Benjamim continuava com a mão estendida esperando que Antonela a segurasse, mas se frustrou quando observou ela se levantar se colocando de frente a ele, enquanto com a cabeça baixa, tentava limpar a sujeira da roupa.
Depois de tudo o que havia acontecido entre eles, Benjamim esperava uma recepção melhor. Mas Antonela o ignorou como se ele não existisse. Assim que terminou de se ajeitar, ergueu a cabeça, o olhou pela última vez e girou os calcanhares para partir.
Ele não pretendia deixá-la ir, não depois de tudo o que havia acontecido entre eles três anos antes.
— Está atrasada para o velório da sua mãe – disse, enfiando as mãos nos bolsos da caça e olhando para ela.
Imediatamente, os pés de Antonela se prenderam no chão, como se criassem raízes. Ela travou o maxilar e então se virou, oferecendo a ele um olhar afiado.
— Não finja que sabe alguma coisa sobre mim – ela esperou tanto por aquele momento, que mal conseguia se segurar – eu não o conheço e não costumo falar com estranhos.
Por mais que Antonela tenha dito aquilo de um modo desdenhoso, Benjamim pareceu não se importar. Olhou nos olhos dela, alargando um sorriso, como se achasse graça em suas palavras.
— Você tem razão – ele deu um passo na direção dela – provavelmente não fala com estranhos, mas costuma dormir com eles. A sua política de boa convivência é bastante interessante, senhorita Bianchi.
Ela arregalou os olhos sem acreditar no que acabava de ouvir. Um sorriso amargo atravessou seus lábios e ela até revirou os olhos em desgosto, mas não deixaria se abater, muito menos mostraria fraqueza diante dele.
— Você sabia que eu era sua noiva abandonada no altar – ela afirmou, não foi uma pergunta retórica - por isso resolveu se aproveitar de mim. Você conhece muito de boas condutas.
— Claro que eu sabia – respondeu ele e a memória daquela noite era tão viva em sua mente que dava a impressão de que havia acontecido apenas alguns dias atrás – eu queria ensinar a você alguns princípios, mas pelo jeito você não aprendeu muita coisa.
Antonela ficou chocada. Como se a abandonar no altar já não fosse uma boa lição.
— Me ensinar princípios? – ela debochou. Não imaginou que teria essa conversa com Benjamim depois de três anos – que tipo de conduta eu quebrei para merecer um castigo do todo-poderoso?
— Não deveria sair por aí falando mal de alguém que você não conhece – respondeu com um sorriso cínico no rosto – feio, cheio de manias e vícios. Um homem sem rosto?
Antonela se surpreendeu que Benjamim ainda se lembrasse de cada palavra que ela havia dito naquela noite. Ela explodia por dentro. Como aquele homem pensou em fazer tudo aquilo premeditadamente?
— Vamos esquecer o que aconteceu – Benjamim prosseguiu quando percebeu que Antonela não conseguia dizer nada – afinal, teremos que aprender a conviver a partir de agora.
O que ele queria dizer com isso?
Antonela respirou fundo antes de responder qualquer coisa, afinal ela só estava ali para se despedir de sua mãe e não permitiria que Benjamim estragasse esse momento também.
Percebendo o clima ruim que pairava no velório de Francesca, Antonela se despediu da mãe e se preparou para ir embora do cemitério, quando sentiu uma mão segurá-la. Quando se virou, viu Alessia, que agora sorria ao lado de Benjamim.
Aquilo só podia ser um pesadelo e Antonela começava a se arrepender por ter voltado a sua terra natal.
— Quero te apresentar uma pessoa – ela parecia bastante feliz para quem acabara de perder a mãe - esse é o Benjamim, o meu noivo.
Alessia levantou a mão, mostrando um anel com uma enorme pedra de brilhante. Antonela arregalou os olhos, assustada, observando Benjamim abaixar a cabeça envergonhado. Agora ela entendia tudo.
— Vamos nos casar, Antonela, isso não é maravilhoso? – ela dava pulos de alegria e Antonela entendeu que a única intenção de Alessia era provocá-la.
Era claro que Alessia sabia que Benjamim era o homem que havia a abandonado no altar. Forçou um sorriso, odiaria demonstrar fraqueza para qualquer um dos dois, e finalmente disse.
— Isso é uma grande notícia – foi quando seu olhar se encontrou com Benjamim – desejo muitas felicidades ao novo casal, mas eu realmente preciso ir.
Então, mais uma vez, Antonela virou as costas e partiu, deixando Benjamim atordoado, sem saber como lidar com a mulher que ele havia abandonado no altar.

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