Antonela saiu às pressas da empresa, deixando tudo para trás. Ela não suportaria ver Benjamim tentar impedi-la de ir embora pela segunda vez. Segurou o choro por muito tempo, até correr para fora e não aguentar mais.
Ela parou encostando-se na parede fria e, sentindo o peito explodindo, colocou para fora a dor que sentia. Seu rosto foi coberto pelas lágrimas.
Ficou nessa posição por alguns minutos até perceber que ainda estava próxima da empresa de Benjamim. Passou as mãos sobre o rosto e caminhou até não aguentar mais.
O sol do dia se escondia nas montanhas e o céu ganhava um tom alaranjado, dando espaço ao azul-escuro, indicando que a noite logo chegaria. Um vento gelado veio ao encontro da pele e Antonela se encolheu, mal percebendo o tempo passar.
Perdida nos próprios pensamentos, ela não sabia para onde ir, apenas andava até suas pernas não aguentarem mais. Estranhamente parou em frente a um bar. Seu coração congelou ao reconhecer o lugar. Foi exatamente ali que tudo havia acontecido.
Foi levada até ali, pela dor ou pelo desejo de experimentar o passado pela última vez. As luzes cintilantes espalhadas por todo o luxuoso espaço de convivência, enquanto homens vestidos à noite, misturavam-se com mulheres em vestido coquetel cintilantes. As bebidas fluíam em copos de todos os tamanhos, enquanto os frequentadores do bar mal percebiam a presença insignificante dela.
O lugar permanecia intocável. Nada havia mudado, apenas os personagens da mesma história. Antonela sentou-se no mesmo lugar onde havia estado há três anos, quando Benjamim a abandonou no altar, e em seguida apareceu para salvá-la da dor que ele mesmo causou.
Olhou ao redor, esperando-o aparecer como da última vez, mas aquilo não aconteceria. Sem dinheiro, dessa vez ela apenas observou o ambiente, enquanto a música do lugar penetrava em seus ouvidos e se infiltrava em suas veias, invadindo seu coração.
O garçom se aproximou e, enchendo um copo, ofereceu a ela. Antes que Antonela pudesse recusar, ele lhe disse.
— Cortesia da casa – ele disse, sorrindo para ela. Certamente sentiu pena do seu estado lamentável, resolveu oferecer a ela um pouco de consolo.
Imediatamente, o olhar de Antonela recaiu sobre o líquido escuro no copo. Há muito tempo, desde aquela noite, Antonela não bebia. Havia até mesmo esquecido qual gosto o álcool tinha. Levou a mão até o copo e, com um nó sufocando sua garganta, o levantou até os lábios e o bebeu em um único gole.
Sentiu o líquido rasgar sua garganta, na esperança de que ele limpasse também seu coração, o que de fato não aconteceria. Em seguida, com os olhos marejados, deixou a última lagrima escorrer, antes de fechar os olhos.
Ficou ali por vários minutos, enquanto o celular vibrava insistentemente no bolso. Lembrou-se então de Adam, que deveria voltar para casa para ficar com ele. Levantou-se impactada pela nostalgia e finalmente saiu.
Olhou para a tela do celular e percebeu que Dominique estava desesperada atrás dela. Voltou a guardar o aparelho e caminhou de volta à rua. Foi até a parada de ônibus, ainda precisava daquele momento sozinha, para refletir, colocar os pensamentos em ordem e aceitar de uma vez por todas que era o fim.
Sentia-se tola por se lamentar por algo que nem sequer chegou a acontecer. Onde ela chegaria com aquele romantismo todo? Logo com um homem como Benjamim Dylon? Em lugar algum, ora.
Desceu do veículo e ficou parada, olhando para a estrada de chão escura e solitária. Aquela seria certamente a última vez que Antonela a percorreria. Depois daquele momento, ela partiria para nunca mais voltar.
— Pare imediatamente, Dominique – Antonela a segurou pelos braços e a obrigou a olhar em seus olhos. A respiração de Dominique estava acelerada e ela olhou assustada para Antonela – preciso ir. Não há mais espaço para mim nessa cidade.
— Por que, afinal? – ela engoliu toda a vontade de chorar – por que a Carlota decidiu que seria assim? Por que o homem que você ama vai se casar com a sua irmã? Ou por que você está com medo?
— Os motivos não interessam – soltou e, se inclinando, começou a pegar todas as peças de roupa que estavam espalhadas pelo chão. Quando ergueu o olhar, viu Carmélia chorar na entrada do quarto.
Um nó sufocou sua garganta. Ela virou as costas para a realidade, quando sentiu Adam agarrar suas pernas e pedir para que não partissem. Era mais do que Antonela podia suportar. Sentindo as pernas tremerem, ela ergueu o garoto nos braços e o abraçou.
— Minha mãe partiu e o meu pai me detesta – ela soltou um riso ao lembrar disso – a minha irmã vai se casar com o pai do meu filho e eu estou desempregada. Se alguém enxerga esperança para mim, me mostre, afinal.
Como se Carmélia não suportasse mais ouvir aquilo, saiu apressadamente, atravessando o corredor e se trancando em seu quarto. Dominique, por sua vez, a abraçou e ficou apenas deslumbrando o momento antes da partida.
— Para onde você vai? – ela sussurrou, afundada na própria dor – sabe que pode ficar aqui, que quero que fique.
— Vou voltar para a antiga cidade onde o Adam nasceu – revelou – amanhã pela manhã eu partirei.

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