Eva passou vários minutos deitada depois de Jonathan deixar o quarto e fechar a porta atrás de si, tentando colocar a mente em ordem e focar, ao menos, minimamente naquilo que realmente precisava fazer.
Levantou-se sem fazer barulho e se sentou em frente ao seu laptop que ficava sobre uma escrivaninha no canto do quarto sobre a qual havia montado seu escritório. Tinha um deadline a cumprir e sabia que aquele cliente era exigente e metódico.
Abriu os softwares e os desenhos do projeto e se pôs a produzir em sua mesa digitalizadora. Sabia que ainda não havia atraso por que seus funcionários certamente estariam debruçados sobre o projeto e três pessoas eram mais do que suficientes para completá-lo com folga.
Ouviu algum barulho de panelas e talheres vindo da cozinha, mas o ignorou, encaixando um par de fones nos ouvidos e abrindo uma playlist de música ambiente que havia montado para quando queria se desligar do resto do mundo.
Era aproximadamente uma hora da tarde quando começou a sentir fome. Pensou em pedir o almoço pelo app, mas se lembrou de que tinha um hóspede em casa, então, decidiu pergunta-lo se queria algo. Afinal, queria continuar fazendo com que acreditasse que ela estava completamente alheia ao que havia acontecido.
Eva abriu a porta do quarto e sentiu um delicioso aroma a lhe preencher as narinas. Normalmente sua cozinha era usada apenas durante alguns raros eventos nos fins de semana, já que Eric quase nunca almoçava em casa durante os dias em que estava trabalhando e ela acabava por pedir comida por delivery.
Atraída pelo aroma, ela seguiu até a cozinha para encontrar Jonathan a retirar uma assadeira de dentro do forno. Dentro da assadeira, um belo pedaço de pernil fumegava, coberto por algumas ervas, tomates cereja e um molho de cor ocre que, por conta das pequenas sementes pretas, parecia ter sido feito com maracujá. O pernil se deitava sobre uma cama de lâminas de batatas que já estavam douradas e apetitosas. Não se lembrava de ter nenhum daqueles ingredientes em casa, mas, ao ver algumas sacolas de mercado sobre a mesa, deduziu que o rapaz havia saído para comprar. Eva sorriu, achando aquilo tudo muito atraente.
— Boa tarde, senhora. – Disse Jonathan, ao vê-la. – Tomei a liberdade de preparar algo para comer. Está servida?
Eva sorriu para o rapaz, sem saber o que dizer, repentinamente sendo bombardeada pelas memórias do que havia acontecido durante a manhã. Ele vestia uma camiseta branca de algodão e uma fina bermuda de treino que lhe mostrava um pouco do volume daquilo que o rapaz guardava entre as pernas.
— Sabe cozinhar? – Perguntou, curiosa.
— Bom, meus pais estavam sempre ocupados trabalhando então, sempre que chegava da escola, era eu quem preparava a comida para meus irmãos. – Disse o rapaz, corando levemente.
— Que surpresa agradável, Jonathan. – Eva se dirigiu até um armário que ficava no alto, esticando-se muito mais do que o necessário para alcançar uma garrafa de vinho, fazendo com que seu vestido subisse até que suas coxas estivessem quase que completamente expostas. – Seu primo poderia aprender uma coisa ou duas com você.
Eva apoiou a garrafa de vinho sobre a bancada, pegando na gaveta o saca-rolhas de ação dupla.
Ela, habilmente, abriu a garrafa, cheirando a rolha e deixando o vinho descansar.
Havia uma panela que fervia sobre o fogão. Um purê espesso borbulhava e o rapaz se apressou em baixar o fogo.
— Como dormiu essa noite? – Ela perguntou. – Já não estava em casa quando me acordei.
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