Resumo de Capítulo 26 – Capítulo essencial de O Cafajeste já tem Dona por Érica Mayumi
O capítulo Capítulo 26 é um dos momentos mais intensos da obra O Cafajeste já tem Dona, escrita por Érica Mayumi. Com elementos marcantes do gênero Romance, esta parte da história revela conflitos profundos, revelações impactantes e mudanças decisivas nos personagens. Uma leitura imperdível para quem acompanha a trama.
Ele se alarmou:
- Você não gostou?! Posso comprar outro, se quiser. Que tal um com nome agora que já escolhemos?
Isso só fez com que chorasse mais.
- É perfeito. Obrigada.
Ele relaxou e pegou Lizie no colo novamente.
É, ela realmente era a queridinha do papai.
Eu passei uma semana no hospital, para que o médico tivesse certeza de que Lizie e Alex estavam fortes e saudáveis o suficiente para irem para casa. Thiago ficou esse tempo todo dormindo na poltrona e se recusando a ir para casa ou fazer revezamento com Jean.
Ninguém além de Dona Amélie apareceu para me visitar. Eu sabia que Thiago havia contado sobre Lizie e Alex para Lisa e Eduardo Evans, seus pais. Sabia também que eles queriam vir ao hospital visitá-los, e que Lisa infernizava à vida de Thiago com tantas ligações que o celular tinha que ficar sempre desligado.
No começo eu não entendia porque ele não deixava os pais virem nos ver e se recusava a passar o endereço do hospital. Mas depois de pensar um pouco eu entendi. Ele estava me dando espaço. Provavelmente pensava que se eu quisesse que viessem eu mesma os convidaria.
E embora estivesse tentada a acabar com todo aquele inferno que Lisa estava fazendo com Thiago, telefonando toda hora, eu não estava com vontade de receber visitas.
Queria um tempo tendo meus filhos só para mim. Só para nós, me corrigi.
Eu estava vivendo num mundo de fantasia, querendo prolongar aquele momento tanto quanto pudesse. Fingir que éramos uma família feliz e sem problemas, que Thiago me amava e que tudo estava bem. Queria deixar todo o passado fora do hospital, embora eu soubesse que só estava adiando o inevitável.
Thiago se mostrava um pai atencioso. Se esforçava em ser o melhor pai do mundo. E isso me incluía também. Fazia todas as minhas vontades.
Não sei se era fingimento ou era real, mas queria aproveitar aquilo o quanto pudesse antes de voltar ao mundo real, aos problemas que nos aguardavam do lado de fora.
Quando a semana terminou e tivemos alta, pegamos um táxi. Jean estava com problemas administrativos na boate e não pôde nos buscar. Teríamos que nos virar.
Antes que pudesse dar o endereço ao taxista, Thiago deu outro endereço.
- Para onde vamos? – Perguntei.
- Precisamos passar em um lugar primeiro. – Foi toda resposta que consegui obter o caminho todo.
Não protestei, a verdade é que qualquer desculpa para prolongar a nossa trégua era bem vinda.
O táxi entrou em um bairro que eu pensava ser de classe média. As casas eram mais bonitas do que no bairro onde vivia, maiores e espaçosas, embora não se comparassem às mansões onde morava na Inglaterra.
Pelo menos as ruas eram limpas, não fedia e o tráfego de pessoas era menor. Um lugar tranquilo para morar.
Por um instante, invejei os moradores daquelas casas bonitas e com quintais bem cuidados.
Eu era dessas pessoas que adorava observar a arquitetura dos lugares. Embora não entendesse muito disso, gostava de admirar casas bonitas e bem construídas, e se tivesse talento para desenhar, talvez agora fosse uma arquiteta, e não estivesse morando num lugar tão horroroso. Eu seria independente e poderia me sustentar.
Paramos em frente a uma casa de dois andares, com uma varanda no andar de cima e um amplo quintal na parte de baixo. Era a casa mais bonita da rua, na minha opinião.
Fiquei curiosa.
- Quem mora aqui? – Perguntei.
- Você verá. – ele sorriu em resposta.
Segurando Lizie nos braços, ele abriu a porta e esperou que eu descesse. Com Alex nos braços e carregando a mala da maternidade, desci.
Observando ao redor, esperei Thiago pagar o taxista e se aproximar do portão.
Ele tocou a campainha e esperamos.
Ele tocou novamente e continuamos esperando.
- Acho que, quem quer que seja que more aí, não está em casa, ou não quer recebê-lo. – Falei.
- Olha... – Ele recomeçou – Sei que ainda temos muito o que consertar, mas eu não pretendo deixar que você fique com todas as despesas dos nossos filhos. São meus também. Quero cuidar deles, participar da vida deles, e da sua também. Pode não gostar de mim agora e talvez nunca consigamos nos acertar realmente, mas temos que aprender a conviver juntos para o bem deles. Ficarei nessa casa com vocês. Me recuso a ser como aqueles pais que veem os filhos um vez por semana.
- Eu pensei que fosse entrar na justiça e pegar a guarda deles, como disse que faria. – Acusei.
- Eu jamais faria isso, e você sabe. Por favor, a casa é sua, já está no seu nome, só quero ficar e conviver com meus filhos. Nem precisamos dormir no mesmo quarto!
- Se a sua intenção era morar mis todos juntos, podia ter deixado a casa no seu nome! Eu não preciso de esmola. Eu não sou projeto de caridade!
A vontade que eu tinha era de entrar correndo e conhecer meu novo lar. Mas o meu orgulho me impedia de fazer isso. Depois de tudo o que ele fez, eu me sentia como se ele tentasse me comprar. Eu precisava ter certeza dos reais motivos para ele ter feito isso.
- Não é nada disso, Elena. O que eu quero com tudo isso é que... – Ele fez uma pausa e recomeçou – Eu só quero que, no futuro, se não conseguirmos morar juntos, você tenha um lugar fixo para ficar com os nossos filhos. Então vamos fazer um acordo. Eu quero que me prometa que, se um dia quiser que eu vá embora, você me fale e, em troca, eu prometo que, se você quiser que eu parta, eu vou sem protestar, só quero uma chance de tentar cuidar de vocês.
Lágrimas vieram aos meus olhos e, naquele momento, eu entendi o propósito daquela casa. Não era caridade, percebi. Era uma promessa. Uma promessa de estabilidade independente do que acontecesse no futuro. Porque, acima do que nós sentíamos um pelo outro, o mais importante para ele era que eu e nossos filhos estivéssemos bem.
Sem pensar no que fazia, o abracei selando nosso acordo. Algumas coisas precisavam permanecer onde estavam, no passado.
- Quer conhecer a casa? – perguntou.
Assenti. Percebendo que Jean já estava lá dentro, nos dando privacidade para conversarmos.
A casa era linda, e tinha espaço de sobra embora não fosse uma mansão. A parte de baixo era composta por uma cozinha, uma sala de estar e uma sala de jantar e um lavabo. No quintal havia dois balanços e Thiago afirmou que, mais para frente, mandaria fazer um parquinho. Achei a ideia incrível, em poder pensar que meus filhos teriam tanto espaço para brincar. Havia também uma churrasqueira na parte traseira e um cubículo que era uma lavanderia.
O andar de cima era o que eu mais queria conhecer. Fiquei curiosa por causa da varanda. Era uma varanda imensa para não se ter nada ali. Eram cinco quartos ao todo, o que me fez imaginar se Thiago gostaria de ter mais filhos. Esse pensamento me deixou receosa, mas, em meu íntimo, não era uma ideia desagradável. Percebi que três quartos já estavam prontos. Dois para os bebês e a suíte. A cama de casal chamou a minha atenção e me fez pensar se não pretenda realmente dormir ali comigo. Quer dizer... Os outros quartos estavam vazios e não havia outra cama. Provavelmente só havia dado a ideia de dormir em outro quarto para que eu aceitasse morar ali.
A varanda foi a última coisa que me mostrou. Era uma sala que, mais para a frente, ele me disse, se tornaria uma sala de brinquedos, que dava para uma porta dupla de vidro. Do lado de fora, na varanda, havia uma piscina de tamanho médio e uma mesa redonda no canto. Então eu soube, que aquele seria o meu lugar preferido em toda a casa. Da piscina, poderia assistir meus filhos brincarem.
Havia detalhes por toda a parte e algo me dizia que aquele lugar foi comprado pensando em minhas necessidades e dos meus filhos. Nada nunca pareceu tão lindo quanto aquela casa. E nenhum presente nunca me pareceu tão romântico ou altruísta.
Thiago estava mesmo se esforçando para criar os filhos. O que me fez entender que jamais poderia dizer “não” ao acordo que propôs. Ele nos deu tanto, e tudo o que pediu em troca foi que o deixasse participar.
Se era essa a sua vontade, eu deixaria.
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