Resumo de Capítulo 23 – O Cafajeste já tem Dona por Érica Mayumi
Em Capítulo 23, um capítulo marcante do aclamado romance de Romance O Cafajeste já tem Dona, escrito por Érica Mayumi, os leitores são levados mais fundo em uma trama repleta de emoção, conflito e transformação. Este capítulo apresenta desenvolvimentos essenciais e reviravoltas que o tornam leitura obrigatória. Seja você um novo leitor ou um fã fiel, esta parte oferece momentos inesquecíveis que definem a essência de O Cafajeste já tem Dona.
THIAGO
Horas antes...
Eu havia perdido a cabeça.
Saí daquela casa transtornado. E logo que coloquei os pés na rua, já tinha me arrependido de tudo o que disse e fiz. Eu a tratei como lixo. Ela não merecia aquilo.
Sabia que tinha sido rude e usado mais força do que deveria. Fiquei possesso ao ouvi-la dizer que tinha se entregado a outro.
Sabia que não tinha esse direito. Não quando fui eu quem não foi fiel primeiro. Foi por minha causa que ela se afastou, não poderia culpá-la se tivesse decidido seguir com a sua vida, mesmo que no papel ainda fosse casada comigo.
Tudo o que disse e o tanto que a magoei, foi dito da boca para fora. Eu não acreditava que meu próprio filho fosse um bastardo. Também não acreditava que minha esposa era uma puta e nem que tivesse dormido com o tal Jean. E sabia que jamais teria coragem de abandoná-la novamente e muito menos tirar o nosso filho de perto dela.
E me odiei ainda mais por dizer tudo isso. Por magoá-la sem motivos. Por fazê-la acreditar em tudo aquilo.
Dei umas voltas pelas ruas de Paris, precisando esfriar a cabeça antes de voltar para casa.
Antes de voltar para ela.
Quando saí por aquela porta, já sabia que havia cagado tudo de novo. O mínimo que poderia fazer era dar um tempo para que se acalmasse. O que foi provavelmente um erro.
Acabei dando a ela tempo para fugir novamente. E não suportaria se me afastasse de novo.
Quando voltei para o apartamento, e vi que ela não estava em canto algum, pensei no pior. Pensei que estivesse revivendo meu pesadelo novamente.
Mas após um olhar mais minucioso, percebi que suas roupas estavam no mesmo lugar. Ela não iria embora sem as coisas dela, iria?
Pouco tempo depois, a porta do apartamento se abriu e eu corri para a sala, pensando que fosse ela. Mas não era. Era o tal Jean, com quem eu tinha absoluta certeza que ela não havia transado, pelo simples fato de conhecê-la tão bem e saber que jamais faria algo tão imoral como trair. O máximo que ela faria seria pedir o divórcio antes de se envolver novamente.
Ela não tinha pertencido a ninguém depois de mim.
Quando vi seu amigo entrar no apartamento, já desconfiava de onde e com quem ela pudesse estar.
Não perdi tempo em confrontá-lo.
- Onde ela está? – Perguntei.
- Saia do meu caminho. – Foi tudo o que disse.
- Onde ela está? – Repeti.
- Se ela quisesse que você soubesse teria dito, não acha? No que estava pensando quando falou tudo aquilo para ela? Sabe o estado deplorável com que bateu na minha porta? Não pensou que pudesse tê-la machucado? Feito com que perdesse o bebê?
Sim. Tudo isso havia passado pela minha cabeça depois que já tinha causado tudo aquilo.
- Eu não pensei na hora, ok?
- E é por isso que ela ficará melhor onde está. Até que você aprenda a pensar. Isso é muito complicado para você? – Perguntou, com deboche.
Eu odiava aquele cara. E odiava ainda mais que ele fosse fiel a Elena e não dissesse onde estava.
- Agora saia da minha frente que eu preciso pegar as coisas dela.
- Para onde ela está indo? – Perguntei, entrando em desespero, mas deixando-o passar.
- Não se preocupe, ela não vai tentar fugir de novo. Todo o dinheiro dela foi gasto para construir uma vida aqui na França sabe? Ela não tem mais recursos para ir para qualquer outro lugar e ainda precisa economizar para as coisas do bebê. E tudo o que ela menos precisava era de você lembrá-la que não tem onde cair morta e que pode tirar o filho dela a qualquer momento!
É. Eu tinha sido um canalha. Nisso parecíamos concordar.
- Eu jamais faria isso... – Comecei.
- Não é para mim que deve dizer tudo isso. – Ele me cortou. Já com algumas roupas dela em uma mochila e saindo do apartamento.
Fui atrás dele no corredor.
- Então me diga onde ela está para que eu possa dizer a quem merece ouvir!
Ele abriu a porta do apartamento ao lado e eu tive um vislumbre do interior e da dona dos meus pensamentos, que por casualidade estava lá dentro.
Meu coração quase parou de bater naquele instante. Tanto pela surpresa de saber que estava tão perto do meu alcance, como pelo fato de parecer tão abalada e saber que eu fui o único e exclusivo causante daquele sofrimento todo.
Eu merecia a morte.
Sem conseguir pensar no que fazia, entrei antes que a porta fechasse na minha cara. E quando vi, já estava me humilhando, ajoelhado e implorando. Se fosse o antigo eu, isso jamais aconteceria. Nem sequer me lembro de uma única vez que pedi desculpas a alguém, imagine então implorar de joelhos.
Mas por ela eu faria qualquer coisa.
Dei a ela a oportunidade de dizer tudo o que queria. E já sabia que me rejeitaria. Mas eu não tinha ido para a França para dar meia volta e retornar de mãos vazias e o peso da derrota sobre os meus ombros.
Eu precisava tê-la de volta. E precisava que entendesse que eu ainda faria muitas merdas antes de dar o primeiro acerto.
Saí daquele apartamento ainda arrasado, mas com uma nova força de vontade de fazer as coisas darem certo entre nós.
Eu não acreditava que as coisas fossem irreversíveis, não quando se tratava de amor.
Tinha acabado de entrar no apartamento de Elena quando Jean irrompeu pela porta, quase me causando um infarto e pegou uma bolsa.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- O bebê vai nascer.
Isso foi tudo o que precisei saber para correr atrás dele.
Obviamente havia um motivo, só não era culpa do médico.
- Não. – Foi Thiago quem falou – Eu vou ficar.
- QUAL A PARTE DE “EU NÃO QUERO VOCÊ AQUI” QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU, PORRA?!
Parecia que meus gritos não o afetavam de forma alguma, e isso me causou uma tremenda irritação. Queria que ele saísse correndo, assustado. Não o queria perto de mim.
Lágrimas brotaram dos meus olhos e soluços escaparam da minha garganta sem que eu pudesse me controlar.
- DOUTOR! – Gritei, por algum motivo aquele era o volume mais baixo que eu conseguia empregar em meio à dor – EU QUERO TER MEU FILHO COM PAZ E TRANQUILIDADE! COMO QUER QUE FAÇA ISSO COM ESSE CARA ASSISTINDO O NASCIMENTO DO MEU FILHO BASTARDO?!
As pessoas dentro daquela sala ficaram repentinamente mudas. Ninguém respirava. Sequer piscavam. Eu estava dando um show.
O médico parecia desconcertado, e não sabia o que fazer com aquela informação.
Indeciso, se dirigiu a Thiago:
- Embora eu acredite que ter uma companhia nesses momentos ajude a mãe a ter forças para parir, não posso consentir que fique tão transtornada.
- Você quer que eu saia. – Thiago falou, sua voz sem demonstrar qualquer sentimento.
- Tanto estresse não será bom nem a ela e nem ao bebê. – O médico justificou.
Eu pensei que ele fosse simplesmente sair. Ele parecia decepcionado, e algo dentro de mim se contorce de angústia. Mas o que fez surpreendeu a todos nós.
Eu gemi enquanto mais suor brotava em meu rosto. Estava empapada.
Thiago ajoelhou ao lado de onde eu estava deitada, e segurou minhas mãos. Nossos olhos ficaram na mesma altura. Então ele falou:
- Por favor, quero participar da vida do meu filho. Não me tire a alegria de vê-lo nascer, de estar com você e poder ser um dos primeiros a segurá-lo. Não me tire isso, Elena. Por favor. Me deixe estar ao seu lado e segurar sua mão. Sei que errei, e me arrependerei todos os dias pelo resto da minha vida pelo que causei a vocês dois e por não ter conseguido participar dessa gravidez desde o início. Sei que não mereço, mas me deixe mostrar que vocês são os únicos que realmente importam para mim.
Não sei o que fez meu coração amolecer. Talvez fosse o fato de ter percebido que não precisaria estar sozinha naquele momento. Eu poderia estar com dor, poderia estar sofrendo, mas não precisava estar sozinha. Ou talvez fosse porque estava esgotada e não queria lidar com mais um problema. Parir uma criança já era problema suficiente. Ou talvez fosse uma combinação de ambas as coisas.
Aquilo podia abrir muitas portas no futuro. Portas indesejáveis, na verdade. Mas não me importei naquele momento. Havíamos colocado aquele filho juntos dentro de mim e juntos tiraríamos ele do meu ventre.
Entrelacei meus dedos aos seus e disse:
- Juntos?
- Juntos. – Ele confirmou e apertou meus dedos. De certa forma, conseguindo transmitir calma.
A partir daquele momento, ele ficou segurando minha mão pelas próximas 12 horas. Eu não poderia ter pedido alguém melhor para estar ao meu lado, embora nunca fosse admitir isso nem para mim mesma.
- Empurre!
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