Resumo do capítulo Capítulo 24 de O Cafajeste já tem Dona
Neste capítulo de destaque do romance Romance O Cafajeste já tem Dona, Érica Mayumi apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
- Empurre! – O médico falou novamente.
Será que não via que se fizesse ainda mais força meu estômago iria sair pela minha vagina?!
Empurrei novamente, mas depois de tantas horas em trabalho de parto já não tinha a mesma energia de antes.
- Empurre! Falta pouco! – O médico repetiu novamente.
Três horas atrás ele disse que faltava pouco... Eu já não acreditava mais naquele imbecil!
- Vamos, amor. Já quase terminou. – Thiago falou no meu ouvido. Nem tive forças para retrucar sobre aquele jeito carinhoso pelo qual me chamou.
- É FÁCIL PARA VOCÊS FICAREM AÍ FALANDO QUE FALTA POUCO QUANDO SOU EU QUE ESTOU PARINDO O QUE PARECE SER UMA BOLA DE BASQUETE! – Falei para eles.
Eles me ignoraram, como vinham fazendo desde que comecei a xingar a quinta geração deles.
Então eu senti, quando alguma coisa escorregou para fora de mim, e logo escutei o som do alívio.
Para o resto do mundo poderia ser um choro de uma criança, mas para mim, naquele momento, era o som do alívio, pois significava que o sofrimento tinha acabado.
- É um menino. – A enfermeira falou, passando o bebê para os braços ansiosos de Thiago.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a dor retornou, com força total.
Gritei.
As pessoas se assustaram.
E eu ainda mais por ter imaginado que o meu sofrimento não tinha fim.
O médico foi novamente para o meio das minhas pernas, provavelmente ver o que tinha de errado.
Thiago estava apavorado e praticamente jogou meu filho para os braços de uma enfermeira, que saiu apressada com o meu filho no colo.
Eu quis gritar, pedir e implorar para que pelo menos pudesse ver o rosto do meu bebê antes de morrer. Mas não tive forças para fazer outra coisa além de gritar de dor.
- O que está acontecendo com a minha mulher doutor?! – Thiago parecia apavorado. – Por que ela ainda está gritando se o meu filho já nasceu?!
- Vem outro à caminho. – ele nos informou.
Outro?! Ele só podia estar brincando!
- Mais um?! – Thiago ficou histérico – Mais um?! Porra! Desse jeito vou sair dessa sala com mais cabelos brancos do que o meu pai! Cacete! Como posso cuidar de duas crianças se não sei nem cuidar de mim?! PORRA!
Thiago estava surtando. Na verdade, eu também estaria se não estivesse esgotada.
- Empurre!
Estava cansada de ouvir aquela palavra miserável! Por que ele não vinha empurrar para mim então?
- Uma última vez, empurre bem forte!
Reunindo forças provavelmente de Marte, dei um último grito antes que a dor repentinamente passasse.
E mais um som de alívio. O choro forte e constante daquele ali me mostrava que tinha mais pulmão do que seu irmão. E que daria trabalho.
- É menina. – O médico anunciou, ainda segurando minha filha nos braços.
Uma filha.
Vi quando o médico ofereceu ela para Thiago segurar.
Então ele a trouxe para perto de mim.
Nossos olhos se encontraram e o que vi refletido me desarmou completamente. Seus olhos estavam marejados e eu via amor.
Naquele momento eu soube. Aquela garotinha seria a bonequinha do papai para sempre e ocuparia um lugar especial em seu coração. Um lugar inalcançável para qualquer outro. E, se era possível, naquele momento passei a amá-lo ainda mais por isso, por ser capaz de amar algo que sempre seria metade meu.
Antes que desmaiasse de cansaço, ainda pude vê-lo dizer a mim:
- Obrigado.
Eu sabia porque estava me agradecendo. Por ter dado a ele a maior prova de amor que uma mulher pode dar ao homem. Filhos.
Então eu apaguei.
THIAGO
- DOUTOR! – Gritei, em pânico. – ELA DESMAIOU! ELA DESMAIOU!
Elena estava inconsciente e por pouco não derrubei minha filha no chão na minha ânsia de fazer alguma coisa para acordá-la.
O médico a olhou e simplesmente disse:
- É só cansaço. Vamos levá-la até um dos quartos na maternidade e você pode acompanhá-la. Enquanto isso as enfermeiras vão preparar seus filhos. Dê a criança.
Então reparei que ao meu lado havia uma mulher esperando que eu desse minha filha para ela.
Relutantemente, eu a entreguei, dizendo:
- Cuidado com ela. – Foi algo idiota para se dizer, admito. Afinal, aquela mulher provavelmente estava acostumada a cuidar de recém-nascidos.
Fui expulso da sala de parto, sob o pretexto de que deveria esperar na sala de espera até que fosse chamado para ir ao quarto, quando estivesse pronto.
Me juntei a Jean no corredor. Ele parecia ansioso.
- E então? – Me perguntou. – Como ele é? É menino?
- Você não assistiu o parto inteiro? – Perguntei.
- Sua esposa já foi levada para o quarto. Queira me acompanhar, por favor.
Andamos por alguns corredores, até chegar em um que era claramente destinado às mães e aos recém-nascidos. A recepção era alegre e decorado com temas infantis. As portas dos quartos tinham decorações com nomes dos bebês. E eu fiquei impressionando que as pessoas fossem capazes de pensar nos mínimos detalhes para tornar aquele ambiente mais acolhedor.
Ela me conduziu até uma porta branca, e sem decoração alguma.
- É aqui? – Estranhei.
- Sim.
- E por que... – Fiz uma pausa, pensando se a minha pergunta soaria muito idiota. Mas, como pai, e querendo que meus filhos tivessem o melhor, eu precisava saber – E por que não colocaram decoração na porta? Parece mais um quarto abandonado.
Soou como uma queixa. E a enfermeira ficou vermelha.
- Senhor... – Ela disse – As decorações nas portas são trazidas pelos pais e colocamos na porta a pedido deles. Não é o hospital que fornece.
- Ah. – Foi tudo o que consegui responder.
Como pude ser tão idiota? É claro que não era o hospital que fornecia. Se tinha até o nome dos recém-nascidos!
Me xinguei mentalmente por não ter pensado em mandar fazer uma decoração, mesmo que fosse sem nome. É claro que Elena não teria mandado fazer uma, Jean já tinha me dito que ela precisava economizar para depois que nascessem. Não podia ficar gastando com coisas inúteis. Mas eu poderia ter comprado.
Não era à toa que Elena ainda não tinha me perdoado. Eu era mesmo um idiota. Um retardado. Um demente. E coisa pior.
Talvez eu estivesse fazendo uma tempestade em uma tampinha de xarope, mas depois que tive o prazer de segurar os meus filhos nos braços e sentir a emoção que me tomou, eu sabia que seria capaz de fazer qualquer coisa por meus filhos, e ainda estava um pouco emotivo demais.
Mas o fato era que eu queria uma decoração de porta para os meus filhos. Eles mereciam. Elena merecia.
Porra! Doze horas em trabalhado de parto não era para qualquer um!
E eu daria essa alegria para ela.
- Onde posso conseguir um desses? – Perguntei para a enfermeira.
Ela arregalou os olhos.
- Tão em cima da hora é impossível, senhor. Mas... – Ela fez uma pausa – Se o senhor faz tanta questão, tem um lugar aqui perto que faz sob encomenda. Não sei se eles fazem de um dia para o outro, mas você pode ligar e perguntar. – Então ela me levou até o balcão da recepção e me entregou um cartão.
- Obrigado. – Falei.
Estava muito cedo para ligar, mas não para mandar uma mensagem. Escrevi:
"Bom dia, estou precisando de uma decoração de porta. Meus filhos já nasceram então é um pouco urgente. Pago o dobro se puder dar preferência ao meu pedido."
Enviei e voltei a desligar o celular.
Minha mãe ainda não havia visto a mensagem que tinha mandado a ela, mas como sabia que acordava cedo e que surtaria quando visse, não queria dar brecha para que me atormentasse.
Então entrei no quarto.
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