O pecado original romance Capítulo 5

Eva acordou, assustada. Pegou seu celular de sobre o criado mudo para checar o horário. Já passava das nove da manhã. Se levantou, então, e seguiu para o chuveiro. Suas coxas estavam completamente úmidas e isso fez com que relembrasse tudo o que havia acontecido mais cedo naquele dia. Uma mistura de remorso e tesão a atingiu, deixando-a mais confusa do que jamais se sentira. Que tipo de sentimento era aquele?

Seu banho foi rápido, apenas para deixar o corpo fresco. Não conseguia compreender suas motivações, mas um desejo imenso de se sentir desejada novamente a fez pentear o cabelo com esmero e vestir-se de maneira provocante.

Optou por um vestido curto e confortável de algodão canelado que se aderia ao corpo, revelando grande parte de suas coxas e desenhando suas curvas. Decidiu, com uma pontada de malícia, que deixaria seus seios livres de sutiã, para que o contorno de seus mamilos se fizesse visível. Vestiu sua menor e mais reveladora calcinha, um fio dental vermelho, que cobria nada na parte de trás e revelava quase tudo na da frente. Se Eric viesse a perguntar no fim do dia, diria que havia se vestido para ele, uma vez que ele pouco interesse havia mostrado no dia anterior.

Não seria considerado traição se vestir para provocar outro homem, seria?

Quando seguiu para a cozinha, olhou em volta, à procura de Jonathan. Estava ansiosa para ver como ele a olharia. Como seus profundos olhos verdes viriam a se pousar em suas curvas e atributos. Ela se sentia linda. Seus cabelos castanho claros estavam brilhantes e sedosos, sua pele, revelada em lugares estratégicos estava lisinha como a casca de um pêssego maduro, o salto que havia calçado, fazia sua bunda ficar ainda mais arrebitada e seus seios ficavam ainda mais vistosos naquele vestido.

A decepção a atingiu como uma pedrada quando constatou que a casa, exceto por ela, estava vazia e silenciosa. Havia se arrumado apenas para si mesma, mas, decidiu, resoluta de que aquilo não seria suficiente.

Caiu em si para lembrar que o processo seletivo de Jonathan deveria ter começado naquela manhã e, por um momento, sentiu-se triste e sozinha. Havia café fresco na garrafa térmica, mas, não querendo desperdiçar todo o trabalho que tivera se arrumando, decidiu ir comprar um café na cafeteria da esquina. Naquele dia, queria ser olhada. Desejada. Comida com os olhos e, no fim do dia, quem sabe, possuída e satisfeita como ordenava sua luxúria. Se é que Eric demonstraria algum interesse.

Chamou o elevador, que logo desceu até seu andar. Ficou satisfeita quando percebeu que não desceria sozinha. O vizinho do andar de cima, um coroa boa pinta, dono de uma rede de restaurantes cujo qual havia se mudado a pouco tempo, a cumprimentou polidamente. O homem já possuía uma faixa grisalha nos cabelos das têmporas, mas era alto e tinha um porte orgulhoso, o maxilar era quadrado e escanhoado com esmero e ele possuía um par de olhos experientes e claros. Olhou-a dos pés à cabeça, parando-se por um momento em suas coxas e seu decote e pareceu gostar do que viu. Ainda assim, baixou seu olhar até o chão.

Eva disfarçou o sorriso que lhe apareceu no canto dos lábios e, só depois de alguns momentos, percebeu por que o homem olhava fixamente para o ponto entre seus pés. O mármore branquíssimo do elevador devia ter sido polido à exaustão naquele dia e o reflexo que projetava era quase tão claro quanto o de um espelho. Tão claro era, que podia ver até mesmo a cor de sua calcinha através dele.

A mulher se sentiu vulnerável por um momento e chegou a pensar em fechar bem as pernas e censurar o homem, mas, em vez disso, as abriu ainda mais, dando ao homem uma visão clara do contorno inferior de suas nádegas e sua virilha, que estava, quase que completamente, exposta pela calcinha minúscula. Tão minúscula que, por vezes, sentia os lábios de sua vagina tentarem abocanha-la.

O homem se despediu ao chegar no andar da garagem e, antes que a porta do elevador se fechasse, lançou a Eva um olhar repleto de malícia, seguido de uma piscadela. Ela o retribuiu com um discreto olhar de cumplicidade e uma sedutora mordida no lábio inferior. O que havia acontecido com ela?

Sentiu o sangue lhe subir à face e gostou daquele sentimento. Sentia-se livre e jovem e tão viva quanto jamais havia se sentido.

Atravessou o hall e saiu através da grande porta dupla de vidro. Caminhou pela calçada repleta de transeuntes e, enquanto caminhava, sentia os olhares de cada homem por quem passava se pousarem sobre ela. Sentiu a adrenalina percorrendo suas veias, enchendo-a de tesão e logo, já sentia sua calcinha úmida demais. Parou de frente para a porta da cafeteria da esquina, mas pensou melhor e decidiu, naquele dia, ir em uma um pouco mais afastada. Pegou o celular e chamou um motorista pelo aplicativo, que não demorou a chegar.

O motorista era um homem de meia idade que ostentava um bigode hirsuto e loiro demais para o gosto dela. Eva se sentou no banco de trás, no centro do acento, onde se posicionou no vão entre os dois bancos dianteiros.

— Bom dia senhorita. – Cumprimentou o homem, educadamente, antes de ajustar o retrovisor.

— Senhora. – Corrigiu Eva, antes de cumprimenta-lo.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O pecado original