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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 444

O som do despertador ecoa pela casa silenciosa como um intruso inconveniente. Vivian desperta sobressaltada, o coração acelerado, sem entender por um instante onde está. A respiração curta, a luz suave que invade pelas frestas da cortina e o cheiro adocicado do café que preparara na noite anterior a puxam de volta para a realidade, ela está no Rio de Janeiro. Sua casa. O lar que já foi preenchido por risos, sonhos e promessas, e que agora guarda apenas ecos de um passado doloroso.

Ela se senta na cama, passa a mão pelos cabelos desalinhados e respira fundo. Há algo de cruel no retorno ao espaço onde acreditou ter construído uma vida perfeita ao lado de Alan, onde viu Jeff crescer acreditando que era Vítor, onde o coração dela ainda insiste em pulsar lembranças. Cada parede parece sussurrar memórias que se recusam a morrer.

Determinada a não se deixar vencer pelo peso da nostalgia, ela se levanta e caminha até a cozinha. Coloca a mesa para uma pessoa só, algo que ainda lhe arranca um nó na garganta. O aroma do café fresco se espalha pelo ambiente e traz uma sensação agridoce, era assim que começavam os dias felizes com Alan. Ele ria, abraçava-a por trás enquanto ela preparava o café, e Jeff resmungava, pedindo atenção dos pais.

Vivian fecha os olhos por um instante, e é como se pudesse ouvir de novo a voz do menino:

— Mama, mama!

Ela respira fundo e força-se a abrir os olhos. Está sozinha. Agora, aquele mesmo garoto vive em outra realidade, descobriu sua verdadeira identidade, foi resgatado de uma mentira construída por Alan e seus cúmplices, apenas por uma vingança, uma malldita vingança. Vítor já não é apenas Vítor Moretti. Ele é Jeff Schneider. E pertence a outro mundo.

Ela termina o café da manhã em silêncio, mastigando devagar, quase como se cada pedaço fosse um exercício de resistência. Quando levanta a mesa, decide que não pode adiar mais, precisa encarar o quarto de Jeff.

O corredor parece mais longo do que nunca. Cada passo traz de volta uma lembrança. Ela hesita diante da porta fechada, a mão tremendo na maçaneta. Quando finalmente a gira, o ar estagnado invade seus pulmões. O quarto está intacto, como se Jeff fosse entrar a qualquer momento.

Vivian caminha até o berço do filho, acaricia a superfície de madeira, os livros organizados de histórias infantis que ela e Alan haviam comprado, os brinquedos que ainda guardam a energia de uma infância modificada. Uma onda de emoção quase a derruba, e é nesse instante que ela pega o celular e decide ligar para Marta.

A chamada de vídeo se conecta, e em segundos o rosto de Marta aparece na tela, carregado de preocupação.

— Vivian… como você está?

Vivian vira a câmera para mostrar o quarto. A voz dela sai embargada.

— Estou aqui, Marta. No quarto do Jeff. Quis te mostrar.

Marta leva a mão à boca, os olhos marejados.

— Está tudo igual… parece que ele ainda mora aí.

— Sim… Vivian suspira, tentando conter o choro.

— Entrar aqui quase me engoliu numa avalanche de lembranças. Mas eu precisava. Não posso viver fugindo desse espaço.

Marta observa-a em silêncio por alguns segundos antes de perguntar:

— Mas me diga, de verdade, você está bem?

Vivian força um pequeno sorriso, enxugando os olhos.

— Estou. Quer dizer, o máximo que consigo estar agora. Eu decidi organizar tudo. Logo volto para São Paulo. Vou colocar a casa em uma imobiliária. É bonita, bem localizada, pode render um bom aluguel. Preciso resolver também algumas pendências no banco… Alan tinha feito um seguro de vida, ou algo parecido. Não sei exatamente os detalhes, mas tenho que ir lá verificar.

— Isso é importante, sim, concorda Marta.

— Mas não se esqueça de si mesma nesse processo.

Vivian assente.

Vivian suspira e acaricia a barriga, num gesto instintivo de proteção.

— Você vai ter uma vida boa, meu filho. Eu prometo.

A promessa paira no ar, carregada de força e vulnerabilidade. E, mesmo com a determinação crescente, dúvidas sombrias não a abandonam.

Vivian se recosta na cadeira da cozinha, com os olhos fixos na xícara já quase fria entre suas mãos. O silêncio da casa pesa, preenchido apenas pelo eco suave das lembranças que insistem em vir à tona. Alan. O nome atravessa sua mente como uma brisa quente e dolorosa ao mesmo tempo.

Ela fecha os olhos e suspira fundo, permitindo-se sentir, por um instante, o que havia tentado enterrar. — Alan… murmura baixinho, quase como se ele pudesse ouvi-la.

— Eu te perdoo. Todas as besteiras, as falhas, os tropeços… nada disso importa mais agora.

As lágrimas ameaçam escapar, mas ela as contém. Não são lágrimas de raiva ou desespero, são de saudade e aceitação. Um sorriso triste curva seus lábios enquanto passa a mão sobre o ventre, num gesto instintivo.

— Poderia ter sido tudo tão diferente… pensa, com o coração apertado.

— Você poderia estar aqui, vivo, comigo e com esse bebê. Poderia ver esse filho nascer, segurar em seus braços aquilo que tanto sonhamos juntos.

O silêncio responde apenas com o peso da ausência. Vivian respira fundo, engole a dor e levanta-se, determinada. A vida seguiu sem Alan, mas a memória dele, agora reconciliada com o perdão, passa a ser menos uma ferida aberta e mais uma cicatriz que ela aprenderá a carregar.

Então seu pensamento volta ao presente. Será que Rui vai rejeitá-la quando souber? Esse filho será um laço de união ou uma ruptura definitiva? E se o destino, tão cruel até aqui, tiver guardado mais uma reviravolta?

O silêncio da casa não traz respostas. Apenas a sensação incômoda de que o futuro, incerto e inquietante, espreita logo adiante, pronto para surpreender mais uma vez.

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