O Padrasto 1 romance Capítulo 20

Quando é verdadeiro, a distância não separa,

o tempo não enfraquece e ninguém substitui.

Ane Clark

Enfim chego ao aeroporto, e ao ver que os meus amigos se esforçaram para estar aqui a tempo de dizer não um “adeus”, mas um “até breve”, faz toda a tensão que se fazia presente em meu corpo, depois da discussão que tive com a mamãe misturada com a noite mal dormida, dissipar com a mesma velocidade que chegou.

Ansiosa, eu apresso o passo para diminuir a distância entre nós o mais rápido possível. Tivemos muito pouco tempo para conversar, foram menos de doze horas entre o telefonema da vovó com as informações do voo, ligar para Ane, que ficou incumbida de avisar ao Bruno e Felipe, que a minha ida para Vegas havia sido antecipada, e fazer as malas.

Corro os olhos em volta e não posso deixar de sentir a falta de Felipe. Meu peito aperta em aflição, pois ele é tão importante quanto Ane e Bruno. Mas o que eu esperava depois de tudo o que houve? É mais do que compreensível que ele esteja me odiando neste momento, apenas o tempo o ajudará a superar o momento difícil que está passando.

— Amiga.

Solto a minha bolsa no chão ao ouvir Ane gritando, chamando a atenção de algumas pessoas que estão por ali. Eu corro para os seus braços e percebo que ela está visivelmente emocionada. Ao me aproximar, eu a envolvo em um abraço apertado, repleto de carinho. Compartilhamos tantas emoções que será impossível esquecer. Eu sentirei saudade de todos os momentos em que vivemos juntas — alegrias, tristezas e os nossos sonhos. Guardarei para sempre cada um deles dentro do meu coração.

— Quando é verdadeiro, a distância não separa, o tempo não enfraquece e ninguém substitui. — A voz de Ane soa embargada enquanto não seguro mais as lágrimas.

— Eu ainda estou aqui, amiga. Eu ainda estou aqui. — Fungo e deito a minha cabeça em seu ombro enquanto ela desliza a mão pelos meus cabelos.

— Eu não acredito que isso esteja acontecendo — ela diz e soluça em seguida.

— Eu sinto muito por te envolver nisso tudo, amiga. — Eu me afasto do seu abraço e deslizo o polegar pela maçã do seu rosto para secar as lágrimas que banham a sua face.

— Você não tem culpa de nada, Ju. Quem poderia prever? — Ela dá de ombros.

— Eu não poderia prever, mas deveria ter evitado. — Dou um sorriso com o canto da boca, sem ânimo algum.

— Senhorita, eu vou despachar as suas malas.

Volto a minha atenção para o motorista que a vovó desnecessariamente enviou para me acompanhar.

— Está bem, Steve, eu não vou demorar — digo, ainda abraçada à Ane, que me aperta como se quisesse gravar este momento.

Steve dá um sorriso solícito e sai, nos deixando sozinhas.

— Amiga, eu vou sentir tanto sua falta. — Olho para Ane, que me fita com os olhos marejados.

— Eu também, minha amiga. Eu gostaria que tudo fosse diferente.

Olho por cima dos ombros dela e estendo uma das minhas mãos ao ver Bruno se aproximar.

— Oi, Ju.

Eu me afasto dos braços de Ane e volto a minha atenção para o meu amigo que se esforça para conter a emoção. Eu o abraço forte enquanto ele beija o topo da minha cabeça carinhosamente.

— Eu vou sentir muita saudade de vocês. — Eu me afasto dos braços do meu amigo e olho de Ane para Bruno. — Não está sendo fácil me despedir, mas tem algo que me conforta. Melhor do que ter uma amiga como você é saber que a nossa amizade é eterna. Eu sei que posso contar com você em todos os momentos, mesmo que estejamos longe. Podemos não estar juntos todos os dias, como estamos acostumados, mas o mais importante é que vocês nunca sairão daqui. — Eu aponto para meu coração.

— Amiga, a nossa vida está apenas começando. Temos uma vida inteira pela frente, e ainda vamos nos encontrar e rir de tudo isso. — Ela segura as minhas mãos e dá um leve aperto em sinal de conforto.

— Eu espero que sim, amiga — digo, não tão convicta quanto ela.

— Como você se sente? — Bruno pergunta, visivelmente preocupado.

— Como pode ver, tentando seguir em frente. — Dou de ombros. — Eu não tenho outra alternativa.

— Eu sinto muito por tudo o que você está passando. É triste que você tenha que partir tão de repente, deixar a sua vida para trás. Espero que você se acerte logo com a sua mãe e volte para nós. — Ele dá um grande sorriso esperançoso.

— Eu também sinto muito, meu amigo, também sinto muito — digo com sinceridade e respiro fundo.

— Nós vamos sentir muito a sua falta. — Bruno, visivelmente emocionado, me puxa para mais um abraço e deposita um beijo em minha testa. — Sabe que você pode contar conosco para o que precisar, não sabe?

— Sim, eu sei. — Eu me afasto dos seus braços e me viro para Ane, que continua com os olhos marejados. Ao ouvir o meu voo ser anunciado, a dor no meu peito fica tão forte que eu perco o ar.

— Você tem mesmo que ir? — Ane diz, ainda esperançosa.

Capítulo Dezesseis 1

Capítulo Dezesseis 2

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