Perdição de Vizinho romance Capítulo 21

Suba a bordo

Vamos devagar e rápido

Luz e escuridão

Me segure forte e calmamente

Pillowtalk ‐ Zayn

(...)

Ella

Meus amigos não acreditaram, quando eu lhes contei ter aceitado o convite do Justin. Oliver pirou e Alexia ficou alguns minutos dançando e fazendo aquele movimento de trepação, com os braços na frente do corpo e seguindo com o quadril para a frente e para trás. Barbara, por sua vez, parecia uma menina sonhadora, deitada em minha cama, com uma das mãos no rosto, parecendo deslumbrada, feito a Alice no país das maravilhas.

Como eu estava bastante nervosa, eles me ajudaram a organizar meus pertences para levar. Justin fez questão de enfatizar que eu levasse biquíni, afirmando haver uma piscina e também um lago próximo a chácara. Essa seria uma experiência bem diferente para mim, porque faz tempo que o único amigo homem que tenho, é o Oliver. Ele sendo gay, torna a situação bem fácil para mim. 

A verdade é que estou assustada, num dia Justin e eu nos conhecemos, ele cozinhou para mim e jantamos juntos, depois passamos a trocar farpas, um joguinho meio sem noção, mas que tornou tudo bem excitante, devo admitir. Dias depois, lá estávamos nós dois, transando loucamente em minha cama. Quando se trata dele, não sei o que pensar, tudo parece complicado e certo ao mesmo tempo. E é exatamente isso o que me assusta. Quando estamos perto, perco o controle sobre mim mesma e minhas vontades. Ou melhor, sobre o que eu acho que quero. Parecem sair faíscas de nós dois.

(...)

Levantei cedo e fui logo me arrumar, conhecendo-me bem como conheço, se eu enrolasse demais na cama, não sairia dela hoje e combinamos de sair cedo, para evitar pegar trânsito. Devido ao clima ter esquentado um pouco, optei por um short jeans que vai até um pouco acima das coxas, um cinto largo marrom e uma blusa esverdeada, de manga. Calço um par de tênis brancos e após estar pronta, coloco um óculos escuro. 

Enquanto dou uma última olhada no espelho, a imagem daquele dia me vem a mente… Aquele cretino dizendo que iria me deixar por estar apaixonado por outra, aquelas palavras saídas de sua boca me quebraram, me dilaceraram. Eu o odeio com todas as minhas forças! 

Balanço a cabeça para os lados, dispersando desses pensamentos e com o maxilar trincado, ergo a cabeça para proferir o meu mantra.

— Você é linda, maravilhosa, poderosa, perfeita e nada nesse mundo pode te abalar. — sorrio para a imagem refletida no espelho, sem mostrar os dentes. Me apossando do poder que essas simples palavras tem sobre mim.

Como se soubesse que ficaria sozinho, o Tom enrosca entre minhas pernas, miando de um jeito manhoso. 

— Oi, meu anjinho — me agacho para acariciá-lo — Prometo não demorar, tá bom? — dou um beijinho em sua cabecinha e ele ronrona.

Não gosto de ficar longe dele ou deixá-lo sozinho por muito tempo, mas combinei com meus amigos para virem alimentá-lo e deixei uma cópia da minha chave com eles.

Ouço o som de notificação do meu celular, seguido pelo barulho ensurdecedor de buzina do lado de fora. Me aproximo da janela e ponho a cabeça para fora, vendo aquele cafajeste sorrindo e olhando na direção da minha janela, encostado no carro e me encarando, como se estivesse disposto a subir aqui e me carregar para irmos logo.

Reviro os olhos, sentindo-me incomodada em como me sinto por gestos simples dele, como um sorriso. 

Pego minha mala de rodinhas e uma bolsa menor, de ombro, me apressando em sair logo, antes que o cidadão que me aguarda lá embaixo, acorde todo o prédio e seja linchado.

(...)

— Puta merda! É só um final de semana, Ella. — ele comenta rindo, assim que me vê indo em sua direção. Dou de ombros.

— Uma mulher prevenida vale por duas, nunca ouviu isso? 

— Depois eu que sou uma figura. — ainda rindo, ele vai até o bagageiro e põe minha mala.

Contorna o carro, entrando no lado do motorista, enquanto eu já estou fechando o cinto de segurança envolta do meu corpo.

— A propósito, está linda. — me elogia, com as mãos apoiadas no volante, após colocar a chave na ignição.

— Obrigada. — respondo, ruborizada e sentindo um frio na barriga.

— Pronta? 

— Você avisou aos seus pais sobre mim, Justin? E se eles não gostarem de mim? — lhe pergunto, com a mão esquerda em seu braço, tomada por um sentimento de nervosismo repentino.

— Ei! Me escuta — ele segura meu rosto entre as mãos, me fazendo encará-lo — Eles irão amar você, eu garanto. Você é uma mulher magnífica e tenho certeza que meus pais verão isso, assim que baterem os olhos em você. — acaricia minha bochecha com o dedo polegar, me transmitindo conforto.

Sinto meu coração acelerar com seu toque, a vontade súbita de ser envolvida em seus braços, de ser protegida por ele, é inexplicável.

Pigarreio, nos despertando da bolha que se tornou esse momento. Então, Justin retorna a posição anterior e dá partida no carro. 

No caminho, conversamos amenidades, ele me conta sobre a relação que tem com o irmão e como estava sentindo falta da sobrinha — algo que jamais passou pela minha mente que Justin teria. Estou começando a perceber no que estou prestes a embarcar.

Mais ou menos uma hora depois, chegamos em frente a um portão de madeira. Ele desce do carro para abri-lo, depois retorna, entrando novamente e seguindo em frente a uma velocidade reduzida.

Fico boquiaberta com a beleza do lugar. É tudo tão verde, bonito e bem organizado, que meu queixo cai. Aparentemente não é tão grande, mas também não é pequeno. Perfeito demais.

— Chegamos. — Justin me traz de volta a realidade, me fazendo olhá-lo.

— Uau! É lindo. — ele não diz nada, apenas sorri e pisca para mim.

Saímos do carro e ele vai até o porta-malas pegar nossas coisas. Em seguida, andamos na direção da entrada da casa, passando pela piscina.

— Titio! — uma menina linda, com a pele mais clara que a do Justin, cabelos quase loiros e olhos castanhos, aparentando ter no máximo sete anos, sai da casa correndo e com os braços abertos.

— Oi, meu amor! Quanta saudade o tio estava de você. — ele se abaixa, ficando na altura dela e a abraça, calorosamente.

Essa cena me desmonta inteira.

— Pensei que não me amasse mais. O papai disse que o senhor estava muito ocupado e por isso não conseguia ir me ver. — ela gesticula, me fazendo derreter em como pode ser tão fofa.

— Isso mesmo! O papai está certo. Jamais volte a repetir isso, tá bom? Você é a vida do titio. — ele volta a abraçá-la, como se segurasse seu mundo ali.

Ao se afastarem, Justin levanta e ela me olha envergonhada, mas ao mesmo tempo, curiosa.

— Lily, quero que conheça a Ella… — ele é interrompido pela menina sapeca.

— Você é namorada do titio? 

— Não, princesa. Eu e o titio somos amigos. 

— Aaaah! Entendi — ela abre bem a boca, parecendo compreender, porém, ao mesmo tempo, frustrada — Mas eu posso te chamar de titia, assim mesmo? — um sorriso se forma em meus lábios pela maneira inocente como ela pede.

— É claro, princesa.

— Eba! — ela abre os braços, pedindo colo. Me inclino e a carrego — Você é linda, titia. — me olha admirada.

— Não mais que você. — passo o dedo em seu narizinho minúsculo.

— Titio, você precisa de uma namorada assim, hein. — seu comentário me faz soltar uma gargalhada e deixa o Justin sem graça.

— Vamos entrar, sapeca. — ele faz menção para entrarmos e ela praticamente pula dos meus braços, correndo para dentro.

— Ela é uma espoleta. — comento com ele.

— Você ainda não viu nada…

Adentramos a casa — que é ainda mais linda por dentro — com um ar bem rústico e seguimos o delicioso cheiro de comida no ar. Chegamos na cozinha e vejo uma mulher de costas, preparando algo no fogão.

— Isso parece delicioso… Humm… — ele se aproxima dela e põe o dedo na panela, levando um tapa no braço.

— Nunca perde essa mania, né? Você sabe que isso faz azedar a comida, Justin. — o repreende.

Ele não dá importância ao que ela diz, a pega no colo, girando-a no ar.

— Saudade de você, véia. — isso me faz rir.

— Me solta, menino — ela bate nele, tentando se soltar. Ele a enche de beijos no rosto, fazendo-a se derreter — Véia é a mãe do seu pai. — tento conter uma risada, mas falho miseravelmente.

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