Alessia viu amanhecer pela janela do seu quarto. Por três longos anos, ela esperou viver aquele momento, casar-se com o homem que ela amava. O homem mais rico e bonito da cidade. Estranhamente, o único sentimento que aflorava dentro do seu peito era o desespero.
Ela olhou para o vestido pendurado no cabide, tão lindo, e lembrou-se de que não havia tocado desde que ele foi deixado ali. No dia anterior, insistiu para que Carlota não retornasse, dizendo estar passando mal devido à ansiedade.
Alessia não conseguia encontrar uma solução para o seu problema, como conseguiria o dinheiro para pagar Fred? Sentiu-se uma idiota por confiar em um completo desconhecido e agora estava em suas mãos.
O tempo se esgotava. Um rosnado escapuliu dos seus lábios quando ela leu a mensagem pela décima vez. Só havia uma maneira de convencer Fred a não contar a verdade e, após pensar muito sobre isso, Alessia pegou finalmente as chaves do carro e saiu de casa às pressas.
Metade da cidade ainda adormecia quando ela dirigiu pelas ruas vazias. Os primeiros raios de sol iluminaram o céu quando ela pegou o celular e ligou para Fred. Ele demorou para atender e com a voz sonolenta lhe disse do outro lado da linha.
— Por que está me ligando tão cedo?
— Para quem tem uma mãe moribunda em um hospital, você está tranquilo demais – Fred bufou do outro lado – diga-me sua localização, precisamos conversar.
Fred ficou em silêncio, pensando calmamente sobre aquela proposta. Deveria, de fato, confiar em Alessia, ainda mais sabendo o pouco do que ela conseguia fazer? E se fosse uma armadilha para prejudicá-lo ou forçá-lo a desistir do seu desesperado plano?
Após testar a paciência de Alessia, ele tomou finalmente a decisão de arriscar e disse a ela seu endereço. Logo após a ligação ser encerrada, Fred se levantou apressadamente e, colocando um casaco sobre a blusa amarrotada, ele saiu da casa e a esperou do lado de fora.
Jamais confiaria em alguém como Alessia dentro de sua casa. Um vento gelado foi ao encontro da pele e Fred pensou estremecer devido ao frio da manhã, mas ele temia o que aconteceria nas horas seguintes. Se Alessia não lhe trouxesse o dinheiro, ele de fato não saberia o que fazer.
Observou um carro estacionar do outro lado da rua. Os olhos de Fred permaneceram atentos a cada movimento e ele só reconheceu o condutor, quando viu ela descer do carro.
Não soube se poderia sentir-se aliviado ou levantar todas as suas defesas. Observou Alessia se aproximar. Ela usava óculos escuros e vestia um casaco de capuz, esse a qual lhe cobria a cabeça. Era como se ela estivesse se disfarçando para não ser reconhecida.
Porém, Fred a reconheceu imediatamente, não foi tão difícil assim. Ela olhou para os lados antes de atravessar a pista e caminhar apressadamente em direção a ele. Tirou uma das mãos do bolso do casaco, levou as chaves do carro na direção dele. Fred olhou para ela sem entender o que aquilo poderia significar.
— Fique com o carro – uma ruga surgiu em sua testa e Fred não compreendeu – eu não tenho outra coisa para lhe oferecer. Você pode ficar com o carro e vendê-lo para conseguir o dinheiro do tratamento da sua mãe.
— O quê? – ele não fez menção de que aceitaria a proposta e riu das intenções de Alessia – esse não foi o nosso combinado.
Alessia recolheu a mão e revirou os olhos, coisa a qual Fred não pode ver por detrás dos óculos escuros, mas viu ela se agitar, virando-se e depois voltar a ficar de frente para ele, impaciente.
— Então aceite minha proposta – ela cerrou os dentes, seu lindo rosto contorcido de raiva.
— Eu não posso – um sorriso desesperado surgiu no rosto dele – minha mãe está morrendo, eu não posso mais esperar.
Ao ouvir isso, os olhos de Alessia se arregalaram em choque. Sua mente conturbada não conseguiu ajudá-la a encontrar uma solução. Segundos depois, o celular vibrou no bolso do casaco e Alessia, olhando para o identificador, percebeu ser tarde demais.
— Vou conseguir o dinheiro – ela disse atropelando as palavras, embora soubesse que era uma missão impossível – não faça nada de arriscado até lá.
Fred não encontrou nenhuma confiança nas palavras dela e, antes que pensasse em perguntar quando seria, ela lhe respondeu.
— Uma hora antes do casamento, você terá o dinheiro – ela lhe falou quando, virando as costas, voltou para o veículo.
Alessia não atendeu ao telefonema de Carlota e não viu quando Fred também recebeu uma ligação que mudaria tudo. Ele correu pelas ruas da cidade, desesperado, enquanto Alessia voltou para casa para se preparar para o seu casamento.

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