Resumo de Não esconda o que está sentindo – Uma virada em O pecado original de L.E. Soares
Não esconda o que está sentindo mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de O pecado original, escrito por L.E. Soares. Com traços marcantes da literatura Erótico, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
O 8ball Music Bar não ficava tão longe do apartamento e, quando Jonathan pôs seu pé para dentro da porta, deparou-se com um ambiente divertido e barulhento. Um homem cantava uma tentativa da música "Yellow" do Coldplay num pequeno palco a um dos cantos do local. Jonathan cantarolou a música enquanto caminhava pelo salão escuro à procura dos fartos cachos de Melissa. Letreiros de neon iluminavam as paredes em tijolos à vista, dando ao local uma ambientação rústica e retrô. As cadeiras e mesas eram desencontradas, como se tivessem sido compradas ao longo de vários anos em lugares diferentes e as pilastras ao longo do salão eram decoradas com cartazes e placas de bandas e eventos de outras épocas.
- Ei. – Melissa se aproximou de Jonathan pelas costas e segurou em seu braço. – Estamos ali naquele canto.
Ela apontou para um local onde um grupinho de homens e mulheres se reunia ao redor de uma mesa repleta de canecos e guiou Jonathan até lá.
- Pessoal. – Ela chamou a atenção dos presentes. – Este é o Jonathan. Jonathan, este é o pessoal.
Jonathan estendeu a mão para cumprimentar os presentes e puxou uma cadeira para si. As idades dos que estavam à mesa pareciam variar dos vinte aos quarenta, sendo uma mocinha miúda, de pele e olhos claros, a mais nova e um homem barbudo, de tez e olhos escuros e de rosto redondo que estava abraçado a outro homem, o mais velho.
Melissa se sentou ao lado de Jonathan e levantou o indicador, chamando o garçom, que passava por ali, apressado.
O rapaz parou de frente para Melissa, fazendo sinal para um homem em outra mesa.
- Para você? – Perguntou, levando a mão até a comanda que lhe era estendida.
Melissa sorriu para Jonathan e depois se voltou para o garçom.
- Desce um chopp para o meu amigo aqui, que hoje é dia de afogar as mágoas. – Ela riu, animada, levando seu caneco à boca e sorvendo um gole.
Uma salva de palmas, seguida de assovios, gritos e muita bagunça se deu quando o homem que cantava no palco finalizou sua música, passando o microfone para uma mulher que subiu, sorridente.
- Isso é um karaokê? – Jonathan não havia se dado conta até então.
- É claro, gênio. – Ela riu. – Ou achou que aquele cara estava sendo pago para espantar os clientes?
Jonathan corou, percebendo, só então, que a resposta era mesmo óbvia.
- Por que não foi junto com a Eva? – Melissa perguntou, desprovida de maneirismos, aparentemente, já sabendo a resposta.
Jonathan suspirou, caindo na armadilha. A ansiedade e a angústia voltando, avassaladoras.
- Teoricamente, era uma reunião de trabalho. – Mentiu, olhando em volta e tentando espantar o assunto - Não tinha porque eu ir.
Melissa torceu sua boca, se compadecendo do rapaz.
- Jonathan. – Ela levou a mão adiante, segurando os dedos enormes do rapaz entre os seus. – Você não acredita mesmo nisso, não é?
Jonathan puxou sua mão, desvencilhando-se do toque de Melissa, encarando-a com ar ofendido.
- Afinal, me chamou aqui para me animar, ou deixar minha noite ainda pior? – Ele parecia mal-humorado.
Melissa suspirou, como se ponderasse sobre uma maneira de iniciar um assunto sem parecer invasiva demais.
- Olha só. Como eu posso te dizer? – Ela começou, parando para pensar.
- Vai me dizer que ela só está querendo aproveitar a vida ao máximo? – Ele aumentou o tom de voz. – Que eu sou um menininho ingênuo que serve como ferramenta para a diversão dela? Esquece, Melissa. Eu sei me cuidar, tá legal?
Ela bufou, impaciente.
- Não, burro. – Jonathan arregalou seus olhos, indignado com aquela ofensa. – Acontece que, em mais de vinte anos, eu nunca vi a Eva olhar para alguém como ela olha para você.
Aquela última frase havia pego o rapaz de surpresa, personificando, em seu semblante, uma enorme interrogação.
A mulher no palco, havia escolhido "Make Believe" do Angra para cantar. A melodia se iniciou calma, com um solo de piano, lançando sobre o salão, uma aura de serenidade.
- Então não entendo o que você quer. – Jonathan deu de ombros.
- A Eva sempre foi insegura de si. - Ela começou novamente, de maneira paciente. – Repleta de gatilhos, bloqueios e por aí vai.
Jonathan ergueu uma das sobrancelhas, lembrando-se dos primeiros dias em que havia convivido com Eva e da maneira como ela parecia tão segura de si enquanto o provocava.
- Só que desde que você apareceu, alguma coisa nela mudou drasticamente. Eu não sei, exatamente, qual a poção mágica que você deu a ela. – Ela tomou mais um gole do chopp em seu caneco, rindo para o rapaz com os olhos enquanto bebia. – Mas essa Eva, livre, cheia de si, esplendorosa me parece infinitamente mais feliz do que a Eva anterior.
Jonathan deu de ombros novamente, não entendendo exatamente aonde Melissa queria chegar.
Os amigos de Melissa pararam a conversa para observar, entretidos, o desafio, que perdurou por algum tempo, enquanto alguns acompanhavam a música, cantarolando e balançando a cabeça de um lado para o outro, como se fossem metrônomos.
Jonathan cerrou os dentes, tentando disfarçar, mas quando dois minutos haviam se passado, seu braço já doía e latejava.
- Entende aonde eu quero chegar? – Melissa perguntou, vitoriosa. – Eu sei que seu amor por ela é grande. Sei que é recíproco. Mas sei, também, que não importa quão intenso seja, a mágoa pode matar o amor. E quanta mágoa você vai aguentar antes que ela acabe te perdendo?
Resignado, Jonathan baixou seu braço, levando o caneco até a boca e tomando um gole que lhe desceu gelado e refrescante, o amargor lhe preenchendo a língua.
- E o que quer que eu faça? – Ele perguntou, assim que engoliu a cerveja.
Foi a vez de Melissa dar de ombros.
- Fale sobre os seus sentimentos. – Ela concluiu, em tom de ensino. – Não apenas os bons e intensos. Fale sobre os seus ciúmes, sobre as suas inseguranças, sobre o que te machuca. Pare de dizer que está tudo bem, quando o seu medo de perdê-la está lá o tempo todo. Pois fale que você quer que ela seja sua pelo resto de sua vida. E quando quiser que ela fique só com você, fale também.
Jonathan suspirou, vencido.
- Acha mesmo que devo? – Ele perguntou, as dúvidas povoando sua cabeça. – Não acha que isso pode afasta-la ou fazê-la se sentir presa novamente?
- Mas é claro que não, bobo. Tudo que ela está esperando, é uma atitude sua para dar o primeiro passo do resto da vida dela.
Uma multidão de pensamentos e sentimentos dançaram em sua mente, fazendo-o sonhar acordado por um momento.
- Acho que você está certa, então. - Ele falou, por fim. - Amanhã mesmo vou chama-la para conversar.
- Amanhã? - Melissa pegou o celular de sua bolsinha e se levantou de sua cadeira. Jonathan se assustou quando ela se atirou, sentada sobre seu colo. - E que tal, hoje?
- Melissa, o que você... – Ele se interrompeu quando o clarão do flash ofuscou seus olhos.
Ela riu, chacoalhando os cachos e se levantando enquanto digitava alguma coisa.
- Pronto, enviada. – Ela disse, esfregando o dedo na tela. – Vamos ver quanto tempo ela demora para entrar, furiosa, por aquela porta. Agora, vamos beber. Trate de se divertir um pouco.
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