Finalmente, percebeu caminhar sem rumo pelos corredores do hospital, parou encostando na parede e balançando a cabeça tonta. Antonela mal podia acreditar na sua própria audácia de abraçar Benjamim horas depois de ele dizer a ela que Alessia estava grávida e que se casaria com ela.
Ele ordenou que ela fosse madrinha do seu casamento.
Ela foi ao hospital mesmo sabendo que Henrico a odiava. Quantas loucuras a mais ela ainda poderia fazer? Precisava parar de agir impulsivamente antes que as coisas piorassem.
Olhou pelo caminho de onde viera, decidida a não voltar mais lá. Henrico estava bem, embora Benjamim tivesse dito que ele desmaiara horas após acordar. Antonela sabia que ele era forte o suficiente para sobreviver.
O que ela esperou? Que ele a recebesse de braços abertos, feliz por sua preocupação? Conhecia o pai suficiente para saber que ele jamais assumiria os próprios erros.
Ela girou para ir embora, afinal o expediente já havia terminado e não havia mais motivos para permanecer ali, quando uma figura masculina surgiu na sua frente e a fuzilou com o olhar, obrigando Antonela recuar em sua fuga.
— Não vai mais visitar o seu pai? – Benjamim se aproximou e tudo o que ela podia ver eram seus olhos cinzas profundos e hipnotizantes.
— Está me seguindo? – ela estava tão assustada que tremeu e franziu os lábios inconscientemente.
Os olhos de Benjamim escureceram.
— É, eu estou te seguindo, afinal não tenho nada importante para fazer – foi irônico de repente, como se não importasse com as grosserias dela – e você não respondeu minha pergunta.
Antonela imediatamente sentiu necessidade de se afastar dele, ficando a uma distância segura. Agarrou a alça da bolsa que carregava, com as duas mãos, sentindo as unhas fincando no couro marrom, deixando marcas do seu desconforto.
— Eu não sei o que me deu para vir até aqui – ele franziu a testa ligeiramente com a declaração dela – sou uma tola de me preocupar com alguém que me odeia.
Sentiu-se também uma tola por permanecer ali e sem pensar muito desviou o corpo passando por ele, com a única intenção de fugir de Benjamim pela segunda vez, mas ele não permitiria que aquilo acontecesse.
Antonela mal havia dado um passo para longe quando ele agarrou o braço dela e a puxou para perto. O corpo de Antonela congelou de repente. Ela odiava a sensação que Benjamim causava nela todas às vezes que ficavam próximos. Seus rostos estavam muito próximos um do outro, então tudo o que ela pôde sentir foi a respiração acelerada, fazendo seu coração inchar ao ponto de explodir.
Ela abaixou o olhar para a mão dele que a segurava, mas não conseguiu reagir. O toque leve, o calor que a envolvia e quando levantou o olhar novamente percebeu que ele olhava para ela de uma maneira que jamais olhou.
— Quando o Henrico acordou, o seu nome foi o primeiro que ele disse – ela franziu a testa ligeiramente e se afastou assustada.
— Como sabe disso? – tentou dissipar todos os pensamentos além do que o assunto exigia – ou você está inventando isso para que eu acredite que valeu a pena ter vindo até aqui?
— Não tenho motivos para inventar coisa alguma – os olhos de Benjamim voltaram a ficar frios, dissipando qualquer sensação de amor em seu olhar – pergunte ao médico que atendeu ele.
Um nó sufocou a garganta de Antonela ao imaginar a cena. Por qual motivo seu pai chamaria seu nome? Quando percebeu a angústia explodir dentro do seu coração, ela decidiu fugir pela terceira vez.
— Isso não importa, senhor Dylon – ela o tratou formalmente e Benjamim odiou aquilo – e peço que por favor, não conte ao Henrico que estive aqui.
Ela correu até a casa e, antes que pudesse chegar até a porta, viu Alessia sair. Os olhares se encontraram, enquanto Antonela estava assustada e quase sem fôlego, Alessia estava indiferente.
— O que está fazendo aqui? - uma sensação de queimação se espalhou pelo corpo de Antonela e ela sentiu uma onda de inquietação.
— Vim conhecer o bastardo do seu filho – revirou os olhos ao mencionar Adam e o desprezo pelo garoto foi nítido em seu rosto – e ordenar que você vá embora da cidade e nunca mais apareça em nossas vidas.
— Se não, o quê? – observou Alessia, se aproximando dela com um olhar intimidador.
— Vou me casar com o Benjamim e estou esperando um filho legítimo, o herdeiro que ele tanto quis – parou em frente, a centímetros de Antonela – e você não vai querer pagar para ver do que sou capaz.
Alessia passou encostando o ombro no dela, quando parou de repente e se virou para olhá-la pela última vez.
— Peça demissão e fuja com o seu filho, antes que ele também saia prejudicado.
Percebeu então que não havia medo no rosto de Antonela.
— Eu não vou fugir para lugar nenhum – Alessia ficou pasma – eu pago para ver do que você é capaz. Vai em frente, Alessia. Tente fazer qualquer mal ao meu filho, que você vai ver quem vence essa guerra.
Antonela subiu as escadas e, passando por Carlota, que assistia toda a cena, entrou na casa. Abraçou Adam e prometeu a ele que não teria mais medo de ninguém, se fosse para lutar por sua segurança.

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