O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 24

- Empurre! – O médico falou novamente.

Será que não via que se fizesse ainda mais força meu estômago iria sair pela minha vagina?!

Empurrei novamente, mas depois de tantas horas em trabalho de parto já não tinha a mesma energia de antes.

- Empurre! Falta pouco! – O médico repetiu novamente.

Três horas atrás ele disse que faltava pouco... Eu já não acreditava mais naquele imbecil!

- Vamos, amor. Já quase terminou. – Thiago falou no meu ouvido. Nem tive forças para retrucar sobre aquele jeito carinhoso pelo qual me chamou.

- É FÁCIL PARA VOCÊS FICAREM AÍ FALANDO QUE FALTA POUCO QUANDO SOU EU QUE ESTOU PARINDO O QUE PARECE SER UMA BOLA DE BASQUETE! – Falei para eles.

Eles me ignoraram, como vinham fazendo desde que comecei a xingar a quinta geração deles.

Então eu senti, quando alguma coisa escorregou para fora de mim, e logo escutei o som do alívio.

Para o resto do mundo poderia ser um choro de uma criança, mas para mim, naquele momento, era o som do alívio, pois significava que o sofrimento tinha acabado.

- É um menino. – A enfermeira falou, passando o bebê para os braços ansiosos de Thiago.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a dor retornou, com força total.

Gritei.

As pessoas se assustaram.

E eu ainda mais por ter imaginado que o meu sofrimento não tinha fim.

O médico foi novamente para o meio das minhas pernas, provavelmente ver o que tinha de errado.

Thiago estava apavorado e praticamente jogou meu filho para os braços de uma enfermeira, que saiu apressada com o meu filho no colo.

Eu quis gritar, pedir e implorar para que pelo menos pudesse ver o rosto do meu bebê antes de morrer. Mas não tive forças para fazer outra coisa além de gritar de dor.

- O que está acontecendo com a minha mulher doutor?! – Thiago parecia apavorado. – Por que ela ainda está gritando se o meu filho já nasceu?!

- Vem outro à caminho. – ele nos informou.

Outro?! Ele só podia estar brincando!

- Mais um?! – Thiago ficou histérico – Mais um?! Porra! Desse jeito vou sair dessa sala com mais cabelos brancos do que o meu pai! Cacete! Como posso cuidar de duas crianças se não sei nem cuidar de mim?! PORRA!

Thiago estava surtando. Na verdade, eu também estaria se não estivesse esgotada.

- Empurre!

Estava cansada de ouvir aquela palavra miserável! Por que ele não vinha empurrar para mim então?

- Uma última vez, empurre bem forte!

Reunindo forças provavelmente de Marte, dei um último grito antes que a dor repentinamente passasse.

E mais um som de alívio. O choro forte e constante daquele ali me mostrava que tinha mais pulmão do que seu irmão. E que daria trabalho.

- É menina. – O médico anunciou, ainda segurando minha filha nos braços.

Uma filha.

Vi quando o médico ofereceu ela para Thiago segurar.

Então ele a trouxe para perto de mim.

Nossos olhos se encontraram e o que vi refletido me desarmou completamente. Seus olhos estavam marejados e eu via amor.

Naquele momento eu soube. Aquela garotinha seria a bonequinha do papai para sempre e ocuparia um lugar especial em seu coração. Um lugar inalcançável para qualquer outro. E, se era possível, naquele momento passei a amá-lo ainda mais por isso, por ser capaz de amar algo que sempre seria metade meu.

Antes que desmaiasse de cansaço, ainda pude vê-lo dizer a mim:

- Obrigado.

Eu sabia porque estava me agradecendo. Por ter dado a ele a maior prova de amor que uma mulher pode dar ao homem. Filhos.

Então eu apaguei.

THIAGO

- DOUTOR! – Gritei, em pânico. – ELA DESMAIOU! ELA DESMAIOU!

Elena estava inconsciente e por pouco não derrubei minha filha no chão na minha ânsia de fazer alguma coisa para acordá-la.

O médico a olhou e simplesmente disse:

- É só cansaço. Vamos levá-la até um dos quartos na maternidade e você pode acompanhá-la. Enquanto isso as enfermeiras vão preparar seus filhos. Dê a criança.

Então reparei que ao meu lado havia uma mulher esperando que eu desse minha filha para ela.

Relutantemente, eu a entreguei, dizendo:

- Cuidado com ela. – Foi algo idiota para se dizer, admito. Afinal, aquela mulher provavelmente estava acostumada a cuidar de recém-nascidos.

Fui expulso da sala de parto, sob o pretexto de que deveria esperar na sala de espera até que fosse chamado para ir ao quarto, quando estivesse pronto.

Me juntei a Jean no corredor. Ele parecia ansioso.

- E então? – Me perguntou. – Como ele é? É menino?

- Você não assistiu o parto inteiro? – Perguntei.

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