O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 15

Entrei sozinha no consultório do médico. No tive coragem de arrastar Jean para toda essa merda, mesmo que ele insistisse que não haveria problema em me fazer companhia.

Aquele problema não era dele. Eu não era problema dele. Deveria enfrentar o que viesse sozinha.

- Elena Evans? – O médico chamou meu nome de dentro do consultório. Lancei um último olhar para Jean e entrei sozinha.

Cumprimentei o médico e expliquei para ele o que havia acontecido. Ele me mandou para outra sala para fazer exame de sangue.

Levaria duas horas para sair o resultado. Então eu tinha duas opções: ficar e aguardar por duas horas ou ir embora e voltar outro dia.

O médico não soube me dizer logo de cara se eu sofria de algo incurável, se era grave ou não era nada. E os meus nervos me impediam de esperar até outro dia. Já estávamos lá mesmo.

Por isso que, 15 minutos depois, Jean e eu estávamos no Starbucks que havia dentro do hospital.

Estávamos dividindo um Capuccino quando falei:

- Sabe, você não precisa ficar esperando comigo. Posso voltar sozinha para casa. – era a terceira vez que dizia isso a ele. E, como em todas as outras vezes, ele respondeu:

- Se for grave, quero ser dos primeiros a saber e poder ajudar. E já conversamos sobre isso, não vou deixar você voltar sozinha e correr o risco de se perder, estando doente ou não.

Suspirando, e sabendo que estava lutando uma batalha perdida, mudei de assunto:

- Por que decidiu abrir uma boate?

- Eu não abri. Trabalhei naquela boate, como bartender, por muitos anos. – Isso explicava como ele conseguia fazer todos aqueles malabarismos com garrafas. – O antigo dono da boate já estava muito velho e queria se aposentar, então passou a empresa para mim.

- E você assumiu os negócios. – Falei. Não era uma pergunta, mas mesmo assim ele respondeu:

- Eu não queria, achava que era muito novo para isso, quando havia tantas pessoas mais experientes e que trabalhavam há mais tempo do que eu. Mas ele não me deu ouvidos, disse que ninguém cuidaria melhor da boate do que eu.

- Por que ele achava isso?

- Eu tinha carinho por aquele lugar. Comecei a trabalhar lá para poder pagar o tratamento da minha mãe, e foi o que me salvou.

- Eu sinto muito. – Não sabia o que mais dizer. Aquilo era muito triste.

O tempo voou enquanto a gente conversava. Embora eu percebesse que já não conseguia mais sorrir com tanta frequência quanto antes. Jean teria se dado bem com a antiga Elena. Com a nova, ainda não tinha certeza, nem eu mesma me conhecia.

Mas percebia que éramos duas pessoas quebradas para a vida. Ele, por causa da mãe que perdeu, não tendo mais ninguém. Assim como eu.

Quando voltamos para o consultório, duas horas depois, Jean fez questão de entrar comigo. Não queria me deixar sozinha independente da notícia que fosse receber. Era como se soubesse que eu não tinha mais ninguém a quem pedir ajuda, assim como ele.

O consultório parecia mais gelado do que antes. Ou talvez fosse o medo que gelava meu sangue.

Os exames já estavam nas mãos do médico, e ele começou a falar:

- Que bom que trouxe o seu marido junto, assim ele pode ouvir em primeira mão o que vou dizer.

Estávamos muito nervosos para negar que Jean fosse o meu marido, embora naquele momento parecesse, uma vez que, por algum motivo que não sabia explicar, eu ainda usava aliança, e Jean segurava minha mão tão forte que poderia quebrar meus ossos a qualquer momento.

Eu não aguentei esperar mais, falei:

- Pode dizer, doutor. É grave o que eu tenho?

- Grave? – O médico riu – Isso quem vai decidir são vocês.

Como assim?

- Você está grávida. – O médico continuou.

Grávida?!

Com certeza era muito grave... O que deveria fazer agora?

Grávida.

Grávida.

Grávida?!

Como pude ser tão descuidada e não perceber antes?!

- Doutor, não é possível. Deve ter algum engano. – falei.

- Os exames de sangue raramente se enganam. – Ele me falou – Mas se precisa de alguma prova, podemos fazer um ultrassom para ver se encontramos algum bebê aí dentro. O que acha?

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