Quando vi que Thiago desapareceu sem dizer nada, logo percebi que tinha alguma coisa errada e fui atrás. Não foi difícil encontrá-los já que eles não estavam muito longe e aquela vadia gritava mais alto do que uma mulher em trabalho de parto.
Quando vi a forma que estavam, não precisei de mais nada para saber que Thiago tinha mentido sobre não sair comendo qualquer mulher por aí. E isso me deixou puta da vida. Nunca me senti com tanta raiva. Raiva dele por não conseguir manter o pau dentro da calça. Raiva de mim mesma por ter sido ingênua e acreditado na palavra de um mulherengo.
Imaginei que isso pudesse acontecer. Ele tinha aceitado muito fácil os meus termos. Mas eu não estava brincando quando o ameacei. E ele não me levou a sério. Agora ele pagaria para ver.
Eu acreditava que a nossa convivência seria fácil, parecíamos estar nos dando bem, mas ele só estava me enrolando.
Deixei que ele aproveitasse o que seria, provavelmente, a última transa dele com qualquer outra mulher, pois agora eu jogaria pesado, e fui para a casa. Me preparando para a guerra.
Eu sabia que não seria fácil estar casada com ele, mas ele provaria do próprio veneno. Eu estava disposta a dormir com outros homens e fazê-lo passar por chifrudo se isso me desse o prazer de fazê-lo sentir o que eu estava sentindo. Eu não era mulher de fazer ameaças em vão. Logo ele entenderia que eu não estava blefando.
Arrumei todas as coisas e fiquei esperando por ele, voltaríamos ainda hoje para casa. Só lá eu conseguiria colocar meu plano em prática.
Ele não demorou para aparecer. Senti uma pontada de desilusão em relação ao sexo com aquela piranha. Quer dizer, foi tão rápido. Acho que ela nem chegou a aproveitar.
Se era isso o que eu estava perdendo, então não estava perdendo nada. Pensei. O sarcasmo impregnando aquele pensamento.
Não trocamos muitas palavras até estarmos dentro do avião. Onde ele não poderia fugir de mim se, por acaso, eu resolvesse matá-lo.
Tranquilamente acomodado em sua poltrona ao lado da minha, percebi que os outros à bordo não estavam prestando muita atenção, então falei em seu ouvido, com a voz mais doce que consegui:
- Você achou mesmo que eu não fosse descobrir?
Ele abriu os olhos, com um pouco de receio.
- Não sei do que você está falando. – Respondeu.
- NÃO SABE MESMO? – gritei, se tinha uma coisa que me tirava do sério eram pessoas que se faziam de vítimas. – EU TE VI! COM AQUELA PIRANHA! TRANSANDO NA PRAIA.
- Calma, amor. Eu posso explicar. – Ele se levantou da poltrona. E eu avancei para cima dele e se eu não estivesse com tanta raiva, teria achado cômico. Nós parecíamos um casal de verdade. Se até tinha me chamado de amor!
- VAI PEDIR CALMA PRA SUA MÃE, SEU IMBECIL. – fiz uma pausa, e falei numa voz mais baixa e mortal – Eu disse para você não me trair. Você vai se arrepender pelo resto da sua vida com a quantidade de chifres que as revistas de fofoca vão te dar. Eu até posso ver as manchetes “O mais cobiçado solteiro levando chifres da própria esposa”. Se bem que essa manchete é bem melhor do que sequer desconfiarem que você não é um homem de palavra, não é?
Ele estava mudo. Pálido. Paralisado.
Os empregados, nem sinal deles. Quando comecei a gritar sumiu todo mundo, como era previsto.
- Eu posso explicar... – Ele começou.
- Não quero mais saber, Thiago. – O cortei – Eu vi o suficiente para entender o que acontecia.
Me sentei na poltrona e não disse mais nada a viagem inteira. Thiago também se sentou, o mais afastado possível de mim. Ele parecia terrivelmente abalado, mas fingi que não tinha percebido. Não voltamos a nos falar.
Quando estávamos dentro do carro, novamente o mesmo carro e o mesmo motorista que nos havia levado até lá depois da festa de casamento, vi que havia algumas chamadas perdidas do meu pai, então liguei para ele.
- Elena?
- Oi, pai. Vi que você me ligou.
- Eu não queria incomodar a sua lua de mel, mas...
- Nós já voltamos. Acabamos de chegar. - O interrompi.
- Mas já?! Por que? O que aconteceu?
- O que aconteceu, papai, é que você é incompetente até para me arranjar um marido. – vi que Thiago ficou tenso com as minhas palavras, mas não parei por aí – A culpa é toda sua que agora serei uma piada ambulante.
- Uma piada?! – Ele se escandalizou. – Mas que tipo de piada? Explique isso direito Elena, do que você está falando?
- Até parece que você não sabe do que estou falando, papai. – Surtei – Todo mundo sabe que o meu marido não consegue manter o pau dentro das calças e mesmo assim você me casou com ele! – O acusei. Estava gritando novamente. Constrangido era pouco para definir Thiago, que parecia querer pular do carro em movimento.
- Ele o quê?! – Richard gritou do outro lado da linha. – Quero você amanhã mesmo no meu escritório, Elena. Chegue bem cedo. Quero conversar com você sobre a empresa, e aí você pode me explicar essa história direito.
- Não quero mais falar disso. Já estamos casados e não adianta reclamar.
- Não importa! Venha me ver mesmo assim. – e então ele desligou o telefone.
Eu não tinha a intenção de me fazer de vítima, já disse que não suporto pessoas que fazem esse tipo de jogo emocional, mas na verdade eu queria que meu pai percebesse a merda que fez.
Obviamente um casamento arranjado nos tempos de hoje com duas pessoas que mal se conheciam não poderia dar certo nunca. A minha parte vingativa exigia que meu pai sofresse nem que fosse só um pouquinho. Mas é claro que eu não deixaria ele interferir na minha vida novamente, uma vez já foi o suficiente. Agora as coisas seriam do meu jeito.
- Seu pai vai me castrar. – Thiago disse.
- Não se preocupe. Não vou deixar ele se intrometer. Se um dia você for castrado, serei eu a te castrar.
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