Antonela esperava impacientemente que Dominique viesse buscá-la. Em um lugar seguro, onde ninguém da família dela pudesse a ver, ela chorava. Francesca se foi sem saber que tinha um neto. Henrico jamais a perdoaria por ela ir embora e agora Alessia era noiva do pai do seu filho. Quando lembrava dessas coisas, considerava que trabalhar para Claus era um paraíso comparado ao inferno daquela cidade.
Observou Dominique estacionar o carro, ainda com o motor ligado. Entrou no veículo silenciosamente, percebendo que Adam não estava com ela. O coração de Antonela congelou no peito.
— Não se preocupe, o Adam está seguro – ela disse, ainda assim Antonela não se acalmou – está na companhia da minha mãe. Ela já é uma senhora de idade, mas ainda tem o juízo perfeito.
Ela suspirou aliviada, mas permaneceu em silêncio. Era como se ela não soubesse o que dizer sobre tudo o que vinha acontecendo naquele dia. Naquele exato momento, Dominique já sabia que algo não estava certo. Ela conhecia muito bem sua melhor amiga, embora tivessem ficado muito tempo sem se falar. Ela sabia que, quando Antonela se calava, o mundo explodia dentro dela.
— O que aconteceu? – a pergunta fez Antonela sair da aflição e olhar em seus olhos. Estava perdida, disso Dominique tinha certeza – eu sei que um velório é sempre muito difícil, ainda mais quando foi o da sua mãe, mas eu sei que alguma coisa a mais aconteceu.
E ela estava certa. Ao ouvir as palavras de Dominique, Antonela pensou muito se deveria falar sobre aquilo naquele momento, então disse:
— Por que não me contou que a Alessia estava noiva do Benjamim?
Ela xingou baixinho enquanto batia no volante do veículo, recriminando a si mesma.
— Sinto muito – Dominique se sentia tão estranha que começou a ficar irritada – eu não deveria ter sumido por tanto tempo e ter procurado você quando já era tarde demais.
Fez uma pausa, sentindo o coração se descontrolar no peito. Depois de vários segundos de silêncio, Dominique continuou:
— Alessia investiu pesado para conquistar o Benjamim, ainda que soubesse que ele era o homem que havia abandonado você no altar – suas palavras pareciam aumentar a tensão no ar – como soube disso?
— Encontrei o Benjamim no velório – as palavras de Antonela fizeram Dominique frear inesperadamente.
Antonela olhou para ela, assustada, tentando entender a reação de Dominique.
— O que ele disse? – Dominique voltou sua atenção para a estrada quando virou à esquerda, entrando em uma estrada de chão batido.
— E o que ele poderia dizer? – A resposta de Antonela foi um pouco aguda – ele só me fez relembrar daquela m*****a noite, me culpando pelo que aconteceu. Juro que não vi nenhum pouco de arrependimento. Benjamim fez tudo premeditadamente.
Dominique mal conseguia conter sua ansiedade por saber mais detalhes da conversa entre eles dois, mas não havia muito o que saber. Antonela se calou em seguida.
— Disso eu não tenho a menor dúvida – Dominique expressou sua indignação – imagine quando ele souber que o Adam é filho dele.
— Não fale uma coisa dessa nem de brincadeira – sua voz profunda soou com autoridade e extrema irritação – ele nunca vai saber que tivemos um filho juntos, ainda mais agora que vai se casar com a minha irmã.
— Eu senti sua falta – expressou todos os seus sentimentos – e seja qual for a sua decisão, embora eu não concorde, vou apoiá-la e ajudá-la no que precisar.
Se afastou com os olhos molhados em lágrimas, percebendo que Antonela também chorava. Depois que Dominique entrou, Antonela permaneceu naquele lugar por dois minutos inteiros, apenas observando Adam brincando. Carmélia se aproximou, felicitando pelo filho bonito que tinha, mas era uma mulher de poucas palavras e totalmente discreta. Carmélia chamou Adam para entrar, prometendo a ele que faria um bolo de chocolate para que pudesse lanchar antes do almoço. Parecia que aqueles dois se conheciam há muito tempo e que amavam a presença um do outro.
Finalmente, Antonela saiu do seu estupor e pegou o celular da bolsa, discando o número da lanchonete de Claus. Ela precisava garantir seu emprego de volta e ir embora daquela cidade imediatamente, mas assim que Claus ouviu seu nome, disse que ela estava demitida.
— Precisei vir para o velório da minha mãe, Claus – ela gesticulou desesperadamente.
— Eu sinto muito pela sua mãe – a voz dele estava impaciente – mas ofereci a você dezenas de outras chances. Arrume outro emprego, Antonela, porque na minha lanchonete você não coloca os pés nunca mais.
A ligação foi interrompida. A verdade era que Antonela não pensou que Claus levaria a sério a ideia de demiti-la, ela tinha convicção de que, assim que ligasse para ele, conseguiria o emprego de volta. As coisas não saíram como ela imaginou.
Colocou as duas mãos no rosto e deixou o desânimo tomar conta dela. Ela precisava arrumar um emprego desesperadamente.
Ela tinha um filho pequeno para cuidar.

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