Alessia não gostou do comportamento de Antonela. O sangue que fervia dentro dela, fez suas pernas paralisarem como se estivesse diante de um perigo. Alessia jamais imaginou que odiaria a irmã mais velha daquela forma.
Depois de alguns segundos parada, olhando para a porta fechada, ela girou os calcanhares e entrou em conflito com Dominique.
— O que você faz aqui? – Dominique ofegou como um cão raivoso.
— Não é da sua conta – Alessia olhou para Dominique fingindo não sentir medo dela. O ódio queimara lhe a alma.
Caminhou finalmente para partir, mas Dominique agarrou seu braço e a puxou, fazendo Alessia se desequilibrar e quase cair. Ela gemeu quando seu pé torceu diante do salto alto. Vestia-se como uma burguesa, coisa a qual ela não era. O vestido vermelho justo, acima do joelho, revelava suas pernas finas e brancas.
O rosto tão bem maquiado ficou vermelho como seus cabelos. As sardas ganharam vida e sua boca pintada se abriu em um gemido de dor.
— Eu posso denunciá-la por agressão – Alessia rangeu os dentes, quando Dominique afrouxou o aperto e a soltou – o que você acha que está fazendo?
— Colocando você no seu devido lugar – inclinou-se na mesma posição que ela e disse de modo intimidatório – eu não quero você na minha casa, Alessia, estamos entendidas?
Após se colocar de pé e massagear o braço que ardia, ela olhou nos olhos de Dominique e soltou uma risada debochada. Dominique revirou os olhos. Alessia nunca agia como uma mulher e aquilo cansava Dominique.
— A Antonela contou a você que eu estou esperando um filho do Benjamim? - havia muito prazer no tom de voz de Alessia ao perceber o espanto no rosto de Dominique – daqui a um mês eu me tornarei a esposa do bilionário e farei de tudo para arruinar a vida da Antonela e da sua também.
Dominique levantou a sobrancelha, duvidando se Alessia dizia a verdade. Seu rosto não era nada amigável. Seus olhos negros irradiavam uma áurea fria e mortal.
— Você não é bem-vinda aqui – apontou o dedo para a saída e virou as costas para ela – e eu não tenho medo das suas ameaças.
Dominique se apressou para entrar na casa. Ela precisava ouvir a verdade dos lábios de Antonela e ter certeza de que Alessia não blefava. Antes ficou parada diante da porta, observando Alessia pelo vidro, até que ela finalmente fosse embora.
Só então ela procurou Antonela e a encontrou na cozinha sendo consolada por Carlota.
Sua respiração estava pesada e pelo semblante no rosto de Antonela, o que Alessia havia dito poderia ser verdade.
— Alessia me disse que está grávida do benjamim – as lágrimas de Antonela começaram a fluir ao ouvir Dominique – você sabia disso?
— Eu sabia – sua frustração havia atingido seu auge – o benjamim me contou.
— E ele teve a audácia de contar isso a você – Dominique demonstrou toda a sua insatisfação - ela conseguiu finalmente o que queria e eu achei que o Benjamim era mais inteligente.
— O Adam é a prova de que ele não é – Carlota disse, bufando sarcasticamente – você deveria contar tudo ao Benjamim.
— E ser infeliz ao lado de um homem arrogante que não me ama? – cada palavra proferida era como mil agulhas perfurando seu coração – não se esqueça que o único objetivo do Benjamim e ter uma mulher para procriar e ele finalmente encontrou.
— Não é justo – mostrando seus dentes, Dominique balançou a cabeça – não é justo com o Adam nem com você que precisou cuidar dele durante todo esse tempo sozinha.
— Pode esquecer, Dominique. Eu não contarei ao Benjamim que tivemos um filho juntos.
Esgotada dos últimos acontecimentos, Antonela girou os calcanhares e partiu, indo para o quarto.
Olhou para Adam, que dormia tranquilamente, e tentou empurrar toda a dor para fora do seu peito, mas foi impossível. Seus joelhos se enfraqueceram e sua memória a levou de volta para a noite do seu casamento. Ela desabou, sentando-se no chão, frio chorou, abafando os gemidos para não acordar o filho.
Era doloroso ver o homem que ela amava se casando com sua irmã. Mas Antonela jamais admitiria isso. Sentiu as mãos de Dominique a segurarem, a envolvendo em um abraço aconchegante e caloroso.
— Sinto muito, amiga – ela não suportou ver Antonela tão ferida – você o ama, não é?
— Eu não posso amar ele – ela sussurrou.
O silêncio foi preenchido pelo choro de Antonela, dando um som novo à noite fria e nublada.

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