A ligação que muda tudo não vem com alarde, nem com gritos. Ela chega silenciosa, no meio de uma manhã comum, com Marta e Lua no sofá, enquanto a luz do sol recorta o chão da sala. Jonathan atende o celular sorrindo, sem suspeitar que está prestes a cruzar a linha entre o conhecido e o abismo.
Jonathan sorri ao ver o nome de Eduardo, imagina que o amiga vai resmungar que está preso no trânsito e que logo chega, então atende, já esperando a crise matinal de mau humor do amigo.
— Eduardo? Tudo certo por aí? — pergunta ele, ainda em tom leve.
— Tudo sim, mas vou me atrasar um pouco. Estou na fazenda da Darlene. — A voz de Eduardo soa hesitante, como quem confessa algo íntimo demais para o horário.
Jonathan sorri, reconhecendo o tom e o momento.
— Fica tranquilo, aproveita o fim de semana com ela. Você também tem direito de ser feliz, irmão. Só faz um favor pra mim, passa no sítio dos Maia depois, vê se está tudo certo lá. Pode ser?
— Pode sim. Qualquer coisa te aviso. — Eduardo responde.
— Combinado. Até mais. — Jonathan desliga e volta para o sofá, ainda com um sorriso no rosto, observando Marta embalar Lua, que adormece com o som suave da voz da mãe.
Mas o sorriso mal termina de se formar quando o celular vibra novamente. O nome na tela o faz se levantar de imediato: Delegado Geral do Estado de São Paulo.
— Alô? — diz Jonathan, já caminhando para o escritório.
— Senhor Schneider, bom dia. Aqui é o Delegado Geral Maurício Amaral. Preciso que o senhor venha imediatamente à Delegacia da Criança. Encontramos uma mulher tentando embarcar na rodoviária com um recém nascido. As características do bebê... correspondem ao seu filho desaparecido.
Por um segundo, o mundo perde o som.
Jonathan encosta-se na parede, sentindo o coração descompassar. Respira fundo, tentando manter o raciocínio.
— Estão certos disso? Já fizeram algum teste?
— Ainda não. Ela afirma que o filho é dela. Diz que pariu em casa, sem registro, e estava indo para o interior. Mas, pela idade estimada da criança e outras características físicas que o senhor nos forneceu, é compatível. O senhor precisa vir o quanto antes para seguir os trâmites.
— Estou a caminho. — diz ele com a voz tensa.
Ao sair, encara Marta.
— Preciso resolver algo urgente. Já volto. Fica com Lua, e qualquer coisa, me liga. Ah, e outra coisa: ninguém entra nessa casa enquanto eu não voltar. Ninguém, além da Islanne. Entendido?
Do lado de fora, comunica os seguranças, sobe no carro e parte. A tensão cresce a cada quilômetro percorrido. A mente alterna entre a esperança e o medo, como uma sirene interna.
Ao chegar à Delegacia da Criança, é recebido pelo próprio delegado titular, Dr. Vinícius Rocha, um homem de olhar firme, voz contida e postura respeitosa.
— Senhor Jonathan Schneider. — cumprimenta, estendendo a mão. — Sou o delegado responsável por esta unidade. Acompanhe-me, por favor.
Caminham pelos corredores, até uma sala reservada, onde dois investigadores acompanham a mulher que foi detida.
— Ela se chama Rosilene Vieira, diz que o bebê é filho dela, nasceu em casa e estava indo visitar parentes em Ribeirão Preto. Não possui documentos do menino. Alegou que ainda não fez o registro por falta de recursos e orientação.
Jonathan observa a mulher pela vidraça espelhada. Ela segura o bebê com firmeza, e algo em seus olhos é mais confuso do que culpado. Mas ele não consegue deixar de tremer.
— Posso vê-lo?
— Vamos fazer isso com cuidado. Primeiro, precisamos que o senhor nos forneça uma amostra para o teste de DNA. E, claro, precisamos colher o material da criança também. Já acionamos o perito do Instituto de Criminalística. O juiz de plantão foi notificado para liberar a coleta.
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