Resumo do capítulo Capítulo 31 de O Cafajeste já tem Dona
Neste capítulo de destaque do romance Romance O Cafajeste já tem Dona, Érica Mayumi apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
- E aí? Vamos ficar parados nos encarando a noite toda? – Tyler foi o primeiro a acabar com o sentimentalismo passando pela minha cabeça. É, ele tinha o dom de fazer isso. Estragava qualquer clima, era provavelmente por isso que ainda estava solteiro. – Eu preferiria ter um pouco mais de ação essa noite, se vocês não se importarem. Agora seca esses olhos, Thiago, ou vai fazer James chorar também. – Então ele se aproximou e foi o primeiro a me abraçar. Eu não estava chorando.
- Cala a boca, idiota. – James respondeu. Me abraçando logo em seguida.
- Talvez James chore, ou talvez não. – Respondi. – Mas você foi o primeiro a vir correndo para os meus braços e me abraçar.
James e eu demos risada. E Tyler fez um gesto obsceno. O único que ainda não havia dito nada era Jonathan.
- O que foi? – Perguntei a ele.
- Você mudou. – Ele respondeu – Não sei se para a melhor, ou para a pior. Mas está diferente. O que aconteceu?
E esse era Jonathan, o cara mais perceptível que conheço. Não deixa passar nada. Eu estava ansioso para descobrir o tanto que eles sabiam da minha vida através da mídia, se sabiam do meu casamento e de tudo o que aconteceu depois. Era provável que não soubessem de tudo, que eu era pai, por exemplo. Mas não estava com vontade de acabar com o clima bom entre a gente, trazendo erros do passado à tona. Estragar momentos era função de Tyler, afinal. Não queria roubar o seu brilho.
E eu sabia que Jonathan me daria um sermão digno do Primeiro Ministro da Inglaterra, James me daria conselhos que eu tentaria seguir, e Tyler xingaria até a minha sexta geração pelas burrada que eu fiz. Por isso, preferiria contar a eles quando não estivéssemos mais tão sóbrios.
- Não sei do que você está falando, Jonathan. Estou como sempre estive. – Menti.
Ele não falou mais nada. Se aproximou e me abraçou.
Uma hora depois, estávamos sentados na mesa de sempre na boate. E a conversa fluía agradavelmente. Obviamente os assuntos giravam em torno de mim, uma vez que não me viam há muito tempo, embora tentasse fazer o assunto girar em torno deles. Ainda não estava pronto para dizer tudo o que precisavam saber, e nem tão bêbado quanto precisaria estar para contar todas as novidades.
Eles não estavam muito interessados em falar sobre suas próprias vidas. Diziam que nada de interessante havia acontecido desde a última vez que nos vimos. E devia ser verdade. Nenhum deles mudou radicalmente. Todos estavam como sempre. E todos diziam a mesma coisa: que eu estava mudado.
E tentavam descobrir por todos os meios os motivos de tantas mudanças.
- Você está mais sério. – Tyler reparou.
- Estou como sempre. – Falei.
- Sim, está mais sério. – James apoiou – Também está mais calado e ainda não fez nenhuma burrada.
- Eu nunca fiz nenhuma burrada. – Protestei.
Jonathan não falou nada quando essas observações começaram. Apenas me encarava. Aquele olhar me assustava um pouco. Sempre me assustou. Era como se conseguisse ler a minha alma. Como se só com um olhar desvendasse todos os meus segredos. Eu odiava quando aquele olhar era dirigido a mim, como agora.
- Na verdade, você sempre foi tão imprudente quanto Tyler, com a diferença de que tinha mais responsabilidade do que ele. Se é que alguém pode ser um imprudente responsável. – James retrucou.
- E onde estão todas aquelas garotas com quem você desfilava? – Tyler continuou. – Estou te dizendo, cara. Seja qual for o seu problema, por favor, só não me diga que a velhice chegou para você. Se for isso, eu juro, vou embora.
- E se eu for gay? – Brinquei.
Ele fez uma pausa, pensando no que dizer.
- Posso aceitar que seja gay. – Tyler falou – Na verdade, eu já desconfiava. Você sabe, desfilar com tantas mulheres faz com que todos pensem que você tem algo a esconder.
Eu dei risada.
- Então é isso? Você é gay? – James perguntou. Antes que pudesse responder, vi, ao longe, uma loira com peitos tão grandes que só poderiam ser falsos, acenar para mim quando viu que eu a olhava, e vir em nossa direção.
- Me façam um favor. – Falei – Mantenham as mulheres desse lugar o mais afastadas de mim, ok?
- PUTA QUE PARIU! – Tyler berrou – VOCÊ É MESMO GAY?! EU ACHEI QUE FOSSE BRINCADEIRA! CACETE! EU TENHO UM AMIGO GAY! QUE LEGAL!
- Shhh! Pare de gritar. – Falei, vendo que as pessoas das outras mesas começavam a olhar em nossa direção – Não é nada disso. – A loira estava cada vez mais perto. Quando estava quase alcançando a nossa mesa, acrescentei rapidamente para eles – Não tenho tempo de explicar. Aí vem vindo uma. Só inventem alguma coisa sem que pareça grosseiro e depois que ela for embora eu conto para vocês!
Eles não tiveram tempo de responder. Logo a loira parou ao lado de nossa mesa, falando comigo:
- Oi. Eu vi você me olhando. Quer dançar? – Ela puxou o decote ainda mais para baixo. E fui salvo de ter que dar uma negativa para ela quando Tyler falou:
- Sinto muito, meu amigo é gay. – Ou talvez não tivesse sido uma boa ideia ser salvo por ele. Vindo de Tyler eu deveria adivinhar que só sairia besteira daquela boca. E o pior é que a garota pareceu acreditar.
- Que droga! – Ela reclamou – Os melhores nunca estão disponíveis. Ou são gays ou são casados!
- Na verdade, eu sou bi. – Tentei consertar e não parecer tão... Gay.
- Então quer dançar comigo? – Ela perguntou novamente.
- É muita merda para eu digerir. Você merecia ganhar o Óscar em fazer merdas. – Tyler foi o primeiro a opinar. E eu sabia que precisava de muito para ele realmente admitir que havia alguém que o superava em alguma coisa, mesmo que fosse em fazer merdas. E eu tive esse privilégio.
- Realmente, é uma história e tanto. – James admitiu.
- É uma merda e tanto – Jonathan o corrigiu.
- Quero conhecê-la. – Tyler disse – Quero conhecê-los. E serei um dos padrinhos. Prometo aparecer na sua casa todos os fins de semana. E trarei tantos brinquedos que vão até mesmo enjoar...
Tyler continuou falando. Eu nunca o tinha visto daquele jeito, tão sonhador. Era quase como se tivessem dito a ele que ele era o pai. Já estava fazendo planos sobre irmos todos à praia e ensinar Lizie e Alex a nadar, quando eu a vi.
Como se meus olhos fossem atraídos para ela. Seu corpo se movia no ritmo da música enquanto ela dançava sensualmente em cima daquele maldito balcão! E ainda por cima tinha me dito que faria trabalhos administrativos na boate, quando na verdade estava exibindo seus atributos para que todos os bêbados babassem em cima dela! E o que era ainda pior, eu nem sabia que era nessa boate onde Elena trabalhava. Sequer sabia o endereço. O que me deixou ainda mais mal humorado. Se houvesse qualquer tipo de problemas com ela e as crianças, eu jamais saberia para onde ir.
Senti a raiva e o ciúme me dominarem. E os caras perceberam essa mudança no ambiente.
- O que foi? – Jonathan perguntou.
- Qual o problema, cara? Tudo bem, eu não preciso ser o padrinho, não precisa ficar desse jeito. – Tyler acrescentou.
- Vocês disseram que queriam conhecê-la. Pois deem uma boa olhada. – Apontei para o balcão onde Elena estava subida. – É provável que vocês nunca mais a vejam. Tenho vontade de matá-la! – Soquei a mesa.
- Uau! Aquela é a sua Elena? – James falou.
- Não será minha por muito tempo. – Afirmei, querendo dizer que estava próximo de acontecer uma guerra épica entre eu e ela. Uma guerra da qual talvez nunca nos recuperássemos, tamanho era o meu ódio e o meu ciúmes.
- Com certeza não será sua por muito tempo. – Tyler concordou – Aquele babaca está perto de colocar a mão no que é seu, por enquanto.
Olhei novamente em direção ao bar. E vi um otário tentar tocar seus seios.
Os seios que somente eu poderia tocar.
E pensar que isso acontecia todas as noites enquanto eu estava em casa, me fez tomar coragem e levantar para chegar até ela. Aquele imbecil não encostaria a mão no que era meu. E faria dele um exemplo para os outros.
Quando me levantei, os três se ergueram também.
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