O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 13

ELENA

- O que você quer? – Só de ouvir sua voz minha convicção de estar fazendo a coisa certa já fraquejava. Eu sabia que não seria uma boa ideia aquela conversa, mas Melanie não deu atenção aos meus protestos.

Esperava que minha voz não demonstrasse quão mal eu estava. Não precisava de pena. Não queria a sua pena.

- Me diga onde você está, amor. Precisamos conversar, pessoalmente. – Soava como se estivesse implorando. Fechei meus olhos, pedindo a Deus que me desse forças para não ceder. Não poderia ceder. Não agora que estava tão longe. Era só uma conversa. Uma última conversa. Eu não precisava voltar. Nunca mais.

- Me diga o que tem a me dizer ou eu vou desligar. – Ameacei. Fui grossa e nem me importei. A única coisa em que conseguia pensar era que ele também acabou comigo e não se importou. Dois meses mentindo para mim e nunca se importou. Então por que deveria me importar agora?

- As coisa não são como você imagina, baby.

- Eu já entendi como são as coisas. Só preciso saber uma coisa. Por que?

- Por que o quê?

- Por que vem me fazendo de idiota todo esse tempo?

- Não é do jeito que você imagina, amor. Eu não posso deixar de ver Jéssica.

- Você a ama, é isso que não podia me dizer? – Minha voz estava embargada.

- Não! – Ele exclamou. – Não é nada disso! Eu... Eu te amo! – Fechei meus olhos. Meu coração querendo acreditar naquelas palavras que tanto quis ouvir, mas agora já era tarde demais para crer nelas.

- Quem ama não mente, Thiago. – Foi a resposta que eu dei. – Eu sei que não podemos nos divorciar, meu pai me explicou sobre o acordo de vocês, mas você não vai mais me encontrar. E eu espero que, mesmo que sejamos casados para sempre, você consiga ser feliz com as escolhas que fez.

- Não fale assim, como se fosse uma despedida. Olha amor, preciso que você entenda que não posso me livrar de Jéssica como você gostaria. Ela é a maior patrocinadora da minha empresa, se eu pedir para que ela caia fora, corro o risco de falir e afundar seu pai junto nessa. E ela jamais me patrocinará sem receber algo em troca. E é isso que eu dou a ela. Um pouco de diversão na cama em troca de...

Aquilo era pior do que eu podia imaginar. Nenhuma mulher gosta de saber que foi trocada por dinheiro. Eu me sentia como mais um de seus negócios lucrativos. Eu me sentia menos do que um negócio, na verdade. Um contrato barato do qual ele não poderia se desvincular sem perder tudo. Um estorvo.

- Chega! – Exclamei. – Não quero mais ouvir nada! Você é tão mesquinho quanto meu pai! Ambos mais preocupados com dinheiro do que com a própria família! Se é isso que você quer então vá em frente! Mas eu não vou ficar aí para fingir ser feliz sendo a esposa modelo enquanto você se diverte com uma puta! Eu não farei parte desse mundo, e espero que você respeite a minha decisão, assim como eu respeito a sua, e não me procure. Não tenho intenção nenhuma de voltar e acabar com o seu show, não se preocupe. – Fiz uma pausa, tentando fazer com que minha voz soasse segura e não tremesse - E daqui a 30 anos, eu espero que o dinheiro ainda seja o suficiente para te fazer feliz, pois é tudo o que terá sobrado para você usufruir. Nem uma boceta jovem você terá mais, mas talvez, com o dinheiro, você consiga até pagar por uma, ou várias. – eu estava soluçando. Por que era tão difícil largar tudo para trás e seguir em frente? Fiz uma pausa no meu discurso, depois acrescentei – Adeus, Thiago. Espero que você consiga encontrar alguém que te ame ao menos metade do que eu te amei.

- Espere! – Ainda o ouvi gritar antes que desligasse.

Mas não queria mais falar com ele. Suspirei, me sentindo mais leve depois de dizer tudo o que queria. Agora as coisas haviam terminado definitivamente. E aquele capítulo da minha vida havia finalizado.

Ainda bem que tinha dado ouvidos à Melanie e conversado com ele. A dor continuava presente, e eu imaginava que sempre estaria lá, mas, ao menos, eu havia ouvido, entendido e desabafado de volta, eu estava pronta para recomeçar minha vida. Longe de tudo o que me fez mal até agora.

Desliguei o telefone. Eu estava a caminho de um novo país. Uma nova cidade. Um novo lar.

No começo, tinha pensado em pegar um avião, mas depois mudei de ideia e resolvi ir de trem. A parte boa em morar na Europa era que poderia morar em qualquer país que quisesse. E o destino que eu havia escolhido era Paris, França.

Eu nunca tinha ido para lá. Sempre deixando para depois, como se a França fosse o quintal de casa. Eu sabia que era um risco permanecer na Europa sabendo que poderia esbarrar em Thiago ou em meu pai mesmo sem querer.

Eu estava na minha cabine, pensando como minha vida havia tomado um rumo desconhecido em menos de um dia. Como a felicidade era efêmera.

Queria que minha mãe estivesse aqui. Era em momentos como esse, em que percebia que estava completamente sozinha, que gostaria que ela ainda estivesse viva, me apoiando no que fosse. Me dando conselhos.

A cabine do trem era modesta, já que eu não tinha comprado passagem de primeira classe. Melanie tinha se oferecido para pagar, já que eu tinha dito que precisaria guardar todo o meu dinheiro para comprar uma casa, e que me recusava a usar qualquer outro dinheiro que não fosse o meu próprio. Mas eu havia recusado sua oferta.

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