— Mas o que diabos você fez, garoto? – ele fechou os punhos imediatamente quando Fabrício se encolheu.
Desde o começo Fabrício sabia que fazendo o que Alessia havia pedido ele arrumaria um grande problema com Henrico.
— Eu sinto muito patrão – ele fechou os olhos imaginando que Henrico avançaria em sua direção e bateria nele até suas mãos cansarem – ela disse que sua vida dependia disso.
Henrico nem chegou a levantar o braço, ele não batia nem nas próprias filhas, jamais cometeria a loucura de agredir um funcionário seu. Ele era considerado muita coisa, mas jamais de ser um homem violento em suas ações.
— Quanto você deu a ela? – ele afrouxou, abrindo as mãos e se afastando do rapaz.
Lentamente, após ouvir a pergunta, Fabricio abriu os olhos e observou Henrico, que estava virado de costas para ele. Seu coração palpitava descontroladamente e ele, sentindo a garganta seca, pensou em não responder à pergunta.
Percebendo a demora, Henrico girou o pescoço para olhar nos olhos dele.
Fabricio encolheu os ombros e abaixou a cabeça sob o olhar rigoroso de Henrico. Ele sabia exatamente o que aquilo significava.
— Dei tudo para ela – sussurrou enquanto sentia o corpo estremecer.
Henrico soltou um rígido grito, alto enquanto seu rosto tornava-se vermelho. Ele vinha guardando aquele dinheiro para uma emergência maior, e não considerava a atitude de Alessia correta.
Fabrício ficou atordoado, mas não conseguia se mexer e nem dizer nenhuma coisa. A porta do quarto se abriu pela segunda vez e a figura de Benjamim preencheu o lugar. Vendo a fúria do homem, ele franziu o cenho em dúvida e caminhou com pressa na direção dele.
— Você está bem? – ao ouvir a voz do genro a fúria de Henrico aumentou descontroladamente – eu ouvir seu grito do corredor.
— Como posso estar bem? – Ele fuzilou Benjamim com o olhar enquanto sentia o ar fugir de seus pulmões – vim parar nesse lugar por sua causa e parece que desde quando acordei coisas horríveis têm acontecido.
Benjamim não se intimidou, não havia nenhum sentimento expresso no belo rosto do homem, embora ele estivesse confuso e em choque com o estado de Henrico.
— Você não pode se estressar, Henrico – disse Benjamim enquanto o homem se arrastava até a cama – paguei todas as despesas do hospital, mas não é bom permanecer nesse lugar por mais tempo.
— Você fez o quê? – a informação caiu como uma bomba aos ouvidos de Henrico e Fabrício, que imediatamente se entreolharam, espantados.
— Eu paguei todas as despesas do hospital – ele voltou a repetir sem entender o que estava acontecendo – era o mínimo que eu podia fazer por você, depois do que aconteceu.
O rosto de Henrico tornou-se pálido e o brilho que outrora decorava seus olhos haviam esmaecido. Benjamim acreditou que ele ficaria agradecido por tal ato, mas não foi o que aconteceu.
— O que Alessia fez com o meu dinheiro, afinal? – ele sussurrou perguntando a si, mas não foi o bastante para que Benjamim não escutasse. As coisas pareciam mais confusas agora.
Porém, logo em seguida Henrico desmaiou, fazendo seu corpo fraco e velho desabar no chão causando um estrondo horroroso. Paralisado com a cena, Fabricio mal escutava os gritos de Benjamim exigindo que ele procurasse um médico. Só depois de alguns segundos o garoto correu desesperado e quase perdeu o folego com o que acabara de acontecer.
— Onde está o meu pai? – a voz alterada, enquanto os olhos dela recaiam sobre os seus.
Benjamim sabia que precisava sair dali imediatamente e que era um erro manter contato com Antonela depois de tudo dito entre eles. Ele travou o maxilar e lançou um olhar gélido e indiferente para ela, talvez para castigá-la por desprezá-lo.
— Ele desmaiou. Os médicos estão cuidando disso agora.
Pego de surpresa, Benjamim apenas sentiu o corpo de Antonela chocar com o seu, enquanto os braços dela o envolviam em um abraço apertado e caloroso. Ele ficou parado com as mãos levantadas, completamente sem reação.
Antonela estava abraçando-o enquanto chorava. Ele depositou as mãos lentamente sob as costas dela e sentiu o aroma doce exalar dos seus longos cabelos de fogo.
Quando finalmente o sangue esfriou sobre suas veias, Antonela percebeu o que estava fazendo. Na mesma velocidade com que se aproximou para abraçá-lo, ela se afastou, olhando para ele como se tivesse cometido um grande erro. O arrependimento a consumiu e ela achou que estava ficando louca.
— Desculpa, eu não deveria – ela foi incapaz de concluir a frase porque ficou perdida no olhar dele.
Pela primeira vez, Benjamim não conseguiu dizer nada, apenas observou Antonela virar as costas e voltar pelo mesmo caminho que havia vindo.
Ele não conseguiu parar de pensar no corpo dela tão próximo ao seu.

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