Perdição de Vizinho romance Capítulo 24

Resumo de Capítulo 23: Perdição de Vizinho

Resumo de Capítulo 23 – Uma virada em Perdição de Vizinho de Alê Santos

Capítulo 23 mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Perdição de Vizinho, escrito por Alê Santos. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.

Se eu lhe dissesse que isso dói

Se eu avisasse a você que o fogo vai queimar

Você entraria?

Você me deixaria fazer isso primeiro?

Faço tudo isso em nome do amor

Você me deixaria guiá-lo mesmo quando você é cego?

In The Name Of Love ‐ Bebe Rexha

(...)

Justin

Movo os olhos, incomodado com a claridade do sol que invade o quarto, através da janela. Aperto-os e finalmente consigo abri-los. A primeira coisa que enxergo em minha frente, ou melhor, ao meu lado, são os cabelos dela. Ela permanece na mesma posição em que nos deitamos ontem, parece não ter movido um músculo sequer, estando envolvida em meus braços. Pelo contrário, noto uma de suas mãos segurando meu braço, como se assim eu não pudesse escapar.

Sorrio com a cena, lembrando de tudo o que aconteceu ontem a noite. Lembro das nossas palavras ditas à beira da piscina, todas as lágrimas derramadas. Penso o quanto essa mulher merece ser amada e cuidada depois que aquele babaca a machucou. Enquanto eu a admiro, tendo recordações da noite passada, Ella se mexe um pouco, resmunga alguma coisa e vira de frente para mim, ainda de olhos fechados.

Admiro ainda mais seu rosto, tão sereno enquanto dorme. Acaricio sua pele de forma leve, evitando assim, acordá-la. Ella é uma mulher extremamente forte por ter suportado tudo o que suportou. Me fez voltar a perceber que todo mundo tem problemas, cicatrizes… A diferença está em como reagimos a eles, em como lidamos com eles.

Pela primeira vez, em tempos, paro para pensar que o Nando tinha razão esse tempo todo. É óbvio que eu já sabia disso, só não queria aceitar, verdade seja dita.

Deixo-a dormindo e saio da cama lentamente. Antes de sair do quarto, lhe dou uma última olhada e noto que estou sorrindo feito um idiota. Sigo para o meu quarto, escovo os dentes e tomo banho e após me secar, visto somente uma sunga e um short tactel. 

Me direciono à cozinha para preparar o café da manhã. Porém, me deparo com minha mãe, sentada à mesa e segurando uma xícara, bebendo tranquilamente seja lá o que for.

— Bom dia, mãe. — dou um beijo em sua bochecha e vou até a garrafa térmica, me servir.

— Bom dia, filho — ela me encara com um sorriso arteiro — Como foi sua noite? 

Reviro os olhos.

— Desembucha, mãe. Sei que a senhora tá doida pra falar.

— Senta aqui do meu lado, vem. — ela dá dois tapinhas no assento da cadeira ao seu lado.

Segurando a xícara com café, faço o que me pediu.

Ela me olha com ternura, sorri e acaricia meu rosto, exatamente como fazia quando eu era criança e ia correndo até ela, chorando por ter me machucado. Então, após cuidar do meu ferimento, dava um beijo em minha bochecha e acariciava meu rosto. Também foi assim quando a Maria Julia faleceu, ela tentou se aproximar, mas eu não permiti. Para dizer a verdade, não permiti que ninguém se aproximasse ou tentasse me acalentar. Eu queria sentir aquela dor, porque daquela forma, sentia a mulher da minha vida perto de mim.

— Ela é maravilhosa. 

— Eu sei. 

— Está com medo? — olha no fundo dos meus olhos, provavelmente tentando ver algum resquício de sentimento.

— Sim, muito. Quer dizer… Nem eu mesmo sei o que estou sentindo. Não posso negar para a senhora que tem algo dentro do meu peito — com a mão fechada, dou um soco de leve em meu peito — Que faz com que cada vez que eu a vejo, meu coração acelera. Não posso negar para mim, que dirá para você, que me conhece como ninguém. — solto uma lufada de ar.

— O medo é algo bom, meu filho.

— Como bom, mãe? Não entendo… — suspiro frustrado e miro qualquer coisa menos ela.

— Olha pra mim — põe a mão em meu queixo, me fazendo encará-la — O medo nos impede de fazer besteira. No seu caso, o medo está te impedindo de entrar de cabeça em uma relação que pode vir a te machucar no futuro — abro a boca para falar, porém, ela me impede — Mas o medo também pode ser ruim, se ele nos impedir de seguir em frente após uma queda, se fizermos dele uma bengala como auxílio para andar. 

Comprimo os lábios, ouvindo cada uma de suas palavras.

— Todo mundo precisa de alguém, Justin. Algumas pessoas insistem em dizer que não, mas acredite em mim, é apenas teimosia, porque, na maioria das vezes, encontramos pessoas opostas a nós, que nos tiram do eixo, que nos fazem querer mudar, ser melhor e isso assusta. É por isso que você está tão assustado, amedrontado… Porque acostumou a viver do seu jeito, assim não tinha que pensar no passado, nem revivê-lo. 

Engulo em seco, sentindo um nó se formar em minha garganta.

— Maria Julia era um ser humano incrível, você não poderia ter escolhido alguém melhor. Mesmo com aquele jeito tímido, era a nora perfeita, eu a amava — os olhos dela brilham, sinto os meus lacrimejarem — Assim como não foi fácil para você, também não foi para mim. Ver a felicidade do meu filho e tudo o que ele sonhou para si indo por água abaixo, doeu, Justin. Doeu muito. Mas agora, agora é um novo tempo, uma nova realidade e você precisa encarar os fatos. Você está apaixonado.

Esbugalho os olhos, embasbacado por ouvir isso. Não pelas palavras em si, mas sim, por ela estar jogando uma provável realidade em minha cara. Uma verdade na qual eu não quero acreditar.

— Sim, filho. Você está apaixonado, eu sei, eu sinto. Não faço ideia pelo que aquela mulher passou, porém, sei que ela passou por algo tão doloroso quanto você. E como eu disse a ela, vocês precisam um do outro para se reconstruir, se refazer. A questão, é que isso já está acontecendo, só os dois ainda não perceberam. 

— Falou com ela? — franzo o cenho.

— Sim, não foi nada demais. O foco não é esse, não tente mudar o assunto para não ter de encarar os fatos. Você nunca foi assim, não passe a ser agora.

Não consigo dizer absolutamente nada, porque algo me diz que ela tem razão. Mas eu não posso estar apaixonado. Tudo bem que Ella é uma mulher incrível, tudo bem que Ella é linda. Tudo bem que, assim como eu, Ella tem seus traumas, seus fantasmas do passado. Tudo bem que Ella me faz sorrir genuinamente. Mas não, eu não posso estar apaixonado. 

— Interrompo? — a voz mansa e meio sonolenta de Ella nos faz parar de falar rapidamente.

Olhamos na direção da entrada da cozinha, sem porta, e lá está ela, perfeita como sempre. Sem perceber, estou sorrindo e tenho certeza de que meus olhos estão brilhando. Ela também sorri para mim, meio tímida, mas o faz.

— De maneira alguma, querida. Estávamos apenas conversando, faz tempo que não dou uma bronca nesse homem. — mamãe a responde em tom de brincadeira.

Para que ela não perceba que estávamos falando sobre ela, ou melhor, sobre nós.

— Venha, sente-se conosco e aprecie um delicioso café da manhã feito pelo Justin. — ela a chama, gesticulando com a mão e eu franzo o cenho com o que acabou de dizer.

— Mas foi a senhora quem fez o café… — comento, confuso.

— Sim, querido. O café. O resto é com você, pague pelos seus pecados colocando esse tanquinho lindo no fogão. — ela toca em meu abdômen e Ella ri, vindo até a mesa.

— Agora eu sei de onde veio esse jeito do Justin… 

— Foi do pai, pode apostar. — mamãe dá uma risada contida e balança a cabeça afirmativamente.

Ella, obviamente, não discorda, mesmo tendo vontade. Apenas levanta as mãos em sinal de rendição, como quem diz: "se você tá falando, quem sou eu para discordar."

Coloco o avental e pisco para Ella — que está secando meu corpo. Ela sorri, balançando a cabeça para os lados.

Pego tudo o que vou precisar e começo a preparar o café da manhã, deixando alguns itens separados, pois, tenho planos para depois. Enquanto isso, minha mãe e Ella conversam como se as duas se conhecessem há anos e fossem grandes amigas. Vez ou outra, lá estava eu admirando as duas e a cena aquecia meu coração de tal forma que nem mesmo eu compreendia.

— Vamos? — aponto na direção do lago e, com um sorriso tímido, ela meneia a cabeça em concordância.

Saímos do carro e caminhamos até o píer. A imagem do lago é deslumbrante, magnífica. Estendo uma toalha de mesa no chão, abro a cesta, retirando as guloseimas que trouxe e sento, puxando-a para sentar perto de mim.

— Eu poderia imaginar muitas coisas, mas isso aqui, sequer passou pela minha mente — ela admira o lago, que mesmo parado, consegue emanar paz e tranquilidade — Quem é você e o que fez com o Justin?

Dou uma risada nasal.

— Ainda vai se surpreender muito comigo, eu garanto. — sorrio.

Como saímos de casa sem comer, estávamos salivando pelas delícias que eu trouxe, então não demoramos a comer. Vejo-a se lambuzando toda com a calda de chocolate do bolo de laranja e com o pensamento longe.

— Está preocupada? 

Ela pisca repetidamente, voltando à realidade.

— Não exatamente… Só estou com saudade do Tom, não costumo ficar longe dele ou passar noites fora. — responde olhando para mim.

— Tom? — franzo o cenho.

— Meu gato.

— Claro, eu deveria ter imaginado — rio nasalmente — Você parece ser muito apegada a ele.

Ela solta um suspiro e sorri sem mostrar os dentes.

— Não poderia ser diferente, por muito tempo fomos só nós dois. Assim que me mudei, após o meu divórcio, em uma noite eu tinha acabado de chegar em casa, quando desci do carro ouvi um miado, fiquei procurando de onde vinha o som e não via nada, só continuei ouvindo o miado. Comecei a chamá-lo, fazendo sons com a boca e ele saiu de trás de um raminho de flores… Parecia tão assustado, era a coisa mais fofa e linda desse mundo.

Os olhos dela brilham.

— Me abaixei para pegá-lo, inicialmente ele ficou com medo, mas o acariciei, então ele cedeu. Olhei ao meu redor, procurando por um dono, alguém que estivesse com ele, mas nada encontrei. Desse dia em diante, decidi que ele seria meu. Aliás, no instante em que olhei nos olhinhos dele, eu sabia, ele seria meu. — em nenhum momento o sorriso a abandonou, enquanto fala dele.

— Você é incrível… — ela sorri sem graça — Deixa eu limpar aqui… — passo a língua nos lábios, pois, ao invés de limpar sua boca lambuzada de chocolate, com os dedos, aproximo meu rosto do dela, lambendo devagar o canto de sua boca e chupando seu lábio inferior.

Ela fecha os olhos e estremece ao simples contato de nossos corpos. Divido meu olhar entre sua boca carnuda e seus olhos, sorrindo brevemente, quase sem mostrar os dentes. Roço meu nariz no dela e aspiro o cheiro da pele de sua bochecha, então tomo seus lábios ferozmente para mim. Inicialmente o beijo é lento, cheio de ternura, mas vai se transformando em algo mais forte e caloroso. Devagar e com a mão em sua nuca, deito seu corpo sobre a madeira do píer, sem afastar nossos lábios um segundo sequer. 

Ela envolve meu pescoço com seus braços, se entregando cada vez mais a mim, ao momento. Ela geme em meus lábios, fazendo meu pau pulsar e minha ereção crescer ainda mais. Deslizo minha mão direita pelo seu corpo até sua bunda, apertando-a, ouço-a gemer.

Suspiro e respiro fundo, nos afastando, porque se eu não parar, sei exatamente onde isso vai acabar e não estamos em um lugar apropriado.

— Não vejo a hora de chegarmos em casa, assim poderei realizar todas as minhas fantasias com você… — sussurro em seu ouvido, raspando a barba em sua pele, vendo-a se arrepiar.

— São tantas assim? — morde o lábio inferior, com um sorriso arteiro.

— Você nem imagina, Ella… — mordisco seu lábio, lhe dando um selinho em seguida.

Nos controlamos muito para não ceder ao desejo e a luxúria, então levantamos, nos recompomos e curtimos mais um pouco a imagem perfeita a nossa frente, com Ella encostada em meu peito.

Jamais pensei que me sentiria tão bem e completo outra vez, mas é exatamente assim que estou começando a me sentir.

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