O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 36

ELENA

Na segunda, o dia espelhava o meu humor. Estava quente e ensolarado. Um bom dia para aproveitar aquela piscina, mesmo que sozinha. E era exatamente o que faria. Coloquei Lizie e Alex na futura sala de brinquedos, para que eu pudesse olhá-los.

Antes que pudesse entrar na água, a campainha tocou. Pensando que pudesse ser um dos caras que esqueceu alguma coisa importante em casa, fui abrir, já sorrindo.

Mas o meu sorriso desvaneceu quando vi que não podia estar mais enganada, e que aquela presença não era bem vinda em minha casa. Eu esperava que nunca mais tivesse que vê-lo. Não depois do que ele fez comigo.

- Pai?

THIAGO

Alguns dias antes...

As coisas não andavam nada bem. Eu não me sentia nada bem. Já fazia alguns dias que estava morando na casa de Jonathan. Pensei em voltar para a Inglaterra depois de tudo o que aconteceu, mas ainda a amava, e mesmo que não estivesse comigo, jamais teria coragem de me afastar ainda mais. Era em Paris onde ela e os meus filhos estavam, e era aqui onde deveria estar, ao lado deles.

Já tinha me arrependido mil vezes por ter saído de casa. Era lá onde queria estar, e mesmo que já tivesse pensado em pedir para voltar, meu orgulho não me permitiria que me humilhasse tanto.

Sabia que merecia um pedido de desculpas de minha parte, e sabia que um dia deveria dá-lo, mas ainda era cedo para que a minha mente aceitasse tudo o que havia me dito. Eu admito que talvez eu fosse um pouco machista, e me odiei por ter uma mente tão fechada e arcaica quanto Richard. Eu sabia que no fundo Elena tinha razão, e sabia também que a culpa por ela ter que se sujeitar a esse tipo de trabalho não era dela, mas de seu pai. Dispunha de tantos recursos, e ainda assim era inacreditável que não se dignasse nem a desembolsar o valor de um curso, quando tantos outros penhoravam até a cueca usada.

Mas é claro que só consegui enxergar claramente depois de alguns dias remoendo o assunto, e não imediatamente. As vezes eu me achava um completo imbecil por fazer as maiores merdas da minha vida por impulso. Eu era muito impulsivo e talvez devesse me tratar, quem sabe assim a minha vida não entraria nos eixos?

No dia seguinte àquela noite catastrófica na boate, eu liguei para um dos meus advogados na Inglaterra e pedi para que ele desse entrada com as coisas para um divórcio consensual, e fizesse os papéis. Ele me mandou e logo assinei, pedi para que Jonathan entregasse, mas ele me olhou e disse:

- Cara, o casamento é seu, quem quer o divórcio é você, não me meta nisso.

Mas a verdade era que eu não tinha coragem de aparecer ainda. Não sei se tinha medo de falar alguma outra besteira e acabar piorando tudo, ou se era medo de cair em tentação. Talvez fosse ambas as coisas, então pedi para Tyler.

Eu sabia que ele tinha se encantado com ela e que entregaria o documento só pelo prazer de poder saber o seu endereço. Embora devo admitir que o ciúmes me corroía por dentro, só de imaginar que ele tentaria jogar seu charme em cima dela, aproveitando o seu estado de fragilidade emocional. Só podia rezar para que isso não acontecesse, já que eu era covarde o suficiente para me esconder atrás dos meus amigos.

Pensei que estivesse fazendo o certo com aquele divórcio, que fosse o que ambos precisávamos, mas quando Tyler retornou com o papel assinado, fiquei ainda mais frustrado por ela ter assinado tão rápido.

Sei que parecia confuso e contraditório, mas o que eu queria mesmo era que ela relutasse em assinar, que lutasse por conseguir um pouco mais dos meus patrimônios do que só a casa que eu dei para ela. Queria que ela me procurasse para que pudéssemos nos acertar, mesmo que fosse para terminar tudo definitivamente. Só Deus sabe que eu não conseguiria tomar a iniciativa de procurá-la. Mas ela não pediu nada disso, frustrando todas as minhas tentativas de chamar a sua atenção. Assinou tão rápido, concordando com todos os meus termos, que tive certeza que tudo o que queria era se ver livre de mim.

Então me senti forçado a levar adiante aquele divórcio.

Quando ele me entregou o documento, tudo o que Tyler disse foi:

- Você está cometendo a maior burrada da sua vida. Nunca vai conseguir achar outra mulher como ela.

Sem dar atenção a ele, encaminhei o documento para o meu advogado, pedindo urgência, já que Elena parecia ter tanta pressa.

Então tive uns dias para pensar no assunto, e soube que eu não queria realmente aquele divórcio, eu só estava confuso. Queria somente dar um tempo para Elena perceber que já não poderia viver sem mim da mesma forma que eu não poderia viver sem ela.

O mais rápido possível, enviei um e-mail para o advogado, mudando novamente de ideia, para saber se ainda dava tempo de rasgar aquele documento que assinamos. E a resposta que eu tive foi que não, já estava tudo feito e eu já podia me considerar um homem divorciado.

Puta que pariu, pensei. E agora, o que eu faria?

Os caras tentaram me animar depois disso, mas tudo só foi piorando. Eu queria poder desfazer tudo o que fiz, mas o passado não volta e o tempo não espera. Agora eu precisava de um plano para reconquistá-la.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Cafajeste já tem Dona