O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 11

Durante o fim de semana, Thiago e eu passamos mais tempo juntos do que qualquer outro casal. Saíamos e aproveitávamos o tempo que tínhamos juntos. Ele me levou ao parque, ao cinema, para jantar. Mas não um jantar de negócios, um jantar romântico.

Era domingo e estávamos na cobertura de um restaurante que era famoso por sua decoração romântica e aconchegante. Era claramente um lugar para se ir a dois.

A cobertura era a céu aberto e quase não havia iluminação. Era a luz da lua, das velas sobre a mesa e de algumas tochas espalhadas em pontos estratégicos nas paredes.

Era um jantar à luz de velas, e talvez eu não fosse muito adepta de romantismo, ou talvez eu gostasse de um pouco de romance mas preferisse algumas coisas mais práticas, como por exemplo a luz.

Eu não estava conseguindo cortar a carne, não estava enxergando muita coisa. Poderia ter uma mosca em meu prato e eu pensaria que era uma azeitona.

O clima era agradável e eu estava me divertindo muito naquele lugar, o problema era que estava ventando muito lá em cima e o castiçal com velas em cima da nossa mesa já havia apagado fazia tempo. As tochas estavam tão distantes que não serviam para nada.

Independente disso, aquela noite me fez pensar como seria bom poder fazer aquilo sempre. Combinávamos em tantos sentidos, e era fácil conversar com Thiago. Aquele silêncio constrangedor que geralmente se abatia sobre os casais que estavam se conhecendo, não existia entre nós. Sempre havia algo para comentar ou para rir.

Ele tinha senso de humor e eu apreciava isso em um homem. Alguém que pudesse contar histórias e rir de si mesmo. Embora tivesse tudo para ter um ego gigantesco, não gostava de contar vantagens como tantos homens gostam de fazer para tentar impressionar uma mulher em um primeiro encontro.

Aquele fim de semana foi perfeito e eu não queria nunca que terminasse. Mas a segunda-feira chegou.

Embora o fim de semana tivesse acabado, o conto de fadas parecia não ter fim. Fomos juntos para a empresa e o clima continuava tão bom quanto antes.

Algumas semanas se passaram, e nada havia mudado. Quase nunca nos encontrávamos na empresa, e algumas noites Thiago dizia para que eu voltasse sozinha pois ele teria que ficar até mais tarde. Eu não questionava. Sabia que tinha realmente muito trabalho para fazer naquela empresa. Eu estava começando a pegar jeito para a coisa, Henry vinha me ajudando bastante e meu pai estava me dando mais liberdades, estava confiando mais em mim. As vezes Melanie ou meu pai apareciam para almoçar comigo, mas nunca quem eu mais queria que viesse: Thiago. Tentei não dar muita atenção para isso, afinal, ele também tinha muitas coisas para fazer.

Quando dei por mim, já haviam se passado dois meses desde que eu havia me casado. A empresa ia muito bem. Criei uma espécie de amizade com Henry. Trabalhávamos juntos durante os dias, mas nem por isso nos divertíamos menos. Ele era legal e engraçado, além de muito paciente para explicar as coisas.

Naquela manhã, como em todos os outros dias, Thiago e eu fomos juntos para a empresa, mas algo ia dar muito errado. Eu já pressentia isso. Era só olhar o céu e ver como estava nublado, quase negro. Tempestades eram um mal presságio. Sempre acreditei nisso. Desde que minha mãe faleceu. Aquele dia também estava quase tão negro quanto hoje. Era como se anunciasse uma outra catástrofe. Só esperava que ninguém morresse ao final daquele dia. Mal sabia que quem morreria seria meu próprio coração. Se sequer desconfiasse, teria ficado o dia todo na cama, fingindo um mal estar.

Entramos na empresa, e eu fui para minha sala. Henry já estava me esperando para trabalhar. Estávamos trabalhando em alguns contratos de clientes que eu precisaria assinar.

Hoje estava usando mais uma das roupas novas, só para irritar Thiago. Era provocante o suficiente para chamar a atenção, mas não escandalosa a ponto de não poder usar na empresa. Usava uma calça social preta que mostrava todos os contornos da minha bunda, um scarpin preto de salto agulha, muito alto, e bico fino. E uma blusa de botões bege, de manga longa, justa e um decote que fazia com que quisessem olhar mais para dentro.

Thiago não tinha ficado muito feliz naquela manhã com a minha escolha de roupa para usar, ainda mais sabendo que quem estaria o tempo inteiro ao meu lado seria Henry.

Pouco tempo antes da hora de almoço, Melanie, minha melhor amiga, apareceu para me levar para almoçar. Ela queria conversar, ou fofocar. Como fazia algumas vezes quando tinha tempo no serviço dela.

Enquanto saía do escritório com ela tagarelando ao meu lado, vi quando Thiago saía da sua sala com Jéssica rebolando logo atrás. O que aquela biscate fazia com ele eu não sabia mas não parecia boa coisa. Ainda mais quando Thiago me viu olhando para eles e parou em seco, como se não quisesse que eu descobrisse seja lá o que estivesse fazendo.

Então ele falou alguma coisa no ouvido daquela piranha e eles deram meia volta e foram para o outro lado do corredor, sem nem mesmo outro olhar da parte de Thiago em minha direção. Aquilo me deixou mordida. E o tempo que passei no restaurante com Melanie em nada serviu para acabar com o meu mal humor.

Não havia nada que ela dissesse que conseguisse me acalmar.

Quando voltei para a empresa, Thiago ainda não tinha aparecido, e não retornou durante o resto do dia.

Quanto mais o tempo passava pior eu ficava. Então decidi que precisava investigar aquela mulher, e ninguém melhor para interrogar do que Henry, que parecia alguém muito próximo ao meu marido, além de conhecer os podres de todos naquela empresa.

- O que está acontecendo, Elena? – Henry me perguntou – Você voltou muito distraída do almoço.

- Eu encontrei Thiago e Jéssica saindo para almoçar juntos. – Se eu queria respostas, não havia motivo para mentir.

- Ah – foi tudo o que ele disse. E desviou o olhar.

- O que você sabe sobre ela? – Sondei.

- Olha só... – Ele começou – Não sei se deveríamos falar sobre isso. Talvez seja melhor você perguntar para Thiago.

- Até parece que ele vai me dizer alguma coisa. Eu só quero entender por que ele continua se encontrando com ela quando não parece sentir falta de nenhuma mulher quando está comigo. Por que ela é especial? – E era verdade, durante todo o tempo que estivemos casados, ele não parecia sentir falta das mulheres com quem saía. Mas encontrar Jéssica agora me fez pensar se ele realmente não andava se encontrando com ela outras vezes.

- Não quero mentir para você, Elena. Mas não quero que você crie esperanças quanto a ele esquecer Jéssica.

- O que você quer dizer com isso?

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