Aquela primeira noite debaixo do mesmo teto foi a situação mais difícil pela qual passei. Aquela mulher era forjada em aço. Teimosa e irredutível.
- Não vamos dormir na mesma cama! – Ela exclamou mais uma vez.
Aquela mulher poderia fazer um tutorial “Como tirar seu marido do sério em cinco segundos!”. Suspirei, cedendo ante sua teimosia.
- Tudo bem! Cansei dessa discussão. Vou dormir no sofá. Peguei um dos travesseiros da cama e saí do quarto, fechando a porta ao passar. Ainda pude ouvi-la gritar:
- Ei! Aonde vai com o meu travesseiro?!
Ignorei.
Ela finalmente ficou em silêncio, me deixando em paz. Como era irritante a voz dela quando repetia a mesma frase trezentas vezes!
O apartamento ficou em paz novamente. Já estava escuro do lado de fora. E a rua era estranhamente silenciosa naquele horário, o que contrastava muito de como era durante o dia, quando parecia uma feira.
Deitei no sofá e esperei.
Eu estaria sendo um mentiroso se dissesse que estava tentando dormir. Não estava. O que eu fazia era esperar que Elena dormisse para que eu pudesse me infiltrar em sua cama, como um ninja, e dormir ao seu lado.
Nem morto que, depois de tantos meses sem ela, eu fosse me contentar em dormir no sofá. Um puto sofá.
Esperei por duas horas, imaginando se ela já havia dormido. Era tempo suficiente, pensei.
Me sentindo como um ninja treinado, levantei do sofá completamente em silêncio e andei na ponta dos pés, olhando para todos os lados, como os ninjas fazem nos filmes.
Quando cheguei na porta fechada do quarto dela, empurrei a porta. E ela gritou.
Não gritou realmente, pois era só uma porta. Mas rangeu tão alto que mais parecia um grito. E lá se foi o meu papel de ninja treinado. Me xinguei mentalmente por aquele barulho. Mas Elena nem se moveu.
Passei pela porta entreaberta, me esgueirando pelas sombras, novamente no meu papel de ninja supremo. E me aproximei da cama.
Ainda bem que ela estava deitada em um dos lados da cama, e não no meio, ou então eu teria mais um trabalho de arrastá-la para um dos cantos.
Deitei na ponta da cama não ocupada por ela, e me aproximei, nos cobrindo com a coberta que ela usava. Então me aproximei mais e a abracei por trás, passando minha mão pelo seu ventre saliente. Acariciando meu filho.
O colchão era um pouco desconfortável demais, e pensei como uma mulher grávida acostumada com o luxo conseguia dormir naquela cama todas as noites, sem reclamar. Então seu cheiro impregnou meu nariz, e saber que estava dormindo na mesma cama que ela depois de meses, me fez pensar que o colchão pouco importava. Poderíamos estar dormindo no chão, que estaria igualmente me sentindo no paraíso, só pela sensação de poder abraçá-la.
Logo que o sol nascesse, eu me levantaria da cama e voltaria para o sofá, para que não desconfiasse.
Como um legítimo ninja.
Mas essa noite, só por aquela noite, poderia fingir que aquela mulher ainda me amava.
ELENA
Meu sono era inquieto. Novamente tive o mesmo sonho erótico onde Thiago era o protagonista principal. Todas as noites eram a mesma coisa, desde que eu engravidei. Mas dessa vez parecia mais real. E eu acordei ofegante e desejosa.
Havia um braço me rodeando, e uma mão descansando em cima do meu bebê. Era um gesto terno. Me sentia segura e protegida. E meu filho também parecia se sentir da mesma forma, já que não estava chutando em todas as direções como costumava fazer todas as noites quando eu acordava por causa daquele maldito sonho.
No meu estado de sonolência levei ainda alguns minutos para perceber que aquele braço não deveria estar ali, assim como aquele corpo. Ambos deveriam estar no sofá, e não na minha cama ou descansando na minha barriga.
Então aqueles braços me puxaram para perto daquele corpo quente. E eu me arrepiei, involuntariamente. Tentei sair do seu alcance, mesmo que essa não fosse a vontade do meu corpo, mas seus braços eram como correntes que me prendiam grudada ao seu peito, ou eu que tinha pouca força de vontade para afastá-lo. Mais provável que fosse a segunda opção.
Meu corpo tinha vontade própria e eu tentava resistir, mas tudo o que ele queria era que eu arrancasse nossas roupas, montasse em cima dele e afundasse aquele pau em... Não. Interrompi meus pensamentos. Isso não poderia acontecer nunca mais.
Tentei me levantar da cama mais uma vez. Mas foi impossível. Era difícil com aqueles braços me segurando e aquela barriga imensa.
Então senti, encaixado em minha bunda, aquele membro grosso. Seria muito fácil virar e subir em... Parei novamente e respirei fundo, controlando os hormônios da gravidez.
Então ele gemeu e esfregou seu nariz na parte de trás do meu pescoço, onde ele sabia que me deixava louca. Thiago estava acordado. Minha respiração acelerou, enquanto aquela mão, que até momentos atrás eu pensava fazer um gesto terno, já não tinha nada de terno. Ela escorregou por meu ventre, chegando até o meio das minhas pernas e se infiltrando dentro da minha camisola.
Antes da gravidez, gostava muito de dormir sem nada, mas agora eu sentia tanto frio que tinha se tornado impossível dormir sem roupa, embora eu ainda dormisse sem calcinha.
Quando sua mão acariciou minha pele nua, tão perto de onde eu queria e, ao mesmo tempo, tão perto de onde eu não podia deixá-lo chegar, segurei sua mão e disse:
- O que pensa que está fazendo?
- Shhh... Fica quietinha que eu vou dar o que você quer. – Ele falou no meu ouvido, com sua voz rouca, enviando arrepios pela minha coluna.
- Quem disse que eu quero isso?
- Você estava gemendo e suspirando meu nome, era bem óbvio a sua necessidade.
Droga!
Sua mão escorregou mais um pouco para cima das minhas pernas, entre elas. E eu esqueci até o meu próprio nome. Seu polegar roçou em meu clitóris uma única vez antes de ficar imóvel.
Arfei.
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