— O que você acha que está fazendo, Benjamim? – Ignorando as palavras dela, ele a levou para o seu escritório e a sentou em frente à sua mesa. Depois deu a volta para fechar a porta, percebendo ser demasiadamente tarde.
Carlota empurrou a porta e olhou nos olhos de Benjamim ameaçadoramente. No mesmo instante em que Antonela saltou da cadeira, colocou-se de pé.
— Vai continuar me desafiando? – Confusa e magoada, Carlota estava disposta a confrontá-lo e mostrar quem realmente mandava naquele lugar – você se casará com Alessia daqui a três dias e eu vou reunir os sócios para arrumar um substituto para você.
As próximas palavras de Benjamim morreram em sua garganta, quando ele desfez a gravata como se ela o sufocasse. Logo atrás dele, Antonela sentiu ondas de choque a atingir, observando Benjamim cambalear para trás.
— A senhora não precisa fazer isso – a voz de Antonela ressoou pelo cômodo, quando ergueu o queixo, ela caminhou na direção deles e se pôs em frente à Carlota – peço demissão agora mesmo e irei embora da cidade.
Os olhos de Benjamim se arregalaram. O que ele esperava? Que, se casando com Alessia, poderia manter Antonela por perto e conquistá-la? Deveria ter percebido que aquele amor se impossibilitara. Ele se casaria com a irmã dela e todas as chances que poderia ter se eliminariam automaticamente.
Antonela, percebendo o espanto em Benjamim, se virou para olhar para ele. Seu coração se afundou no peito ao perceber seu semblante abatido. Benjamim ficou enraizado no lugar, enquanto as palavras de Antonela ecoavam pelo seu ouvido.
— E eu peço que o senhor Dylon não interfira na minha decisão – murmurou olhando nos olhos dele, enquanto sentia uma enorme tristeza explodir dentro do seu peito. Benjamim balançou a cabeça na esperança de que, assim, ela desistisse.
Mas Antonela não estava disposta a fazer aquilo. Certamente um dia, Benjamim entenderia que ela fazia por amar ele e não suportar a ideia de ser a causadora de suas tragédias.
— Ao menos você é inteligente, Antonela – Carlota usou da ironia para atingi-la – por favor, pegue seus pertences e vá embora de nossas vidas.
A garganta de Benjamim se fechou. Ele quis agarrá-la e não a deixar partir, mas havia chegado a hora de reconhecer que ele havia perdido aquela batalha.
— Antonela – ele chamou por ela, mas um último olhar foi lhe oferecido como consolo, quando ela virou as costas e saiu da sala.
Carlota observou a cena diante de seus olhos e uma certeza dominou seu coração instantaneamente. Quando seus olhos recaíram sobre Benjamim, ela constatou uma tristeza profunda nos olhos dele, coisa a qual ela jamais vira.
— Você está apaixonado por ela – colocou para fora sua convicção.
Benjamim olhou para ela com desprezo. Nunca imaginou que estaria nas mãos da própria mãe, que consideraria isso um enorme castigo. Ele se arrastou até a mesa e sentou-se na sua aconchegante cadeira, girando-a e ficando de costas para Carlota.
Ela estava certa em sua afirmação, mas Benjamim jamais confessaria a ela o seu amor por Antonela. Por outro lado, Carlota tentou esquecer aquilo e se concentrou no que realmente importava.
— Bem, esse final vale a pena comemorar – ela disse com entusiasmo – prepararei tudo para o seu casamento com Alessia. Em três dias, você se casa com ela.
— Está esperando que eu a parabenize por isso? – A fúria endureceu seu coração – fiz uma promessa ao meu pai antes dele morrer e é somente por ele que eu faço isso.
— Não dramatize as coisas, Benjamim – ela revirou os olhos diante da declaração dele, fingindo não se importar – você sabia que seria assim desde o começo.
— Por favor, Carlota, saia da minha sala – o modo como ele usou para dizer isso a ela atingiu o seu coração, o partindo em dois pedaços.
E Benjamim precisava dela em sua vida.
— Não posso impedi-la – ele disse isso virando as costas, para que Dominique não assistisse à dor estampada em seu belo rosto – pegue os pertences dela e volte para casa. Está dispensada por hoje.
O peito de Dominique encheu-se de indignação. Ela agora sentia o sangue fervilhar.
— Então é isso? – ela se aproximou dele, esperando que Benjamim lhe desse uma resposta satisfatória – vai deixá-la ir embora? Vai mesmo se casar com a Alessia?
— É exatamente isso – ele virou e olhou nos olhos dela, que agora pareciam frios e distantes – apenas me obedeça, Dominique. A Antonela precisa de você.
Uma lagrima riscou os olhos de Dominique. Ela piscou, deixando a lagrima descer e sua língua ficou rígida.
— Não é isso que você quer, Benjamim – ela passou a mão sobre o rosto e limpou a dor estampada – mas vou fazer o que está pedindo, pela Antonela, que não merece o que está acontecendo.
Virou as costas para ele e partiu.
Benjamim suspirou incrédulo. A única coisa que ele podia fazer agora era lamentar seu destino.

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