Resumo do capítulo Capítulo 17 de O Cafajeste já tem Dona
Neste capítulo de destaque do romance Romance O Cafajeste já tem Dona, Érica Mayumi apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
E eu tinha razão. Levou uma maldita semana para ela me enviar o contrato. Não era como se eu tivesse pedido algo muito complicado. Era só um contrato que daria umas duas páginas, no máximo, onde eu transferia a minha parte da empresa para o nome de Richard mesmo que não tivesse havido quebra em nosso primeiro acordo. Era simples.
Deveria ter levado um dia para fazer e a desgraçada me enrolou por sete malditos dias.
Eu conferi meu e-mail a cada minuto durante sete dias. Sabia que Melanie tinha feito de propósito, o que só me deixava com ainda mais raiva dela.
Quando recebi o documento, imprimi logo, assinei onde me correspondia e fui para a sala de Richard, não queria perder nem um dia a mais. Pelo menos não depois de ter perdido sete fodidos dias.
A secretária dele disse que Richard estava ocupado em uma videoconferência. Entrei na sala mesmo assim. O que eu tinha a falar era mais importante do que qualquer almofadinha de merda pudesse dizer, e essas antas de terno e gravatas podiam ficar por horas falando. Eu tinha mais o que fazer, como por exemplo, caçar a minha esposa fujona.
Invadi seu escritório, dizendo:
- Temos que conversar sobre algo importante.
- Agora não dá, estou numa reunião. A secretária não avisou que eu estava ocupado?
- Avisou. Agora desliga, ou eu vou falar independente de quem esteja do outro lado e possa ouvir. – A minha voz foi firme e penso que foi isso que o convenceu a desligar.
- O que você quer? – Richard foi rude.
Joguei o contrato já assinado por mim na mesa e não disse mais nada. Me sentei na cadeira em frente à sua mesa e esperei que ele lesse.
Ele levou dez minutos para analisar minuciosamente o contrato, sem sequer erguer os olhos ou piscar.
Mesmo assim, quando acabou, perguntou:
- O que é isso?
- Ficou alguma dúvida? Não está claro o suficiente?
- Está claro sim, o que eu não entendo é...
- Se entendeu por que não assina logo?! – Perdi a paciência. Ultimamente era extremamente fácil me fazer perder o controle. E aquele momento era uma prova inegável da minha falta de controle. Lá estava eu gritando com o meu sócio.
- Se é o que você quer, não se preocupe, vou assinar. Eu só quero uma explicação do porquê. Ao menos isso eu mereço!
Ele tinha razão. Fomos amigos por anos, foi ele quem me treinou e me ensinou administração de empresas. Ele merecia uma explicação. E eu a daria. Passei 5 meses e três semanas sem a minha mulher, poderia passar mais uma hora.
Comecei:
- Eu vou buscá-la. Vou atrás dela. – Isso chamou a atenção de Richard. Eu não precisava dizer quem era “ela”, ele já sabia de quem se tratava.
- Você sabe onde ela está? Me disse que não sabia!
- E não sei. Mas tenho certeza que Melanie sabe, e vou arrancar isso dela se for preciso.
- Então vá – Ele disse – E traga a minha filha de volta para mim.
- Não, Richard. Você não entendeu. Tem um motivo para que eu esteja passando a minha parte da empresa para você.
- Você não pretende voltar, não é? – ele tentou adivinhar.
- Não se ela não quiser. Não pretendo obrigá-la a nada. Mas mais do que isso, não quero que haja qualquer tipo de contrato entre nós. E também quero... – Fiz uma pausa e me corrigi – Preciso que ela esteja ciente de que nenhum dinheiro ou empresa no mundo é mais importante para mim do que ela. Dessa vez é para valer e eu estou disposto a arriscar tudo para viver esse amor, mesmo que ela não me aceite de volta. Sei dos riscos que eu corro, que são grandes, mas eu já passei faz tempo da fase de me importar com qualquer outra coisa que não seja ela.
Fiquei em silêncio. E me surpreendi ao ver lágrimas em seus olhos. Seria possível que ele havia ficado emocionado com o meu discurso que, aos meus ouvidos, embora fosse verdadeiro soou meio clichê? Minhas dúvidas foram sanadas quando ele enxugou os olhos, pigarreou e disse:
- Então vá e diga isso a ela. Se disser com toda essa certeza que falou agora, então não há dúvidas de que conseguirá reconquistá-la. Minha filha merece ser feliz depois de tudo o que passou. Parece que, no fim, acabei escolhendo um bom marido para ela, mesmo que ela ainda não saiba. – Então ele fez uma pausa e sua voz soou muito mais dura – Mas se algum outro dia você a fizer sofrer novamente meto uma bala na sua cabeça. Entendeu?
- Entendi. – Respondi e me levantei da cadeira, acrescentando – Ah, e já que a empresa pertence 100% a você, será que poderia me fazer um favor e rasgar aquele acordo pré-nupcial que fizemos? Aquele que fala sobre não podermos nos divorciar.
Sem dizer nada ele pegou uns papéis da gaveta e colocou dentro da fragmentadora que havia em cima da mesa. Vi o contrato ser triturado diante dos meus olhos, sem poder deixar de pensar que aquele era o fim de um relacionamento que começou errado, mas que terminaria da forma mais certa possível.
Saí de seu escritório e de sua empresa, que um dia foi metade minha também. Não podendo deixar de me sentir livre. Livre para fazer o que eu quisesse, ir para onde quisesse. E, de todos os lugares que poderia ter ido, fui para o mais odioso deles. O escritório de Melanie. De forma alguma depois daqueles sete dias de espera, aquela retardada ia conseguir subir em meu conceito.
Entrei no prédio e, como sempre, entrei em sua sal também, sem pedir licença, como já estava sendo costume. Novamente ela estava sozinha na sala. Aquela mulher não trabalhava não? Deixei de pensar em coisas sem sentido e foquei no que era importante.
- Agora que já está tudo resolvido, me diga onde minha esposa se encontra. – Falei.
- Não direi se me passar o endereço direito. E dessa vez sem enrolação. Temos um acordo?
Estendi minha mão, que foi aceito por ela rapidamente. Não é como se eu tivesse dado alguma opção além dessa.
Mas Melanie pareceu contente com a trégua que eu impus.
Selamos o acordo e ela anotou o endereço num pedaço de papel, que eu dobrei e guardei no bolso como se estivesse embrulhando ouro.
Duas horas depois, eu estava desembarcando em solo francês. Tinha ido de trem já que o meu jato particular pertencia à empresa. Eu teria que me acostumar àquela vida de pobre, porque era isso o que eu era agora. Tudo o que eu tinha era um apartamento da Inglaterra e alguns zeros na minha conta, que me permitiria viver confortavelmente até eu decidir o que fazer.
Talvez eu devesse abrir uma outra empresa. Eu tinha a plena convicção de que, quem começou de baixo e sabe todos os passos para chegar ao topo, consegue se reerguer novamente.
Mas isso era um pensamento a longo prazo. Para dali a um ano ou mais. Tudo o que eu queria agora era rever a minha família. Cuidar do meu filho.
Filho. Essa palavra me deu arrepios de prazer. O mero pensamento de saber que eu seria pai me fazia o homem mais feliz do mundo, ao mesmo tempo que me deixava extremamente descontente por não ter passado pela cabeça de Elena que eu deveria saber que ia ser pai.
Obviamente ela pouco se importava com o que eu queria. Mas eu estava disposto a passar por cima da minha raiva se ela me desse uma chance. Uma oportunidade de viver tudo aquilo que eu gostaria. Acompanhá-la nas idas ao médico. Ver sua barriga crescer e se desenvolver. Sentir os chutes. Poder assistir ao parto. Pegar meu filho nos braços. Ouvi-lo me chamar de pai pela primeira vez. Vê-lo dar seus primeiros passinhos.
Esses pensamentos trouxeram lágrimas aos meus olhos. E agradeci a Deus por me dar uma chance de saber que ia ser pai. Pois eu tinha consciência de que se dependesse de Elena eu nunca saberia. Não saberia de sua existência. Nem o que significa ser pai. Sei também que deve ter escondido a gravidez por medo. Medo do que eu faria a eles. Mas ela estava enganada.
Eu tinha a intenção de ser o melhor pai do mundo.
Os meus milhões que fossem para o inferno. No meu futuro eu só conseguia enxergar Elena e meu filho, que eu esperava que fosse filha.
Sim, que fosse tão linda quanto a mãe e tão geniosa quanto. Eu me divertiria com a minha espingarda espantando qualquer marmanjo que olhasse para ela ou ficasse a menos de 1 km de distância. Talvez eu estivesse exagerando um pouco...
Não, eu não estava exagerando. E também não possuía uma espingarda, mas talvez devesse comprar uma.
Pensei em pegar um táxi, mas quando olhei a localização no GPS do celular, percebi que estava perto. Era melhor andar já que não podia mais ficar gastando tanto, se eu quisesse poder dar mais comodidade à minha filha e à mãe dela, que um dia seria minha esposa de fato novamente, e não só no papel.
Quando entrei no bairro e vi que já era naquela rua que ela morava, meu estômago embrulhou. Melanie tinha razão. Aquele não era o lugar ideal para um mulher grávida morar sozinha. Na verdade, não era lugar para ninguém morar, a não ser que quisesse ser assaltado ou coisa pior.
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