Jonathan Schneider não sabe explicar por que, mas hoje, ele sente. Não pensa, não analisa. Sente. Uma urgência silenciosa toma conta de seus passos, como se algo estivesse prestes a acontecer e o mundo gritasse por testemunhas. Sem reuniões estendidas, sem jantares protocolares, sem desculpas. Pela primeira vez em semanas, ele decide ir embora no horário. E quando chama Eduardo para acompanhá-lo, o amigo o olha com estranheza e uma sombra de alívio.
O carro desliza pela avenida, o vidro entreaberto deixando o vento gelado da noite acariciar seus rostos. Há silêncio no início, um silêncio que não é incômodo. É como se ambos estivessem à beira de algo que ainda não se revelou.
— Alguma notícia dela? — pergunta Jonathan, sem rodeios.
Eduardo demora alguns segundos para responder.
— Não. E mesmo que tivesse, eu não teria pressionado. A Marta... precisa de tempo. Quando quiser aparecer, ela tem a chave da minha casa. Sabe que lá ela é bem vinda.
Jonathan assente, mas o maxilar tenso entrega a sua angústia. Eduardo o encara de lado e suspira antes de continuar.
— Mas se ela aparecer, e estiver aberta a conversar... prometo que tento convencê-la a falar com você.
Jonathan o encara, surpreso.
— Por que faria isso?
— Não é porque sou bom — Eduardo sorri com ironia.
— É porque sei que o que vocês viveram não foi qualquer coisa. E eu vi com meus próprios olhos o quanto aquela menina te ama. Amor assim... não se apaga. Nem se enterra.
Jonathan desvia o olhar, engolindo em seco. Um nó se forma em sua garganta. Eles falam de mais algumas coisas banais, Eduardo logo desce do carro e segue para casa. Jonathan observa o amigo desaparecer pelo portão e, sozinho sente algo acender dentro do peito: esperança.
Naquela noite, o sono não vem rápido. Mas quando vem, é voraz.
Marta aparece como uma miragem, linda, vestida de branco, os cabelos soltos balançando ao vento, os pés descalços entre as flores de um campo dourado pelo sol. Ela ri, corre, olha para trás e chama por ele. Jonathan corre até ela, a segura pela cintura, gira com ela no ar. E então deitam-se na relva macia, os corpos colados, as bocas entrelaçadas, como se o céu e a terra fossem um só. Fazem amor sob as nuvens, com os pássaros como trilha sonora e o azul do céu como testemunha.
Ele acorda com um sobressalto.
Está ofegante, o corpo coberto de suor. O lençol molhado denuncia o quanto o sonho o atingiu. Ele passa as mãos no rosto, no peito, na cabeça.
— Malldita saudade... — murmura.
Se sente ridículo. Um homem feito, ejaculand0 em sonhos como um adolescente inexperiente. Vai para o banho em silêncio, tentando afastar o torvelinho de sensações que o domina. Depois, desce para a cozinha, ainda atordoado, e prepara café.
Na solidão da cozinha iluminada pela luz amarelada, encostado no balcão, ele encara a xícara como se fosse uma bola de cristal.
— Por que esse sonho agora? — sussurra.
E mais: por que Marta parecia tão real? Por que parecia tão feliz? Por que seus olhos, em sonho, diziam mais do que qualquer palavra?
Ele fecha os olhos e se pergunta, com o coração apertado:
Será que ela ainda pensa nele? Será que... está esperando por ele, em algum lugar.
Jonathan termina o café em silêncio, o coração ainda acelerado. Sente o gosto amargo do líquido na boca, mas o amargor real vem de outro lugar do vazio que Marta deixou. Já são mais de três meses. Três meses de silêncio. Três meses sem nem uma mensagem, um e-mail, um recado por terceiros. Nada. Apenas um buraco latejando dentro do peito.
Ele passa o dia inquieto no escritório. Olha para a porta diversas vezes como se esperasse que ela aparecesse de repente, como antes, com os cabelos presos de qualquer jeito, a pasta nas mãos e aquele olhar assustado e corajoso ao mesmo tempo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino