Resumo do capítulo Capítulo 42 de O Sheikh e Eu(Completo)
Neste capítulo de destaque do romance Romance O Sheikh e Eu(Completo), Diana apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
Coloquei uma roupa bem confortável. Ainda bem que eu tinha trago as minhas peças quentes de moletom, pois elas estavam sendo de grande ajuda.
Além disso, coloquei uma blusa de meia manga do Star Wars que eu tinha e um casaco de moletom aberto, só para ver se, de fato, Seth conhecia e o que ele diria depois disso. Sorri para o espelho diante da minha imagem e decidi seguir até lá.
Bati na porta uma única vez e ouvi que Seth tinha derrubado alguma coisa. Arqueei uma sobrancelha até que pude ouvir a voz dele abafada lá de dentro falar:
– Pode entrar, Ag. – E eu abri a porta dando de cara com um jogo colocado no chão, já organizado, e um copo espatifado no chão cheio de suco derramado ao redor. Seth estava no telefone, pedindo auxílio do serviço de quarto e eu aproveitei a deixa para, como sempre, analisá-lo descaradamente.
Seth estava usando o que parecia uma vestimenta, novamente, típica do seu país. Parecia uma blusa de botão só que muito maior, como um vestido. Vinha até os pulsos e seguia até metade da coxa de cor cinza. Ainda, usava uma calça também larga de cor preta e estava descalço. Como eu gostava, não tinha nada pendurado na cabeça e mantinha os lindos fios sedosos que eu ousaria um dia tocar, a vista da beleza de alguns agraciados, como eu.
– Ag, dá licença para a moça, por favor. – Pediu Seth e eu percebi que tinha me mantido tão concentrada na visualização do modelito do mocetão que nem tinha percebido que a moça responsável pela limpeza da bagunça de Seth estava ali já. Dei passagem para a mulher.
– Não acredito que você conhece Star Wars. – Começou Seth abrindo um grande sorriso. Revirei os olhos.
– Está de brincadeira? Eu que não sabia que você gostava. Colocando a Marcha Imperial para tocar como toque do celular, foi genial! – Seth riu e se aproximou de mim.
– Uau. Essa blusa é irada. Já assistiu todos os filmes? – Perguntou curioso.
– Até o sete que saiu. – Os olhos de Seth pareciam estar a brilhar.
– E Jornada nas Estrelas? Também gosta? – Eu ri. Ele só podia estar brincando né?
Depois de ficarmos alguns minutos conversando sobre o que gostávamos nesses filmes e o quão similar Seth se achava de Darth Vader e eu da Rey, a gente ficou em silêncio percebendo que a mulher já tinha ido embora e deixando-nos na conversa entretidos, sem perceber que ela já tinha sumido e a gente continuava a conversa.
– Preparada para perder? – Me perguntou um Seth risonho enquanto ia até a porta e fechava. Não pude deixar de olhar por todo o quarto com medo de algo que não sabia muito bem o que era.
– Eu? – Ri. – Você que se prepare para a derrota, Seth. Vou fazer você em picadinhos. – Seth gargalhou junto comigo.
– Peças brancas ou pretas? – Perguntou-me. Senti meus olhos brilharem.
– Pretas. – Seth fingiu ultraje.
– Mas eu que sou o lado negro da força. Como assim, Srta.? Querendo roubar o poderio do jovem Darth Vader aqui? – Dei de língua para ele o que o fez gargalhar ainda mais.
– Isso é só desculpa para caso perca. – Alfinetei e os olhos de Seth brilharam diante do desafio ali entreposto.
Então começamos o jogo compenetrados. E, à medida que o tempo passava, a gente continuava compenetrado. Primeiro, foi Seth que ganhou, o que me deixou realmente ofendida pedindo por mais um jogo. Seth gargalhou muito dizendo que não ia deixar, pois vai saber se ele conseguiria ganhar mais uma vez. Depois de muita insistência, ele concordou. Acabou que ele estava certo. Ganhei dele rapidamente no segundo jogo, mas isso não impediu que continuássemos jogando.
E então o jogo permaneceu em seu ritmo. Já não estávamos mais tão compenetrados em saber quem estava ganhando e quem estava perdendo, mas uma conversa começou a se formar entre nós e o jogo começou a ficar em segundo plano quando Seth começou a falar:
– Aquela vez que te disse que não tinha amigos, não era completamente verdade. – Começou ele sem me olhar. Fitei-o. Ele estava reflexivo e ainda não tinha feito a sua jogada. – Eu já tive um amigo. Por muito tempo. – Ele murmurou e fez a sua jogada. Agora era a minha vez.
– Qual era o nome dele? – Perguntei tentando participar da conversa, ou seria, na verdade, uma confissão?
– Chamava-se Ali. O conheci quando ainda estava sendo alfabetizado. – Esclareceu Seth. – Ele era um bom amigo. Estivemos juntos em muitas burradas. – Um pequeno sorriso se formou em seus lábios lembrando dos momentos que tivera junto com ele. Fiquei tentada a pensar no que tinha acontecido com seu amigo, com medo de perguntar o que tinha acontecido e ganhar uma resposta triste e terna.
– E o que aconteceu a ele? – Perguntei sentindo o meu coração em pequenos frangalhos. Não pude deixar de lembrar da minha irmã e fiquei a pensar se o amigo dele não passara por algo ruim como o câncer. Queria acreditar que não.
– Não o que aconteceu a ele. – Seth deu uma risada franca e ácida, como quem relembra informações amargas. – Mas o que aconteceu a mim. – Franzi o cenho sem compreender do que Seth falava. Voltei meus olhos para ele ainda sem compreender.
– Como assim? – Perguntei já achando que não entendia era nada.
– Ali me traiu. – Disse amargamente e meu coração que batia pareceu dar uma descompassada diante daquela confissão terrível. – Vendeu informações sobre mim para alguns clãs radicais. – Continuou Seth e seus olhos estavam de volta para o jogo, mas achei que tinha visto um pequeno brilho no seu olhar, quase como se fosse uma lágrima. Engoli em seco. – Ele disse onde eu estava, mas os clãs ofereceram ainda mais dinheiro para ele se ele... – Seth parou de falar e eu queria pensar que não era o que eu estava pensando que ele ia dizer, mas foi. – Se ele me assassinasse. – Meus lábios se arquearam ainda completamente sem fala. Que tipo de amigo era aquele? – Muito dinheiro, diga-se de passagem, Ag. – Seth voltou seus olhos na minha direção. Um sorriso de pena se formava nos seus lábios e ele, embora me olhasse, não estava me encarando. – E então ele decidiu que abandonaria o que achei que tinha sido quinze anos de amizade pura e genuína e decidiu por conta própria que o dinheiro valia mais do que uma amizade. – Continuou Seth.
E eu não sabia, simplesmente, o que dizer. Porque conhecia muitas pessoas que fariam a mesma coisa que Ali. Muitas pessoas que embora fossem amigas, o eram até que dinheiro não fosse mencionado. E era a questão de Ali. Foi um amigo, um amigo de interesse.
– Isso é terrível. – Disse mais para mim do que para Seth. Não soube dizer se ele me ouviu.
– Então Ali tentou, de fato, me matar. Covarde, acabou fugindo assim que me esfaqueou, com medo de todo o sangue que saia de mim, com medo de ser recriminado, morto, ou coisas até piores. Ele fugiu amedrontado e me deixou sangrando, quase entregue a morte. Talvez, eu não estivesse aqui se não tivesse sorte. – Seth deu um pequeno sorriso. – Alfred me achou e me salvou. Ele se tornou meu guarda pessoal depois disso. Estava na África do Sul nesse período, saindo de férias com Ali, passeando pelas savanas. Eu diria que Alfred é o que tenho de mais próximo como amigo, mas não sei se ele considera-me assim, dessa forma, não o chamarei de amigo. – Concordei, ainda que discordasse. Se eu considerava alguém amigo, para mim já bastava, era meu amigo. Mesmo que a pessoa esperneasse e não quisesse. Mas achava bonita a forma de Seth de pensar, dando espaço para que Alfred que se decidisse.
– E você está bem? – Perguntei e Seth revirou os olhos rindo.
– Acho que sim né Agnes? A não ser que você converse com espíritos. – Ri do comentário de Seth e ele riu baixinho junto antes de me perguntar:
– Quer ver? – Parei de rir instantaneamente sem saber exatamente do que ele falava.
– Ver o que?
– A marca. – Ele disse como se fosse óbvio. Só então percebi a gravidade do que Seth me contava. Não era uma história, Agnes burra, era a realidade, estampada de vermelho. Seth tinha sido traído e quase tinha sido morto e só agora que eu conseguia abrir meus lábios, sentindo o pavor percorrer todo o meu corpo a simples ideia de que Seth poderia não estar vivo tampouco ter sobrevivido a isso tudo sem Alfred. Acho que Alfred merecia um abraço bem forte por ter sido tão bom assim.
– Sim. – Respondi timidamente, embora curiosa. Para a minha surpresa, Seth desabotoou alguns botões para dar margem ao corte e eu só consegui ficar vidrada em como ele era estonteantemente lindo por dentro das camadas de roupas.
Seth virou-se de lado mostrando o que parecia uma marca de raspão, ainda que eu não soubesse o quão profunda tinha sido, do lado esquerdo do corpo. Ficava próximo do peito, logo abaixo no abdômen. Era um corte de uns sete centímetros de comprimento e que ficou a me deixar pensando no fato de que se o corte já restituído tinha isso tudo de largura, imagina quanto haveria de ter o corte antes disso?
– Foi feio, Ag. E entendo se não quiser que eu continue falando sobre isso. – Disse Seth fechando a camisa novamente, mas eu balancei a cabeça negando.
– Não é problema algum. – Engoli em seco. – Continue. – Seth concordou.
– Eu não sei exatamente porque estou te contando isso, Ag. Mas você confia em mim e acho que devo alguma confiança a você. Posso me arrepender disso depois, mas agora, estou disposto a confiar na minha amiga. – Ele piscou e eu enrubesci voltando meu olhar para baixo. – Nesse acidente, perdi o baço. Não o tenho. – Arregalei os olhos voltando minha atenção para Seth ainda boquiaberta.
– C-Como? – Perguntei gaguejando. Seth gargalhou achando graça.
– Tiveram que arrancar. Disseram que eu ia morrer de hemorragia se não fizessem. Mas a gente vive perfeitamente sem o baço, Ag. Pode pôr fé que se arrancarem o seu baço é melhor do que o fígado, muito embora seja melhor não tirarem nada. – Ele soltou uma risada amarga.
Mamãe passara a trabalhar para conter os problemas do pai. E agora eu conseguia entender porque ela quase não ficava em casa e, por sua vez, tampouco meu pai. Enquanto ele passava o dia inteiro na rua, bebendo, mamãe trabalhava em dois empregos para tentar manter eu e minha irmã e, claro, o maldito do bêbado do meu pai. O seu único pedido era que papai não se aproximasse de nós duas e fizesse mal a nós, como nos molestar. De fato, papai nunca chegou a esse ponto, ficando o dia inteiro na rua, mas mamãe sempre teve medo disso e somado a isso, ela pedia que ele também não nos tocasse. E a única que apanhava, até então, era ela. Calada e sentida. Por que era um trato deles. Um trato do qual eu não tinha conhecimento, mas que, a partir daquele momento, me doeu na alma. Eu não queria mais ver meu pai nem pintado de ouro por estar fazendo isso com mamãe e então tomei um passo à frente tomada de coragem de mudar a nossa história.
– Estou aqui, pai. – Respondi saindo dos braços do meu primo que estava fazendo papel de meu príncipe e ele me olhou. Tentou caminhar, mas percebeu que minha mãe ainda segurava seu braço, então empurrou-a com força para o chão novamente. Voltou seus olhos para mim e então sorriu.
– É seu aniversário hoje minha filha! Tenho um presente para você. – Ele disse e então fez uma mesura rindo e quase caindo e continuando: – Mas antes vamos dançar. Sua mãe ama que eu dance para ela. Vamos, minha filha. Me acompanhe. – E ele gargalhou enquanto tocava suas mãos malditas na minha e tentava me acompanhar numa valsa. Mais tropeçava do que qualquer coisa e eu voltei meu olhar para minha mãe que se levantava, humilhada, sentindo as lágrimas se apossando do canto dos meus olhos.
– Papai, porque você faz isso com a mãe? Isso é errado. – Comecei tentando ser corajosa, mas minhas pernas tremiam mais do que vara verde. Meu pai me olhou, completamente raivoso e então parou a dança como se eu tivesse o xingado.
– Está defendendo a puta da sua mãe? – Ele perguntou e eu arregalei os olhos sem saber porque ele a xingava tanto. O que ela o tinha feito? Porém, meu pai não deixou que minha linha de pensamento continuasse. Ele começou a rir e então deu um soco no meu rosto. Cai no chão, sem conseguir enxergar nada direito. Quando percebi, meu pai avançava de novo sobre mim e continuava: – Você é uma puta como a sua mãe. Vadia. Uma puta. – E quando os convidados o tiraram de cima de mim e o jogaram para fora de casa, já não havia muito o que fazer. A minha festa tinha sido arruinada por poucas palavras e pela marca que eu tinha ganhado na face e a gente já não tinha nem mais fala depois da cena. Eu corri, com lágrimas nos olhos, para dentro de casa, e mamãe conversou com vovó e vovô e titia e decidiu que ia se mudar provisoriamente. Depois arrumaríamos outro lugar para ficar.
Então decidiu que a gente não mais ficaria perto do monstro do meu pai e, mesmo o amando profundamente, mesmo sofrendo com a mudança repentina, mamãe arrumou as nossas coisas e decidiu que partiríamos. Por que ela amava mais a nós duas do que a papai.”
Nesse momento, as lágrimas já estavam assolando o meu rosto e me dando um ar frágil. Seth me olhava com piedade e raiva, um misto que se mal controlado poderia levá-lo a procura do meu pai e a atitudes terríveis. Decidi continuar:
– Nunca mais vimos papai. Não sabemos o que houve com ele. Não deixei minha mãe ir atrás para saber, nem vovó, pois sabia que minha mãe seria capaz de voltar para ele. Com o tempo, ela esqueceu. Ainda mais depois dos problemas que minha irmã vem passando. Mas, eu prometi a mim mesma depois desse dia que não me tornaria alguém como meu pai. E me sinto culpada todas as vezes que caio na ideia de alguém e acabo bebendo. Por que tenho medo de ser incapaz, como meu pai. – Seth arregalou os olhos.
– Não diga isso, Ag. Você nunca será como ele. Se serve de consolo, você bêbada é mais gentil do que agora. – Brincou Seth tentando fazer o clima levantar o astral um pouco mais, mas só me fez sorrir entre lágrimas.
– E também prometi a mim mesma que sendo meu destino ficar sozinha, também o acatarei de bom grado. Por que não quero me iludir como mamãe. Não quero um homem que depois faça com ela, com o coração dela, o que poderá fazer com o meu. Entende? – Eu sei que parecia muito confusa falando, mas Seth pareceu compreender o que eu dizia, já que assentiu. – E essas são algumas das lembranças mais sórdidas e terríveis que tenho e que decidi compartilhar com você. Esse é o meu maldito passado. – Seth negou.
– Maldito não é o seu passado, é o seu pai, Ag. – E dito isso Seth apertou gentilmente as minhas mãos na tentativa de me reconfortar. Claro, só fez mais lágrimas saírem inutilmente enquanto eu tentava limpá-las.
– E o problema de destino sozinha é fácil de se resolver. É só casar com um de nós. – Ele piscou e eu o olhei tomada de medo porque, por um segundo, fiquei a pensar se não tinha sido chamada em casamento. Mas óbvio, eu tinha uma imaginação muito fértil. – Nós, muçulmanos, não bebemos por conta dos problemas, como você mesmo disse, que o álcool pode trazer para a pessoa. Maomé já nos dizia isso e deixava bem claro e, assim, decidimos não seguir. Somos bem enfáticos em cumprir o que está escrito. – Concordei meneando a cabeça e tentando um sorriso, o que deve ter parecido uma careta.
– Sua vez. – Disse apontando para o jogo e percebi que a gente já estava empatado nesse há muito tempo. Seth pareceu perceber isso, já que gargalhou dando de ombros.
– Quer tocar? – Diz um Seth, de repente, me fazendo ficar ainda mais confusa.
– O que? – Pergunto, abismada.
– A cicatriz. – Ele começa a ficar vermelho, o que é lindo de se ver. A sua timidez quanto a essas coisas. – Ela tem um alto relevo interessante. – Ele continua parecendo nervoso e eu, dessa vez, dou de ombros.
– Pode ser. – Digo e Seth concorda e volta a abrir os botões.
Percebo, então, que estou com a visão do corpo escultural de Seth novamente. Me pergunto quando ele tem tempo para malhar aquilo tudo, se eu nunca o vejo malhar. Engulo em seco. Pare de pensar asneiras, Agnes!
Seth pega gentilmente a minha mão e de uma maneira desengonçada toca os meus dedos sobre a cicatriz. Engulo em seco ao lembrar da história há pouco contada por Seth e em como, de fato, a cicatriz ainda tem um certo relevo. Meus dedos formigam agora que não sei qual o momento certo para tirar minha mão de Seth, já que ele não toca mais nela e então puxo com jeito me afastando com certa rapidez.
Seth volta a me olhar. Seus olhos estão tão cravados em mim que não consigo deixar de pensar se há algo de errado comigo, ou se estou nua. Volto a me olhar com cuidado, tentando compreender qual o problema comigo e Seth então, para a minha surpresa diz:
– Eu não quero me casar com Nadirah. – Ele diz abotoando a blusa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Sheikh e Eu(Completo)
Não tem final. Não percam seu tempo. É muita enrolação pra nada...
adorei a historia......