O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 22

Resumo de Capítulo 22: O Cafajeste já tem Dona

Resumo de Capítulo 22 – Uma virada em O Cafajeste já tem Dona de Érica Mayumi

Capítulo 22 mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de O Cafajeste já tem Dona, escrito por Érica Mayumi. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.

Nós descemos novamente e ele me levou para a cozinha.

Ele fez um cachorro quente que estava delicioso.

- Admita que não é só o meu chocolate quente que é delicioso. – Jean falou.

- Se eu admitisse em voz alta nós três não caberíamos dentro dessa casa. – Brinquei.

- Nós três?

- Eu, você e o seu ego gigante.

Ele gargalhou. Depois ficou sério e perguntou:

- Está melhor?

- Eu vou superar. – Foi toda a resposta que dei.

Não queria mentir. A verdade era que, embora sorrisse, não me sentia nada bem. Tudo estava tão confuso em minha mente e, mesmo que eu tentasse me convencer de que não ligava para a opinião de Thiago, eu ligava. Me importava com o que pudesse pensar a meu respeito. E doía imaginar que era aquilo o que pensava de mim.

Era seu filho que estava dentro de mim. Como poderia duvidar disso? Eu me sentia como a pior merda entre as merdas.

- Eu vou até o seu apartamento agora. – Ele se levantou, embora nem tivesse terminado de comer ainda. – Quer alguma coisa específica de lá?

Neguei.

Jean estava me dando espaço. Me dando um tempo para ficar sozinha. Ele sabia que era disso que eu precisava no momento. O que me fez pensar, como alguém que me conhecia a tão pouco tempo poderia me entender melhor do que o meu próprio marido?

Era gentil da parte dele sair da sua própria casa para que eu tivesse um pouco de espaço para chorar.

Terminei de comer e sentei no sofá, esperando ele voltar. Então comecei a ouvir vozes vindas do corredor, ou do apartamento ao lado.

- Onde ela está?! – Essa era a voz de Thiago. Sim, ele já devia estar de volta.

- Saia do meu caminho! – E esse era Jean.

Então me arrependi de ter sido covarde e não ter voltado para buscar minhas próprias coisas e enfrentá-lo eu mesma. Jean e Thiago estavam se enfrentando e isso não terminaria bem. Tinha criado uma confusão.

Levantei do sofá, pensando se deveria ir até lá acalmar os ânimos. Então refleti: O que uma mulher grávida poderia fazer, além de acabar inflamando ainda mais a situação? Sim, era provavelmente o que aconteceria. Além do fato de ter sido eu a causante de toda essa animosidade.

Preferi esperar. Um pouco nervosa com a demora, comecei a caminhar pela sala, numa tentativa de me acalmar. Não funcionou. Ao menos ali eu estaria segura. Ou isso era o que eu imaginava.

As vozes se aproximaram, imaginei que estariam logo do outro lado da porta. Ainda discutiam. Thiago ainda exigia saber onde eu estava. Então a porta se abriu e Jean entrou. E, por uma fração de segundo, meus olhos se encontraram com os de Thiago. A primeira coisa que me passou pela cabeça era que ele não estava nada bem. Expressão cansada, olhos vermelhos, a roupa amarrotada.

Quando me viu ali parada, Thiago entrou no apartamento, como um raio, antes que a porta fosse fechada na sua cara, parando na minha frente. Com medo, dei um passo para trás.

- Ela não quer falar com você. – Jean falou – Saia da minha casa.

- Volte para casa – Thiago falou, me olhando – por favor.

Neguei com a cabeça e, num acesso de ódio mortal por tudo o que me fez, falei:

- Vou ficar com Jean, não acho bom que o filho dele fique na mesma casa que você.

Ele se encolheu com as minhas palavras. Não sei o que aconteceu para que mudasse drasticamente desde que saiu da minha casa, mas não queria saber se estava arrependido, se percebeu o que fez ou se era um puto milagre divino, seja o que for que o transformou, não me convencia. O mal precisava ser cortado pela raiz. E era isso o que eu estava fazendo, me convenci. Não seria mais um nome no noticiário de tragédias.

Esse era o mínimo que eu poderia fazer por mim e pelo meu filho. Nos poupar.

- Agora saia. – Falei – Eu fico enjoada só de olhar para a sua cara.

Dei as costas para ele, pensando que havia terminado aquela conversa. Não se dando por vencido, ele caiu de joelhos e me agarrou a mão. Me virando.

Ele não me deu ouvidos, não importando quantas vezes insistisse que poderia andar. Seu olhar mostrava preocupação enquanto me carregava escada abaixo como se não pesasse nada.

Me colocou na parte de trás do carro e partimos.

Quando chegamos no hospital, a dor estava mais forte. Foram necessários dois enfermeiros e uma cadeira de rodas para me tirarem do carro.

O que aconteceu em seguida foi um borrão de cores confusas. Lembro-me de entrar no hospital e de fazerem perguntas sobre o meu estado. Não me recordo nem das respostas que dei.

Só queria que a dor desaparecesse.

O médico apareceu para me acalmar. Eu estava muito nervosa e isso não estava fazendo bem, nem a mim e nem ao bebê, foi o que ele disse. O que eu perguntei foi:

- Doutor, qual o problema com o meu filho? Por que ele vai nascer prematuro? Ainda não é a hora! Aí meu Deus, não estou sofrendo um aborto, estou? Por favor, essa criança é tudo para mim, não suportaria uma perda dessas! O que está acontecendo? Não me deixe perder o meu filho! – Isso era tudo em que eu conseguia pensar. Metralhei o médico de perguntas, não dando margens para que ele respondesse.

- Não se preocupe. Não é um aborto. Você entrou em trabalho de parto. Embora seja prematuro, é comum acontecer em algumas gestações quando o bebê cresce muito. Ainda é cedo para saber ao certo o que aconteceu. Quando nascer faremos alguns exames para ter certeza de que está bem. – Ele fez uma pausa e mudou de assunto – Me disseram que o pai do seu filho está lá fora, ele vai assistir ao parto?

- Não, doutor, ele prefere não assistir. – Ele assentiu e saiu da sala de parto sem dizer mais nada. Depois de tudo o que me fez passar, eu não o queria ver nem em mil anos.

O que eu menos queria naquele momento era estar sozinha, estava com dor, com medo e queria desesperadamente chorar. Mas não queria que minha única opção de consolo fosse Thiago, a única pessoa do planeta que eu não queria ver nunca mais.

Por um instante, pensei em voltar atrás no que falei, e pedir para que ele entrasse, mas ele não me amava de verdade, me lembrei. Chamou o próprio filho de bastardo. Eu nunca o perdoaria por isso, e não o queria ao meu lado em um momento tão importante.

Novamente, era eu contra o mundo, como quando decidi partir da Inglaterra. Mas a minha solidão estava prestes a acabar. Logo eu nunca mais estaria sozinha.

Foram horas de sofrimento.

Eu via enfermeiros entrando e saindo da sala. Preparando equipamentos e checando o tempo entre as contrações.

Eu pensei que fosse morrer sozinha naquela sala.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Cafajeste já tem Dona