Os olhos de Henrico se abriram e o aparelho que media sua pulsação disparou. O quarto onde ele estava se encheu de médicos.
Ele estava confuso com tantos rostos desconhecidos e o primeiro nome que chamou foi o de Antonela. Estranhamente, seu coração desejou ver a filha que ele mais rejeitou. Depois de alguns minutos de exames, os médicos saíram do quarto, impressionados com a recuperação de Henrico.
Ele se sentou na cama e as lembranças dos últimos acontecimentos, antes dele ir parar ali o invadiram. Seu coração voltou a acelerar quando pensou que Benjamim poderia ter cumprido sua promessa de terminar tudo com Alessia.
— Quantos dias estou aqui? – perguntou a enfermeira que cuidava das suas medicações.
A mulher olhou para ele confusa e, percebendo que seus batimentos se descontrolavam, ela lhe respondeu.
— O senhor ficou sedado por dois dias – os olhas deles saltaram e seu rosto ficou branco – mas precisa se acalmar senhor, caso contrário ficará mais dois dias deitado nessa cama.
Imediatamente, Henrico começou a tirar todos os fios do seu corpo. A enfermeira entrou em desespero, percebendo que não conseguiria contá-lo. Ele já estava pronto para se levantar e ir atrás de Benjamim e exigir que ele se cassasse com Alessia, quando pela segunda vez o quarto se encheu de enfermeiros e o agarraram.
— Vocês não podem me manter presos aqui – gritou, mas não tinha forças o suficiente para lutar – quero ver minha filha Alessia. Chame o Benjamim.
Passaram-se muitos minutos com os gritos de Henrico ecoando pelo quarto, até conseguirem acalmá-lo. A respiração ofegante que saía de suas narinas o impediu de continuar gritando. Ele ficou em silêncio por muito tempo, seus olhos fechados, caindo em um pensamento profundo.
A enfermeira inclinou a cabeça em direção a ele, com a surpresa visível nos olhos, como se ouvisse um sussurro saindo de seus lábios.
— Quero ver a Alessia – seu coração batia descontroladamente ao imaginar Alessia sendo abandonada.
— Vou chamá-la – sua respiração ainda estava tremula devido ao grande esforço que havia feito para conte-lo – desde que o senhor me prometa se manter calmo.
Henrico apenas balançou a cabeça em afirmação. Os medicamentos injetados nele o faziam ficar sonolento e fraco. Mesmo que ele quisesse correr até Benjamim, ele não conseguiria.
Esperou por alguns minutos considerando até que a enfermeira havia mentido para ele apenas para abrangê-lo, quando viu com a visão embaçada, Alessia entrar no quarto e se aproximar dele lentamente.
Não havia nenhuma grande empolgação no seu rosto ao ver o pai vivo. Ela envolveu o corpo com os braços e manteve uma distância seguro. Seu rosto estava inexpressivo e intimamente Alessia desejou que ele não tivesse sobrevivido.
Henrico esfregou os olhos e se sentou, depois olhou nos olhos de Alessia imaginando que o pior havia acontecido.
— Diga-me, Alessia – ele falou, as palavras sendo cortadas com o cansaço – como estão as coisas entre você e o Benjamim?
Ela estranhou a pergunta, então lembrou-se dos motivos que trouxeram seu pai até o hospital. Alessia sabia que Henrico pouco se importava com sua felicidade, ele apenas queria recuperar sua fábrica falida, nem que para isso sacrificasse a própria filha.
— Eu já sei por que o senhor veio parar aqui, pai – ela revirou os olhos demonstrando toda a sua indiferença – o Benjamim disse ao senhor que não queria mais se casar comigo.
Os olhos cansados de Henrico olhavam para o teto e ele ficou assim por horas, pensando que talvez seu grande momento houvesse chegado. Recuperaria sua fábrica, se aposentaria e descansaria finalmente com os bolsos cheios de dinheiro.
Mas isso não aconteceria antes dele conversar seriamente com Benjamim e impor a ele todas as suas condições.
Seus pensamentos foram rompidos pela insistente vontade de ir ao banheiro. Levantou-se com dificuldade e caminhou até o lugar. Percebeu então estar em um hospital particular. Quem afinal estaria pagando a conta desse lugar?
Saiu já pronto para procurar Alessia e obter as respostas de que precisava, quando uma visita inesperada atravessou a porta. Os olhos de Fabrício se alegraram ao ver Henrico bem.
— Que bom vê-lo bem, patrão – sorriu com sinceridade, recebendo apenas uma expressão carrancuda.
Mas Henrico não tinha tempo para receber visitas. Se aproximou de Fabrício e disse a ele sem cerimônias.
— Preciso falar com Alessia e descobrir quem está pagando esse hospital.
— Tenho algo para contar ao senhor – as palavras de Fabrício fizeram Henrico para imediatamente ouvi-lo – a Alessia pagou as despesas médicas, com o dinheiro da fábrica.
O rosto de Henrico se amassou, sentindo-se muito desconfortável, uma raiva desconhecida se acendeu dentro do seu peito e quem pagaria por aquele erro seria Fabrício.

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