Resumo de Capítulo 15 – Uma virada em O Cafajeste já tem Dona de Érica Mayumi
Capítulo 15 mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de O Cafajeste já tem Dona, escrito por Érica Mayumi. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
Entrei sozinha no consultório do médico. No tive coragem de arrastar Jean para toda essa merda, mesmo que ele insistisse que não haveria problema em me fazer companhia.
Aquele problema não era dele. Eu não era problema dele. Deveria enfrentar o que viesse sozinha.
- Elena Evans? – O médico chamou meu nome de dentro do consultório. Lancei um último olhar para Jean e entrei sozinha.
Cumprimentei o médico e expliquei para ele o que havia acontecido. Ele me mandou para outra sala para fazer exame de sangue.
Levaria duas horas para sair o resultado. Então eu tinha duas opções: ficar e aguardar por duas horas ou ir embora e voltar outro dia.
O médico não soube me dizer logo de cara se eu sofria de algo incurável, se era grave ou não era nada. E os meus nervos me impediam de esperar até outro dia. Já estávamos lá mesmo.
Por isso que, 15 minutos depois, Jean e eu estávamos no Starbucks que havia dentro do hospital.
Estávamos dividindo um Capuccino quando falei:
- Sabe, você não precisa ficar esperando comigo. Posso voltar sozinha para casa. – era a terceira vez que dizia isso a ele. E, como em todas as outras vezes, ele respondeu:
- Se for grave, quero ser dos primeiros a saber e poder ajudar. E já conversamos sobre isso, não vou deixar você voltar sozinha e correr o risco de se perder, estando doente ou não.
Suspirando, e sabendo que estava lutando uma batalha perdida, mudei de assunto:
- Por que decidiu abrir uma boate?
- Eu não abri. Trabalhei naquela boate, como bartender, por muitos anos. – Isso explicava como ele conseguia fazer todos aqueles malabarismos com garrafas. – O antigo dono da boate já estava muito velho e queria se aposentar, então passou a empresa para mim.
- E você assumiu os negócios. – Falei. Não era uma pergunta, mas mesmo assim ele respondeu:
- Eu não queria, achava que era muito novo para isso, quando havia tantas pessoas mais experientes e que trabalhavam há mais tempo do que eu. Mas ele não me deu ouvidos, disse que ninguém cuidaria melhor da boate do que eu.
- Por que ele achava isso?
- Eu tinha carinho por aquele lugar. Comecei a trabalhar lá para poder pagar o tratamento da minha mãe, e foi o que me salvou.
- Eu sinto muito. – Não sabia o que mais dizer. Aquilo era muito triste.
O tempo voou enquanto a gente conversava. Embora eu percebesse que já não conseguia mais sorrir com tanta frequência quanto antes. Jean teria se dado bem com a antiga Elena. Com a nova, ainda não tinha certeza, nem eu mesma me conhecia.
Mas percebia que éramos duas pessoas quebradas para a vida. Ele, por causa da mãe que perdeu, não tendo mais ninguém. Assim como eu.
Quando voltamos para o consultório, duas horas depois, Jean fez questão de entrar comigo. Não queria me deixar sozinha independente da notícia que fosse receber. Era como se soubesse que eu não tinha mais ninguém a quem pedir ajuda, assim como ele.
O consultório parecia mais gelado do que antes. Ou talvez fosse o medo que gelava meu sangue.
Os exames já estavam nas mãos do médico, e ele começou a falar:
- Que bom que trouxe o seu marido junto, assim ele pode ouvir em primeira mão o que vou dizer.
Estávamos muito nervosos para negar que Jean fosse o meu marido, embora naquele momento parecesse, uma vez que, por algum motivo que não sabia explicar, eu ainda usava aliança, e Jean segurava minha mão tão forte que poderia quebrar meus ossos a qualquer momento.
Eu não aguentei esperar mais, falei:
- Pode dizer, doutor. É grave o que eu tenho?
- Grave? – O médico riu – Isso quem vai decidir são vocês.
Como assim?
- Você está grávida. – O médico continuou.
Grávida?!
Com certeza era muito grave... O que deveria fazer agora?
Grávida.
Grávida.
Grávida?!
Como pude ser tão descuidada e não perceber antes?!
- Doutor, não é possível. Deve ter algum engano. – falei.
- Os exames de sangue raramente se enganam. – Ele me falou – Mas se precisa de alguma prova, podemos fazer um ultrassom para ver se encontramos algum bebê aí dentro. O que acha?
- Nada. Isso já foi resposta suficiente.
Agradeci mentalmente que Jean fosse tão compreensivo ao que eu sentia, e que resolvesse deixar o assunto como estava. Não me obrigando a dar uma resposta.
A enfermeira chamou meu nome. Levantei. Jean também se levantou.
- Não precisa vir comigo. – Falei. Quando descobrisse a verdade, queria estar sozinha para pensar no que fazer.
- Eu quero estar lá. – Ele respondeu. Era como se soubesse que eu fosse precisar de um apoio. Mesmo que o que eu realmente quisesse era estar sozinha.
Quando já estava deitada, com a barriga descoberta, o médico entrou, seguido por Jean que estava esperando do lado de fora para me dar privacidade.
Eu estava nervosa. Minhas mãos tremiam e meu corpo inteiro estava tenso e gelado.
Quando o exame começou e pudemos olhar a imagem pela tela, Jean apertou a minha mão, me transmitindo calma, enquanto o médico estava em silêncio, olhando a imagem.
Eu olhava a tela também, mas não via nada demais. Era só um borrão.
A mão de Jean apertou a minha e, naquele momento, desejei que fosse Thiago ao meu lado, segurando minha mão, e que eu realmente estivesse grávida de um filho seu. Então, quando a notícia fosse dada pelo médico, ele olharia para mim e sorriria, emocionado, por estarmos iniciando nossa família.
Mas que merda eu estava pensando?!
- Bem... – O médico começou, me tirando de meus devaneios. Thiago nunca estaria ao meu lado, independente da notícia que o médico desse – Mantenho o que disse antes. Os exames de sangue raramente se enganam. Você está, de fato, grávida. Meus parabéns.
Então meu mundo parou e eu não sabia mais o que deveria fazer. Jean apertava minha mão, como se dissesse que tudo ficaria bem. Eu sabia que era mentira e que nada ficaria bem, nada jamais seria como antes de me casar. Sempre que eu olhasse para o meu próprio filho, me lembraria do que nunca conseguiria esquecer. A traição. Mas eu poderia tentar ser feliz. Eu e o meu filho.
Eu tentaria ser feliz pelo meu bebê.
O médico continuou a falar, dando recomendações e o que eu poderia esperar pelos próximos meses. Não dei muita atenção ao que dizia, foi Jean quem fez perguntas e se mostrou interessado. Eu ainda estava em choque. Mas independente das decisões que tomasse, eu tinha certeza de uma coisa.
Eu tentaria que tudo ficasse bem, não por mim, mas pelo meu filho.
Não sei se um dia poderia retornar para a Inglaterra. Mas daria ao meu filho tudo o que me faltou. Amor, carinho e compreensão.
Quando saímos do hospital, eu já não estava mais tão triste. E nem tão só. Pois embora aquela gravidez não tivesse sido planejada, aquele ser que crescia dentro de mim seria muito bem vindo. Eu já não estava mais sozinha e, um dia, haveria alguém que me amaria incondicionalmente. Alguém que era parte do homem que eu amava.
Sim, definitivamente eu nunca mais estaria sozinha. Pensei.
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