Resumo de Capítulo 14 – O Cafajeste já tem Dona por Érica Mayumi
Em Capítulo 14, um capítulo marcante do aclamado romance de Romance O Cafajeste já tem Dona, escrito por Érica Mayumi, os leitores são levados mais fundo em uma trama repleta de emoção, conflito e transformação. Este capítulo apresenta desenvolvimentos essenciais e reviravoltas que o tornam leitura obrigatória. Seja você um novo leitor ou um fã fiel, esta parte oferece momentos inesquecíveis que definem a essência de O Cafajeste já tem Dona.
Duas semanas depois...
THIAGO
Dizem que as pessoas só passam a sentir falta de algo quando o perdem para sempre. Agora eu acreditava nisso.
Foram duas longas semanas que eu me dediquei única e exclusivamente à empresa. Da casa para o trabalho e do trabalho para casa.
Henry tentou me animar e me levar para sair. Mas a depressão era tanta que poderia passar para ele. Não queria ver ninguém e nem falar com ninguém mais do que o necessário. No começo, tentei investigar se alguém sabia para onde ela tinha ido, mas se nem Henry sabia onde ela estava, quem saberia?
Tão logo consegui um apartamento, me mudei para ele. Não aguentava mais viver naquela casa, com todas aquelas recordações e ainda tendo que lidar com a acusação nos olhos da minha mãe e a pena estampada no rosto do meu pai.
Também decidi dar um fim ao meu celular. Richard me ligava a cada uma hora querendo saber para onde foi sua filha. Além disso, as únicas pessoas que me ligavam, além do meu sogro, eram as mulheres que pensavam que poderiam voltar à minha vida após a notícia de que eu e minha esposa estávamos vivendo separados ter se espalhado e saído, inclusive, nas revistas de fofoca, embora ninguém soubesse o motivo.
Não queria saber de mulher alguma. Só queria poder me afogar no trabalho e, quando voltasse para casa, me afogar no álcool. Só para esquecer.
E mesmo depois de encher a cara, quando deitava na cama ela era tudo em que eu conseguia pensar. Nunca em toda a minha vida a palavra “arrependimento” fez tanto sentido quanto agora.
Eu era a descrição ambulante para essa palavra. Pensava em quantas vezes fui feliz e não soube aproveitar. Meu peito queimava sempre que pensava nela. E eu pensava nela todo o maldito dia.
Até mesmo quando dormia, sonhava com ela. A maioria das vezes eram pesadelos. Era eu correndo atrás dela e tentando alcançá-la, mas não conseguia. Ou então ela estava deitada em uma cama desconhecida e eu a amava loucamente, mas quando gritava um nome, nunca era o meu e então eu percebia que aquele cara amando minha mulher era outro, um desconhecido sem rosto. Os sonhos variavam. Mas a sensação de perda quando eu acordava era sempre a mesma. Nunca ia embora e nunca diminuía.
Não conseguia nem mesmo olhar para Jéssica. Ela havia aparecido algumas vezes na empresa, buscando continuar com o nosso acordo, mas eu não quis nem recebê-la.
Aquele dia ela deu um escândalo e passou a me enviar mensagens ameaçadoras, dizendo que do bolso dela não sairia nem mais um centavo para patrocinar a minha empresa. Nem mesmo essa ameaça surtiu efeito. Eu estava cansado de ser ameaçado. Foi por causa dessas ameaças que agora eu não tinha mais a minha esposa.
Eu estava até mesmo pensando em pedir o divórcio e dar a minha parte da empresa para Richard. Eu me perguntava de que serviria um casamento estando tão longe dela. Mas acho que eu era um pouco egoísta também. Não queria deixá-la livre para continuar com a vida dela. De alguma forma acreditava que um dia ela voltaria, nem que fosse para pedir o divórcio. Eu não tinha coragem suficiente para deixá-la seguir com a sua vida com outro.
As palavras que me disse aquele dia por telefone ainda martelavam em minha cabeça “espero que o dinheiro seja suficiente para te fazer feliz”.
Só haviam se passado duas semanas e eu já tinha certeza que ela era a única coisa capaz de me fazer feliz. O dinheiro não importava mais. Nunca importou. Não mais que ela. Agora eu sabia disso. E pensar que eu a traí por dinheiro...
Esse é o pior tipo de traição que deve existir. Se eu amasse Jéssica teria uma desculpa melhor para o que fiz, mostrava que, independentemente dos meus erros, eu ainda tinha sentimentos. Mas trocá-la por dinheiro, só mostrou que eu não sabia o que estava fazendo.
Henry me disse que, com o tempo, esse sentimentos de perda diminuiria. Então eu estava esperando que diminuísse. Mas não acreditava nisso. Afinal, haviam se passado duas semanas e, todas as manhãs, quando eu acordava sozinho, o vazio era o mesmo.
ELENA
Fazia duas semanas que estava morando em Paris. No mesmo dia que cheguei, consegui uma casa modesta em um bairro pobre. Não era o melhor lugar para se morar sozinha, mas eu tinha feito amizade com alguns vizinhos e eles me pareceram pessoas decentes. Foi pela vizinhança que decidi ficar, assim como pelo valor que paguei naquele apartamento. O dinheiro da herança da minha mãe deu e ainda sobrou o suficiente para que eu vivesse por uns três meses sem precisar trabalhar. Mas logo o dinheiro acabaria e eu precisaria arranjar um emprego nem que fosse como babá.
Os vizinhos eram sempre amáveis. Será que eram assim em toda a cidade ou eu teria dado sorte?
Tão diferentes do meu bairro na Inglaterra, onde as pessoas trocavam olhares como se todos a sua volta cheirassem mal.
Foi na segunda semana desde a minha mudança que as coisas começaram a piorar.
Eu ainda estava muito mal e a minha tristeza era perceptível para qualquer um que me olhasse, embora eu fizesse um esforço sobre-humano para continuar a viver normalmente. Alguns dias eram piores do que outros. Nesses dias piores, Jean tentava tocar no assunto mas quando percebia que eu não desabafaria, ele me distraía de meus problemas, mudando de assunto. Às vezes funcionava, às vezes não.
Mas foi em um dia de trabalho que eu comecei a passar mal de verdade. A depressão era minha companheira, mas desmaiar? Nunca havia acontecido.
Jean achou que eu precisava ir a um médico e falou o tempo inteiro sobre quão mal eu estava me alimentando e que estava inclusive mais magra desde que me mudei. Será que desmaiei de fraqueza? Jean parecia acreditar que sim, e talvez tivesse razão. Não sentia muita vontade de comer.
Eu só conseguia pensar nele. O homem que me destruiu.
E pensar nele me tirava até a fome.
Jean fez questão de me levar no hospital, com medo de que desmaiasse novamente ou de que mentisse dizendo que fui.
Eu estava achando um exagero tudo aquilo. Era só um desmaio. Quem nunca desmaiou na vida?
Então ele foi o caminho todo me contando que sua mãe também era completamente saudável quando começou a sofrer desmaios e, quando ficou muito frequente e ela foi ao médico, já era tarde demais. Ela tinha leucemia.
Aquilo me deixou um pouco preocupada. Estaria eu sofrendo algo parecido? Não sabia se seria um alívio ou não descobrir algo assim. Por um lado, eu já me sentia morta por dentro. Mas por outro lado, havia um fio de esperança dentro de mim que ainda queria viver, ainda tinha muito o que viver. Não era assim que eu pensava em morrer. Em um país desconhecido, cercado de pessoas desconhecidas e onde ninguém sentiria minha falta. Aqueles amigos que havia feito recentemente logo superariam a minha perda e continuariam suas vidas, mal se lembrando de que um dia existi.
Se eu estivesse com algo tão grave quanto leucemia, eu provavelmente voltaria para a Inglaterra. Pelo menos ali foi onde nasci e cresci. Onde vivi toda a minha vida. Eu era inglesa e queria ser enterrada em solo inglês.
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