da nossa alegria ecoava como um eco distante do que perdemos.
Depois, outra cena. Eu mais velho. Já alfa, no dia da rejeição. Ela de longe, com olhos feridos. Eu virando as costas, tomado pelo ódio e orgulho. E ela… desaparecendo na neblina. O mundo tremeu ao redor. O sonho mudava de novo. Agora era noite. Ela estava em minha cama. Os cabelos espalhados sobre meu travesseiro. Me olhava como esperança, amor… e desejo.
— Me diga que isso é real — supliquei.
— Ainda não. Mas pode ser. — Falou sedutora.
Ela se aproximou, mais de mim, e seu corpo se encaixou ao meu. Sua boca roçou a minha em um beijo lento, profundo, cheio de tudo o que nunca foi dito. Memória e desejo se misturando. Então ouvi um sussurro em minha mente. A voz de Odin, sempre presente.
— Isso é um sonho, Caspian… Mas o que sente por ela, não. — sussurrou.
Acordei com um sobressalto. O peito arfando, o suor escorrendo pelas têmporas. Estava de volta ao quarto. Mas o cheiro de Gaia ainda pairava nas minhas narinas. Toquei nos meus lábios, como se pudesse manter aquele beijo por mais um segundo.
— Gaia… — sussurrei. E olhei em volta, mas não a encontrei na poltrona. Suspirei, me levantando. Porque pela primeira vez em anos, eu sonhei com algo que não fosse dor e pesadelos, causado por Thalassa. Eu sonhei com Gaia. E com um futuro que talvez… ainda seja possível. Fui até a janela e olhei para fora. Ouvi um barulho e olhei na direção da porta do banheiro.
POV GAIA.
Aina trouxe para mim uma bandeja com meu jantar. Ela foi ficar com o filho enquanto eu me alimentava. Quando voltei do meu quarto, já de banho tomado e vestida com um pijama, Caspian, já havia adormecido. Aina disse que ele não teve nenhuma reação. Ficamos conversando por alguns minutos e ela, me deu boa noite e se retirou.
Fui até o armário e peguei uma manta. Sei que nós lobos sentimos mais calor que os humanos, pois nossa temperatura corporal, é mais elevada. Mas estou sentindo um pouco de frio. Talvez por ainda não está cem por cento recuperada do esgotamento que tive curando os pacientes.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.